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São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

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Pastore defende juros altos contra inflação

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Manter os juros básicos em níveis elevados ainda por algum tempo é a receita defendida pelo ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore no combate à persistente escalada dos índices de inflação.
"A inflação tem sido cuidada, mas é preciso insistir no processo de contê-la. A política monetária deve seguir ainda apertada por meses, até que a inflação se dissipe", afirma Pastore.
Pastore diz que o BC foi tímido no ano passado, demorando demais para começar a aumentar a taxa básica de juros, atualmente em 26,5% ao ano. "Isso ajudou a puxar a inflação nos últimos meses do ano passado."
Para ele, um dos maiores problemas econômicos do Brasil hoje é a elevada proporção da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). "Os altos superávits primários são necessários para que se possa diminuir essa relação entre a dívida pública líquida e o PIB. Me anima ver como o atual governo vem tratando o tema, mas não pode parar no meio do caminho."
Em dezembro do ano passado o endividamento público representava 56,5% do PIB. Para Pastore, um percentual bom seria em torno de 40%, o que poderia ser alcançado em cerca de dez anos.
O governo teme que os preços administrados (como energia elétrica e telefone) mais uma vez impeçam o cumprimento da meta de inflação, que está em 8,5%. Esses preços são corrigidos por contrato, portanto não sofrem impacto da política monetária.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirmou ontem que a meta de inflação no ano ainda é a mesma. Disse, no entanto, que "uma dúvida que foi levantada corretamente no debate econômico é se os preços administrados não iriam superar a previsão, e aí a política monetária tem pouca, nenhuma eficiência em relação a preços administrados."


Colaborou Lenardo Souza, enviado especial a Washington


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