São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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Mudança não indica flexibilização monetária

VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Apesar da nova troca na diretoria do Banco Central, não há nenhuma garantia de que a flexibilização da política monetária desejada pelos petistas vá ocorrer. Mario Gomes Torós, escolhido para substituir Rodrigo Azevedo, é visto dentro do BC como um operador que sempre apostou na política econômica do governo Lula.
Seu nome foi sugerido ao presidente do BC, Henrique Meirelles, pelos diretores Mário Mesquita (Política Econômica) e Azevedo, que havia planejado permanecer no banco durante dois anos apenas.
Torós é amigo de Mesquita, que substituiu Afonso Bevilaqua no mês passado. Estudaram juntos na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). E aproximou-se de Azevedo quando atuou na tesouraria do Santander/Banespa, operando no mercado de câmbio em nome do BC. O Santander é uma das 17 instituições autorizadas pelo BC a operar oficialmente no mercado.
A saída de Azevedo da diretoria de Política Monetária do BC já vinha sendo acertada por Meirelles desde o final de 2006.
Na virada de 2005 para 2006, o diretor manifestou seu desejo de voltar ao mercado financeiro, mas, diante das pressões sobre o BC, acabou se comprometendo a ficar mais um ano para evitar turbulências num ano eleitoral a despeito das pressões por sua demissão vindas de dentro e de fora do governo .
Com a reeleição de Lula, ele deixou claro que não ficaria no segundo mandato, mas aguardaria o melhor momento para Meirelles fazer a substituição.
Depois do Carnaval, ele insistiu com Meirelles que desejava deixar o banco. Meirelles pediu mais um tempo, até que ele fosse confirmado no posto por Lula. Afinal, não poderia convidar um substituto para Azevedo antes de sua confirmação.
Além da insatisfação com o salário de cerca de R$ 8.000 no BC, Azevedo também estava incomodado por ser tachado de "vilão" com outros diretores do BC na discussão da trajetória dos juros. Ele considerava que sua missão no governo estava cumprida e que era o momento de voltar à iniciativa privada.
A maior preocupação de Azevedo era ter de voltar a subir os juros depois de uma calibragem errada. Por isso, nos momentos em que o BC estava sob pressão, sempre defendeu a cautela na redução dos juros.
Pesou ainda para sua saída a questão familiar. Ele deseja ficar mais próximo da família. Tem três filhos menores -de sete, seis e quatro anos.
O substituto de Azevedo é classificado como uma pessoa mais "flexível" na discussão sobre o nível da taxa de juros. Ao contrário de Azevedo, sua vida profissional foi como operador de mercado. Seu antecessor fez carreira nos departamentos econômico e de pesquisa de instituições financeiras.


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