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G7 lança ação coordenada contra a crise
Reunidos nos EUA, ministros de países ricos acertam medidas para tentar estabilizar o sistema financeiro internacional
No caso dos EUA, ações do governo devem se concentrar na compra de participações diretas nos bancos, que tiveram forte recuo na Bolsa
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Os ministros das Finanças do
G7 (EUA, Japão, Alemanha,
Reino Unido, França, Canadá e
Itália) chegaram ontem a um
acordo sobre as medidas a serem adotadas conjuntamente
para tentar estabilizar o sistema financeiro internacional.
As duas principais ações são a
compra direta por governos de
participações em bancos privados e a compra de títulos deles
com dinheiro público.
"Cada país adotará as medidas como considerar mais adequado para as suas próprias circunstâncias. O mercado não
pode ser ingênuo e achar que a
aplicação será exatamente
igual para todos", afirmou o secretário do Tesouro dos EUA,
Henry Paulson, após a reunião.
"O principal foco é o aumento da liquidez e fortalecer as
instituições financeiras. As medidas serão adotadas imediatamente. Não estamos perdendo
tempo aqui", disse.
O comunicado do Tesouro
dos EUA com as medidas tem
apenas uma página. É mais
uma carta de intenções, sem
detalhes de como exatamente
as medidas serão implementadas. Nem de quanto cada país
utilizará para tentar salvar o
sistema de um colapso.
São os seguintes os pontos
acordados: 1) "Ação efetiva e
uso de todos os mecanismos
possíveis para auxiliar sistematicamente importantes instituições financeiras e evitar que
elas venham a falir";
2) "Descongelar o mercado
de crédito e fornecer liquidez
(dinheiro) aos bancos";
3) "Permitir que bancos e outras instituições obtenham capitais públicos e privados em
volume suficiente para restabelecer a confiança e para continuarem emprestando às famílias e às empresas";
4) "Reforçar os sistemas públicos de garantias de depósitos
bancários de cada país";
5) "Reativar os mercados secundários de empréstimos
imobiliários e de títulos. Para
isso, a avaliação acurada e
transparente do valor desses
ativos e um alto nível de contabilidade serão indispensáveis".
O comunicado destaca ainda
que todas as ações devem "proteger os contribuintes e evitar
que prejudiquem os países".
Para implementar alguns dos
pontos do plano anunciado, o
Reino Unido articula programa
de US$ 87 bilhões para nacionalizar parcialmente até oito
bancos. Os EUA também pretendem fazer o mesmo, usando
parte dos US$ 700 bilhões
aprovados pelo Congresso. O
Japão também quer mudar sua
legislação para permitir injeções diretas de dinheiro estatal
no sistema financeiro.
A adoção de medidas coordenadas é considerada a última
cartada para tentar acalmar os
mercados financeiros globais,
que ontem voltaram a ter um
dia dramático, com quedas na
faixa de dois dígitos, paralisação de pregões e brusco sobe-e-desce de índices.
No caso dos EUA, as ações do
Tesouro devem se concentrar
na compra de participações diretas nos bancos, cujos preços
das ações despencaram nas últimas semanas. A avaliação dos
EUA é que, comprando pedaços de bancos, o Tesouro protege mais o dinheiro do contribuinte -com possibilidade até
de alcançar ganhos na operação
se a instituição se recuperar.
Já a injeção de recursos via
compra de títulos dos bancos
trará grande risco aos governos, pois muitos papéis podem
terminar sem valor. A dificuldade é obter maiores garantias
dos bancos, o que dividiu algumas opiniões entre o G7.
Outra das medidas que causaram certa divisão foi a de aumento das garantias aos depósitos bancários e a limitação
dos salários dos executivos dos
bancos em que os governos adquirem participações. Essas
duas medidas já constam como
regra no plano de US$ 700 bilhões norte-americano, e cada
país deverá decidir agora como
agir e os limites de garantias.
"Não podemos imaginar uma
resposta que seja a mesma para
todos os países, pois o mesmo
método pode não se aplicar a
um mercado diferente", afirmou a ministra das Finanças da
França, Christine Lagarde, antes da reunião. Seu colega alemão, Peer Steinbrueck, foi na
mesma linha, afirmando que
"as soluções talvez sejam diferentes entre cada país".
Com o fim de semana pela
frente e um feriado nos EUA na
segunda, o mercado terá tempo
para digerir o resultado do encontro. Hoje os ministros do G7
encontram, na Casa Branca, o
presidente George W. Bush para discutir o mesmo assunto.
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