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Mais um diretor conservador deixa o BC
Rodrigo Azevedo, de Política Monetária, será substituído por Mario Gomes Torós, ex-vice-presidente do Santander
Azevedo era apontado como um dos diretores mais conservadores, assim como Afonso Bevilaqua, que havia saído do órgão em março
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, anunciou ontem mais uma alteração
na sua equipe. Após dois anos e
meio no cargo, o diretor de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, 42, será substituído pelo
economista Mario Gomes Torós, 43, ex-vice-presidente do
Santander.
A primeira mudança havia
ocorrido no mês passado, com a
demissão de Afonso Bevilaqua
do cargo de diretor de Política
Econômica. Assim como Bevilaqua, Azevedo era apontado
como um dos diretores mais
conservadores do BC, alvo
constante de crítica de dentro e
fora do governo, e alegou motivos pessoais para sua saída.
Para o lugar de Bevilaqua, foi
deslocado um outro diretor do
BC, Mário Mesquita. Para o de
Azevedo, optou-se por mais um
profissional do mercado financeiro. Ao contrário de seu antecessor, Torós tem pouca experiência acadêmica e construiu
boa parte da carreira na tesouraria do Santander, entre 1992
e 2006.
Meirelles disse que a troca
não deve levar a mudanças na
condução da política cambial,
uma das atribuições de Azevedo no Banco Central. Com a
queda do dólar, crescem as
pressões para que o BC atue de
forma mais agressiva para evitar uma valorização excessiva
do real.
"Política cambial não é definida pelo diretor de Política
Monetária, ele só a implementa. Política cambial é definida
pela diretoria colegiada do BC,
dentro de uma política de governo", disse Meirelles.
A queda do dólar é motivo de
polêmica mesmo dentro do governo, embora algumas mudanças tenham ocorrido recentemente. A ala crítica à política
cambial do BC perdeu Julio
Gomes de Almeida, que deixou
a secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda
no começo do mês, e Luiz Fernando Furlan, que, enquanto
era ministro do Desenvolvimento, criticava o impacto que
o real valorizado tinha sobre setores exportadores.
Ontem, Azevedo defendeu a
atuação do BC no câmbio. "A
política cambial vem sendo seguida pelo governo brasileiro já
há alguma data e, no nosso entender, vem sendo bem-sucedida em atingir seus objetivos."
Desde 2004 o BC tem comprado dólares no mercado. Oficialmente, o motivo dessas
operações é a necessidade de
reforçar as reservas em moeda
estrangeira do governo, embora o efeito indireto seja o de favorecer uma alta do dólar.
Nos últimos meses, porém, o
BC tem intensificado sua ação
no mercado de câmbio, mas
não tem conseguido impedir a
queda do dólar. Entre janeiro e
março, foram comprados cerca
de US$ 22 bilhões, valor elevado se for considerado que, ao
longo de todo o ano de 2006, foram adquiridos US$ 34,3 bilhões.
Graças a essas compras, as
reservas internacionais, que
chegaram a ficar abaixo de US$
20 bilhões em 2002, estão hoje
no nível recorde de US$ 111 bilhões.
Segundo Meirelles, a mudança anunciada ontem foi a última a ser feita neste início de segundo mandato do presidente
Lula, pois os demais diretores
já manifestaram a intenção de
permanecer no BC. Desde que
formou sua equipe ao assumir a
presidência do BC, em 2003,
Meirelles já substituiu sete diretores, incluindo Azevedo.
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