|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mudança não indica flexibilização monetária
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da nova troca na diretoria do Banco Central, não há
nenhuma garantia de que a flexibilização da política monetária desejada pelos petistas vá
ocorrer. Mario Gomes Torós,
escolhido para substituir Rodrigo Azevedo, é visto dentro
do BC como um operador que
sempre apostou na política
econômica do governo Lula.
Seu nome foi sugerido ao
presidente do BC, Henrique
Meirelles, pelos diretores Mário Mesquita (Política Econômica) e Azevedo, que havia planejado permanecer no banco
durante dois anos apenas.
Torós é amigo de Mesquita,
que substituiu Afonso Bevilaqua no mês passado. Estudaram juntos na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). E aproximou-se de Azevedo quando atuou na tesouraria
do Santander/Banespa, operando no mercado de câmbio
em nome do BC. O Santander é
uma das 17 instituições autorizadas pelo BC a operar oficialmente no mercado.
A saída de Azevedo da diretoria de Política Monetária do BC
já vinha sendo acertada por
Meirelles desde o final de 2006.
Na virada de 2005 para 2006,
o diretor manifestou seu desejo
de voltar ao mercado financeiro, mas, diante das pressões sobre o BC, acabou se comprometendo a ficar mais um ano para
evitar turbulências num ano
eleitoral a despeito das pressões por sua demissão vindas
de dentro e de fora do governo .
Com a reeleição de Lula, ele
deixou claro que não ficaria no
segundo mandato, mas aguardaria o melhor momento para
Meirelles fazer a substituição.
Depois do Carnaval, ele insistiu com Meirelles que desejava
deixar o banco. Meirelles pediu
mais um tempo, até que ele fosse confirmado no posto por Lula. Afinal, não poderia convidar
um substituto para Azevedo
antes de sua confirmação.
Além da insatisfação com o
salário de cerca de R$ 8.000 no
BC, Azevedo também estava incomodado por ser tachado de
"vilão" com outros diretores do
BC na discussão da trajetória
dos juros. Ele considerava que
sua missão no governo estava
cumprida e que era o momento
de voltar à iniciativa privada.
A maior preocupação de Azevedo era ter de voltar a subir os
juros depois de uma calibragem
errada. Por isso, nos momentos
em que o BC estava sob pressão, sempre defendeu a cautela
na redução dos juros.
Pesou ainda para sua saída a
questão familiar. Ele deseja ficar mais próximo da família.
Tem três filhos menores -de
sete, seis e quatro anos.
O substituto de Azevedo é
classificado como uma pessoa
mais "flexível" na discussão sobre o nível da taxa de juros. Ao
contrário de Azevedo, sua vida
profissional foi como operador
de mercado. Seu antecessor fez
carreira nos departamentos
econômico e de pesquisa de
instituições financeiras.
Texto Anterior: Mais um diretor conservador deixa o BC Próximo Texto: IPCA tem menor taxa para março desde 2000 Índice
|