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CÂMBIO
Quem vai viajar deve pesquisar melhor preço antes de comprar a moeda
Dólar para o turista pode
ter variação de até 13%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Diferentemente do que muitos
imaginaram, a unificação do mercado de câmbio, decidida pelo
CMN (Conselho Monetário Nacional) há um ano, não deixou o
país com apenas uma cotação para o dólar.
Por isso, quem vai viajar ao exterior deve pesquisar muito para
encontrar a forma mais barata de
custear seus gastos. Na semana
passada, o mercado praticava taxas de câmbio que chegavam a ter
diferença de quase 13%.
A mais baixa taxa para o dólar
encontrada foi a de uma fatura de
cartão de crédito de um grande
banco privado: R$ 2,12. Na outra
ponta, havia casas de câmbio vendendo dólar em espécie, no centro de São Paulo, por até R$ 2,39.
Ao decidir financiar as compras
em dólar pelo cartão de crédito, o
consumidor deve estar atento para evitar surpresas com a variação
cambial no período. As administradoras costumam utilizar o
câmbio do dia do vencimento do
cartão (e não da emissão da fatura) para converter as despesas para real.
Além disso, é importante saber
detalhadamente as taxas e os impostos -como o IOF (Imposto
sobre Operações Financeiras)-
que serão cobrados nas operações
com cartão feitas no exterior.
Uma boa forma de não tomar
sustos é adquirir travelers cheques, pois o turista sabe a taxa que
está pagando na hora em que faz o
negócio. Pesquisar o valor do travel cheque em diferentes bancos
-que os negociam- também é
recomendado. Isso porque o
câmbio no Brasil é livre, e as instituições financeiras não têm a
obrigação de oferecer dólares ao
mesmo preço.
O travel cheque pode ser trocado por dinheiro em casas de câmbio no exterior ou mesmo utilizado para pagar despesas diretamente em lojas e restaurantes.
Quem vai viajar também deve
se lembrar de que a taxa de câmbio noticiada diariamente pela
grande imprensa é a que se refere
ao dólar comercial -segmento a
que apenas as empresas têm acesso, para realizar seus negócios de
exportação e importação.
Um exemplo: na quinta-feira, o
dólar comercial fechou vendido a
R$ 2,161. Nesse dia, era possível
comprar travel cheque por R$
2,18 e dólar em espécie (considerando a taxa do câmbio turismo
praticada no Banco do Brasil) por
R$ 2,245.
"Os mercados são diferentes.
Por isso, é normal que as taxas cobradas de uma grande exportadora e de uma pessoa que deseja viajar sejam diversas. Não dá para
comparar o custo de um banco na
hora de negociar US$ 1 milhão
com uma empresa e US$ 1.000
com um turista", afirma Emanuel
Pereira da Silva, sócio-diretor da
Gap Asset Management.
Gastos em alta
No ano passado, os gastos feitos
pelos brasileiros com cartão de
crédito no exterior cresceram
consideravelmente. Entre janeiro
e novembro de 2005, essas despesas somaram US$ 4,32 bilhões
-cifra 69% superior à registrada
em igual período de 2004.
Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, afirma
que as pessoas devem entender
que "nunca pagarão a mesma taxa que a praticada no câmbio comercial".
"Na hora de usar o cartão de
crédito internacional, as pessoas
devem se informar sobre a taxa
praticada, tendo em mente que os
bancos têm a Ptax [média do dólar medida pelo BC] e o câmbio
turismo como referência. Não
adianta ver que o dólar comercial
caiu para R$ 2,10 e calcular seus
gastos no exterior a partir daí",
completa Battistel.
Uma opção relativamente nova
para quem vai ao exterior é o chamado "travel money". Esse sistema consiste em um cartão magnético que o turista compra no
Brasil, nas principais operadoras
de cartões, e o carrega com a
quantidade referente a dólares
que desejar.
A vantagem principal do "travel
money" é a de a pessoa saber
quanto está pagando.
Fundo cambial
Para quem planeja viagens futuras, os fundos cambiais podem
ser uma opção. Oferecidos pelas
principais instituições financeiras, os fundos acompanham de
perto o sobe-e-desce do dólar.
Esse tipo de aplicação costuma
ser mais indicado em períodos de
riscos de apreciação do dólar.
Os fundos cambiais carregam
títulos públicos atrelados à oscilação da moeda estrangeira, além
de contratos futuros de dólar.
A rentabilidade desse fundos segue a oscilação da moeda, mas o
resultado não é exatamente o
mesmo. No ano passado, enquanto o dólar comercial registrou
desvalorização de 12,4% diante da
moeda brasileira, os fundos cambiais caíram, na média, 10,7%.
Os fundos cambiais já foram
mais populares, em períodos de
crise. Em meados de 2002, chegaram a ter patrimônio líquido de
quase R$ 9 bilhões. Hoje, o patrimônio chega a só R$ 2,8 bilhões.
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