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Pastore defende juros altos contra inflação
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Manter os juros básicos em níveis elevados ainda por algum
tempo é a receita defendida pelo
ex-presidente do Banco Central
Affonso Celso Pastore no combate à persistente escalada dos índices de inflação.
"A inflação tem sido cuidada,
mas é preciso insistir no processo
de contê-la. A política monetária
deve seguir ainda apertada por
meses, até que a inflação se dissipe", afirma Pastore.
Pastore diz que o BC foi tímido
no ano passado, demorando demais para começar a aumentar a
taxa básica de juros, atualmente
em 26,5% ao ano. "Isso ajudou a
puxar a inflação nos últimos meses do ano passado."
Para ele, um dos maiores problemas econômicos do Brasil hoje
é a elevada proporção da dívida
pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto). "Os altos superávits primários são necessários para que se possa diminuir
essa relação entre a dívida pública
líquida e o PIB. Me anima ver como o atual governo vem tratando
o tema, mas não pode parar no
meio do caminho."
Em dezembro do ano passado o
endividamento público representava 56,5% do PIB. Para Pastore,
um percentual bom seria em torno de 40%, o que poderia ser alcançado em cerca de dez anos.
O governo teme que os preços
administrados (como energia elétrica e telefone) mais uma vez impeçam o cumprimento da meta
de inflação, que está em 8,5%. Esses preços são corrigidos por contrato, portanto não sofrem impacto da política monetária.
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirmou ontem que
a meta de inflação no ano ainda é
a mesma. Disse, no entanto, que
"uma dúvida que foi levantada
corretamente no debate econômico é se os preços administrados
não iriam superar a previsão, e aí
a política monetária tem pouca,
nenhuma eficiência em relação a
preços administrados."
Colaborou Lenardo Souza,
enviado especial a Washington
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