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MINERAÇÃO
Seis meses após proibição, garimpeiros mantêm lavra e exportação de pedra sem certificado de origem do DNPM
Lei não evita o contrabando de diamantes
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Seis meses depois de aprovada a
lei nš 10.743, de 9 de outubro de
2003, que proibiu a exportação de
diamantes sem o certificado de
origem do DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), do Ministério de Minas e
Energia, a produção e o comércio
nos garimpos continuam ilegais.
""As pedras estão saindo do Brasil por contrabando, sem o certificado exigido pelo governo. Nós
avisamos que a lei não iria funcionar", disse o prefeito e presidente
do Sindicato dos Garimpeiros de
Coromandel (MG), Petrônio Jacinto Silva (PP). A região, na divisa com Goiás, próxima ao Triângulo Mineiro, é a principal produtora de diamantes coloridos para
joalherias.
Segundo o prefeito, os 3.000 garimpeiros que atuam na área não
têm permissão oficial para a lavra.
Sem a licença, que também é expedida pelo DNPM, eles não obtêm o certificado de origem do
produto, e a comercialização é feita sem nota fiscal ou qualquer outra documentação.
A situação se repete em todos os
garimpos de diamante do país.
Não há registro oficial do volume
da produção garimpeira, mas, segundo estimativas divulgadas no
ano passado pelo DNPM, ela responde por cerca de 90% da produção total.
O certificado de origem dos diamantes foi criado por acordo internacional entre mais de cem
países.O objetivo é impedir que o
comércio de diamantes continue
a financiar conflitos na África, que
responde pela maior parte da produção mundial.
O Brasil adotou o sistema em
outubro passado, embora tivesse
prometido implantá-lo até julho.
Por causa do atraso, a exportação
de diamantes brutos ficou proibida em agosto e em setembro, enquanto a venda ilegal continuava
a pleno vapor.
A principal razão para o comércio de diamantes continuar ilegal
é o fato de que o DNPM concedeu
a empresas (na maioria estrangeiras) os direitos de pesquisa e de
exploração do subsolo em áreas
ocupadas por garimpeiros.
Há conflitos entre empresas e
garimpeiros em várias regiões.
Em Juína, no Mato Grosso, o Ministério de Minas e Energia e o
DNPM tentaram convencer as
mineradoras a ceder parte de suas
áreas para o garimpo, mas não
houve acordo.
Segundo o prefeito do município, Altair Antônio Peruzzo (PT),
há 2.000 garimpeiros em atividade na região, mas o direito de uso
do subsolo pertence a três empresas, que não concordam em ceder
parte aos garimpeiros. ""Reconhecemos que as empresas fizeram
investimentos, mas é preciso defender os empregos."
Em Coromandel, 11 empresas e
pessoas físicas concentram 89 alvarás para pesquisa de diamante.
Queda nas exportações
As estatísticas mostram que diminuíram as exportações em 2003,
ou seja, caiu o volume de pedras
que saem do país legalmente. A
exportação baixou de US$ 32,67
milhões em 2002 para US$ 26,2
milhões em 2003. De janeiro a
março deste ano, foram registradas vendas de US$ 6,93 milhões.
Em Estrela do Sul, no Triângulo
Mineiro, existem 490 garimpeiros
em atividade, cadastrados pela
Cooperativa do Rio Bagagem. Segundo o presidente da entidade,
João Dias Moreira da Silva, a produção prossegue sem nota fiscal
nem recolhimento de impostos.
Nem a Cooperativa dos Garimpeiros de Diamantina, que tem
três licenças para extração no leito
do rio Jequitinhonha, emitiu certificados de origem de produção
até agora.
O presidente da entidade, Alberto Pinho, diz que não conseguiu entender o procedimento
para a certificação. ""Não sei se é
preciso levar o diamante ao
DNPM. Falta-nos informação."
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