UOL


São Paulo, sábado, 12 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELES

Após mais de um ano de negociações, bancos perdoam US$ 1,5 bi que teriam a receber e ficam com operadora da banda B

Credores assumem BCP em troca de dívida

LÁSZLÓ VARGA
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS (RJ)

A operadora de telefonia celular BCP, que atua na banda B da Grande São Paulo, foi vendida para bancos credores, após negociações que duraram mais de um ano. O diretor de relações com o mercado da empresa, Luís Schiriat, informou ontem o final dos entendimentos com instituições financeiras para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Os 34 bancos credores devem passar a ter cerca de 35% da operadora, em troca da dívida de US$ 1,5 bilhão que tinham a receber da BCP. Segundo Schiriat informou no fato relevante da CVM, parte dos bancos com débitos a receber da BCP precisa ainda assinar o acordo (contrato de compra da operadora).
Com o entendimento, o grupo americano BellSouth, que detinha 45,4% do capital da BCP, deixa de ser acionista. Não terá mais negócios no Brasil. A Verbier (empresa dos irmãos Moise e Joseph Safra) reduz sua participação de também 45,4% para um percentual inferior. Os bancos passarão a ser controladores da BCP.
Outros sócios da operadora são o grupo Oesp (que edita o jornal "O Estado de S.Paulo"), Splice e BSB, com 5,2%, 2,2% e 1,8% do capital, respectivamente. Eles devem permanecer na BCP no início da nova fase.
A meta dos bancos credores, se a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) aprovar o acordo com os acionistas da operadora, é depois vender a empresa.
O grupo Telecom Americas (do conglomerado América Móvil) e a Oi (da empresa brasileira Telemar) estão interessados no negócio. A Telecom Americas (que já possui operadoras como a Tess, do interior de São Paulo) e a Oi (que atua em regiões como Sudeste e Nordeste) querem se firmar na Grande São Paulo e competir com a nova operadora Vivo.
A BCP tem 1,7 milhão de usuários. A empresa mergulhou em uma crise financeira em março de 2002, quando deixou de pagar débitos de US$ 375 milhões. A BellSouth se recusou a injetar mais dinheiro em uma empresa que dava prejuízo. Em 2001, a BCP perdeu R$ 1,05 bilhão.
A Verbier estava disposta a pagar cerca da metade dos US$ 375 milhões, desde que a BellSouth fizesse o mesmo. Não houve acordo. Com o acordo firmado agora, a BellSouth deixa de ser acionista da BCP. A BellSouth e a Verbier venderam em março passado sua outra operadora no Brasil, a BSE, que atua no Nordeste, por US$ 170 milhões.


Texto Anterior: Riqueza americana: Confiança do consumidor e venda do varejo se recuperam nos EUA
Próximo Texto: Embratel terá ligação local em residências
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.