São Paulo, domingo, 12 de março de 2006

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CÂMBIO

Quem vai viajar deve pesquisar melhor preço antes de comprar a moeda

Dólar para o turista pode ter variação de até 13%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Diferentemente do que muitos imaginaram, a unificação do mercado de câmbio, decidida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) há um ano, não deixou o país com apenas uma cotação para o dólar.
Por isso, quem vai viajar ao exterior deve pesquisar muito para encontrar a forma mais barata de custear seus gastos. Na semana passada, o mercado praticava taxas de câmbio que chegavam a ter diferença de quase 13%.
A mais baixa taxa para o dólar encontrada foi a de uma fatura de cartão de crédito de um grande banco privado: R$ 2,12. Na outra ponta, havia casas de câmbio vendendo dólar em espécie, no centro de São Paulo, por até R$ 2,39.
Ao decidir financiar as compras em dólar pelo cartão de crédito, o consumidor deve estar atento para evitar surpresas com a variação cambial no período. As administradoras costumam utilizar o câmbio do dia do vencimento do cartão (e não da emissão da fatura) para converter as despesas para real.
Além disso, é importante saber detalhadamente as taxas e os impostos -como o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)- que serão cobrados nas operações com cartão feitas no exterior.
Uma boa forma de não tomar sustos é adquirir travelers cheques, pois o turista sabe a taxa que está pagando na hora em que faz o negócio. Pesquisar o valor do travel cheque em diferentes bancos -que os negociam- também é recomendado. Isso porque o câmbio no Brasil é livre, e as instituições financeiras não têm a obrigação de oferecer dólares ao mesmo preço.
O travel cheque pode ser trocado por dinheiro em casas de câmbio no exterior ou mesmo utilizado para pagar despesas diretamente em lojas e restaurantes.
Quem vai viajar também deve se lembrar de que a taxa de câmbio noticiada diariamente pela grande imprensa é a que se refere ao dólar comercial -segmento a que apenas as empresas têm acesso, para realizar seus negócios de exportação e importação.
Um exemplo: na quinta-feira, o dólar comercial fechou vendido a R$ 2,161. Nesse dia, era possível comprar travel cheque por R$ 2,18 e dólar em espécie (considerando a taxa do câmbio turismo praticada no Banco do Brasil) por R$ 2,245.
"Os mercados são diferentes. Por isso, é normal que as taxas cobradas de uma grande exportadora e de uma pessoa que deseja viajar sejam diversas. Não dá para comparar o custo de um banco na hora de negociar US$ 1 milhão com uma empresa e US$ 1.000 com um turista", afirma Emanuel Pereira da Silva, sócio-diretor da Gap Asset Management.

Gastos em alta
No ano passado, os gastos feitos pelos brasileiros com cartão de crédito no exterior cresceram consideravelmente. Entre janeiro e novembro de 2005, essas despesas somaram US$ 4,32 bilhões -cifra 69% superior à registrada em igual período de 2004.
Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, afirma que as pessoas devem entender que "nunca pagarão a mesma taxa que a praticada no câmbio comercial".
"Na hora de usar o cartão de crédito internacional, as pessoas devem se informar sobre a taxa praticada, tendo em mente que os bancos têm a Ptax [média do dólar medida pelo BC] e o câmbio turismo como referência. Não adianta ver que o dólar comercial caiu para R$ 2,10 e calcular seus gastos no exterior a partir daí", completa Battistel.
Uma opção relativamente nova para quem vai ao exterior é o chamado "travel money". Esse sistema consiste em um cartão magnético que o turista compra no Brasil, nas principais operadoras de cartões, e o carrega com a quantidade referente a dólares que desejar.
A vantagem principal do "travel money" é a de a pessoa saber quanto está pagando.

Fundo cambial
Para quem planeja viagens futuras, os fundos cambiais podem ser uma opção. Oferecidos pelas principais instituições financeiras, os fundos acompanham de perto o sobe-e-desce do dólar.
Esse tipo de aplicação costuma ser mais indicado em períodos de riscos de apreciação do dólar.
Os fundos cambiais carregam títulos públicos atrelados à oscilação da moeda estrangeira, além de contratos futuros de dólar.
A rentabilidade desse fundos segue a oscilação da moeda, mas o resultado não é exatamente o mesmo. No ano passado, enquanto o dólar comercial registrou desvalorização de 12,4% diante da moeda brasileira, os fundos cambiais caíram, na média, 10,7%.
Os fundos cambiais já foram mais populares, em períodos de crise. Em meados de 2002, chegaram a ter patrimônio líquido de quase R$ 9 bilhões. Hoje, o patrimônio chega a só R$ 2,8 bilhões.


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