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Hotéis investem na categoria econômica
Entidade do setor prevê injeção de R$ 1,1 bi na construção de 99 empreendimentos no país nos próximos quatro anos
Com ocupação elevada
e custos operacionais menores, segmento
proporciona ao investidor
maior rentabilidade
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano de 2007 já disse a que
veio para a hotelaria nacional.
A regra é a expansão da categoria econômica, segundo as previsões do Fohb (Fórum dos
Operadores Hoteleiros do Brasil) e o planejamento das principais redes hoteleiras que têm
bandeiras econômicas.
O Fohb prevê, para os próximos quatro anos, 200 novos
empreendimentos no país.
Desses, 33 seriam de luxo, 68
hotéis "mid-scale" e 99 econômicos. Em números de apartamentos, essa quase centena significa 14 mil unidades. Em investimentos, R$ 1,1 bilhão.
Para André Pousada, diretor
do Fohb, a expansão da hotelaria pelo caminho econômico
não pode ser considerada um
"boom" ou apenas uma tendência porque não é um fenômeno
passageiro. "A hotelaria econômica vai ser a espinha dorsal do
mercado hoteleiro nos próximos anos", diz.
Pousada acredita que, enquanto houver crescimento
econômico, haverá espaço para
o crescimento e a implantação
de novos hotéis com esse perfil.
"O crescimento econômico palpável gera o aumento do turismo de negócios, o que, certamente, aumenta a demanda da
indústria hoteleira."
A rede Accor, uma das maiores e precursora no segmento,
que detém, entre outras, as
bandeiras Ibis e a supereconômica Formule 1, tem hoje 46
unidades com esse perfil. Até
2010, deverão ser 80 unidades.
Franquias
"Estamos conseguindo nos
expandir via franquias. Investidores de muitas cidades, pessoas que já trabalham com hotelaria e até pessoas de outras
áreas acreditam que hotel é um
bom investimento para a cidade e para os negócios deles", diz
Franck Pruvost, diretor de operações da Accor Hotels para
Ibis e Formule 1.
A Atlantica Hotels, uma das
maiores administradoras multimarcas da América do Sul,
contribui com as previsões do
Fohb e inaugura, neste ano, seu
primeiro hotel supereconômico. Batizado com a marca Go
Inn, o empreendimento recebeu investimentos de R$ 12 milhões e será em São Paulo, próximo à USP (Universidade de
São Paulo), no Jaguaré.
"Escolhemos a região porque
há enorme demanda e poucos
hotéis. O lugar fica próximo a
vias como a Bandeirantes e a
Anhangüera, perto dos trens
urbanos e do lado da universidade", diz Rafael Guaspari, executivo da Atlantica.
A Bourbon é outra rede que
alimenta as previsões. Neste
ano, está "profissionalizando"
sua bandeira econômica, a
Bourbon Express. "Nosso projeto é fechado, com custo baixo
e rentabilidade de 40% para o
investidor", diz Sergio Rodolfo
de Assis, diretor de novos negócios. Segundo ele, a idéia é
construir 30 hotéis do modelo,
nos próximos cinco anos, em
várias cidades com mais de 500
mil habitantes.
Há cerca de sete anos, o grupo IHG (Intercontinental Hotels Group) inaugurou seu primeiro Holiday Inn Express no
Brasil. Hoje, são cinco -três
em Curitiba, um em Maceió e
outro em São Paulo. Em construção, há outros quatro. Em
negociação, outros dez.
"Se construído no local certo,
é um investimento com retorno garantido", diz Salo Smaletz,
diretor de desenvolvimento da
rede para a América Latina.
Investidores
Se o hotel é econômico para o
turista, para o investidor é muito lucrativo. O empresário Antonio Setin, presidente da Setin
Empreendimentos, que trouxe,
em parceria com a Accor, o primeiro Formule 1 ao Brasil
-que fica no Paraíso, em São
Paulo-, tem planos de abrir
novos hotéis da categoria.
"Tenho uma simpatia muito
grande por esse tipo de hotel e
acho que é um negócio com um
retorno que vale muito a pena",
afirma o empresário. "É muito
mais rentável que um hotel de
categoria elevada."
Ele estima que os lucros girem em torno de 40% ou 50%
sobre a operação bruta, contra
20% ou 30% de um hotel de luxo. "A ocupação é mais alta, os
custos operacionais, mais baixos, o que resulta em um valor
final positivo da operação."
Mas, segundo ele, é um investimento de longo prazo. "E tem
ainda a parte física do hotel,
que é preciso ser mantida."
Nesse aspecto, a vantagem,
segundo ele, é que, com mais
tempo de operação, se a manutenção é impecável, o hotel ganha notoriedade e mais assiduidade. "O cliente e o mercado
se acostumam, e a operação vai
consolidando a demanda."
Sinal de alerta
Apesar da notável e real expansão do segmento econômico, André Pousada, do Fohb,
alerta para a possibilidade de
saturação desse tipo de negócio. "Temos que entender que
já existe uma oferta grande e
que há um certo limite."
Pousada cita a cidade de São
Paulo. "A ocupação anual fica
entre 50% e 60%. Isso significa
que já há uma oferta maior que
a demanda. E vai chegar uma
hora em que a taxa média pode
cair ainda mais", afirma.
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