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LUÍS NASSIF
A montadora brasileira É curiosa a maneira como
a indústria automobilística
está se reestruturando no mundo. No período inicial, houve a
proliferação de fábricas. Depois,
um processo de concentração
que resultou em gigantes, como
a General Motors, e em inúmeros pioneiros mortos pelo caminho. Agora, em nível mundial,
as independentes começam a
conquistar espaço trabalhando
em cima de segmentos específicos.
No Brasil, é exemplar e recente
o caso Troller. A empresa, de
Fortaleza, começou com montagem artesanal de dois ou três
veículos por mês. Foi criada em
1996 pelo engenheiro cearense
Rogério Farias. No meio do caminho, houve injeção de capital,
concluída em 1999 pelo engenheiro do ITA Mário Araripe. E
muito investimento em ralis, vitrine para as vendas e laboratório para os testes. Hoje é o único
veículo off-road nacional.
Sua produção ainda é pequena. Em 2002, vendeu 1.031 Troller T4, contra 750 unidades em
2001, 500 em 2000, 250 em 1999 e
apenas 42 unidades entre 1994 e
1996. No ano passado, o faturamento da empresa no ano passado foi de R$ 60 milhões. Para
2003, a projeção é a de faturamento na casa dos R$ 100 milhões, em razão de dois lançamentos.
Um dos nichos ocupados foi o
de utilitários de luxo, com o Troller T4, concorrendo diretamente com o Land Rover, jipe inglês
que chega ao Brasil cerca de 30%
mais caro por conta do câmbio.
Como não tem escala, a Troller
passou a trabalhar a faixa dos
veículos sob encomenda, para
grandes empresas ou prestadoras de serviços públicos. E aí encontrou seu rumo. No ano passado, a Vale do Rio Doce encomendou a fabricação de dois veículos
que pudessem transitar em minas a 400 metros de profundidade. Os carros foram entregues e
já tem encomenda de mais dez.
Outra característica bastante
interessante dos veículos é o elevado nível de nacionalização
das peças, que chega a 96%. Apenas a caixa de transferência do
4x4 é importada. Até mesmo o
motor é nacional, fabricado pela
MWM. Eixo, suspensão, chassi,
painel, carroceria, pára-choques
e acabamentos internos, correspondendo a 38% do veículo, são
fabricados dentro da Troller.
O terceiro salto da companhia
se dará neste ano, com o lançamento de seu primeiro modelo
militar, um jipe de transporte
não-especializado, para transporte de tropas, deslocamento
em terrenos difíceis e transporte
de armas de pequeno porte. A
expectativa é que sejam vendidas entre 500 e 1.000 unidades
nos primeiros 12 meses.
O novo jipe militar visa atender uma demanda estratégica
das Forças Armadas brasileiras.
Como grande parte dos veículos
militares usados no Brasil é importada do Reino Unido (Land
Rover) ou dos Estados Unidos
(Hummer), há riscos de desabastecimento em caso de guerra.
Outra novidade para este ano
será uma picape rústica, que deverá ser lançada em outubro. Na
mesma linha do Troller T4, o objetivo dos executivos da fabricante é ocupar um nicho de mercado específico: picapes de trabalho. A Toyota tinha um modelo e
interrompeu a produção porque
as vendas para o mercado interno não chegavam a 200 unidades por mês, um volume que, para a Troller, está de bom tamanho.
Criatividade e pé no chão ainda são bom negócio.
E-mail - LNassif@uol.com.br
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