São Paulo, quinta-feira, 12 de abril de 2007

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análise

Troca é "vitória" dos que defendem juros menores

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A saída de Rodrigo Azevedo do BC é considerada no Planalto uma vitória da ala do governo que pretende maior celeridade no processo de queda dos juros e uma inflexão, mas não um guinada, na política monetária.
No início do ano, quando o presidente Lula pressionou o presidente do BC, Henrique Meirelles, a elevar o grau das intervenções no mercado de câmbio, a posição de Azevedo se fragilizou. Segundo ministros próximos a Lula, o BC cometeu um erro de cálculo numa queda-de-braço com o mercado nessa época.
Azevedo, responsável pela área de compra de dólares (a mesa do BC), teria adquirido a moeda americana numa cotação superior a que se vislumbrava na época. Ou seja, perdeu dinheiro numa disputa com o mercado.
Reservadamente, Azevedo e Meirelles negaram tal barbeiragem. Disseram que era natural que o BC tivesse comprado dólares a diversas cotações, pois há um processo de queda de valor da moeda em relação ao real.
Azevedo é muito ligado a Afonso Bevilaqua, ex-diretor do BC considerado pelo Planalto como o mentor de um suposto excesso de conservadorismo nos juros.
Trocando em miúdos: a política de juros defendida por Bevilaqua e Azevedo contribui para maior valorização do real porque a taxa cairia num ritmo muito lento, o que tornaria mais atrativo para o investidor estrangeiro trocar dólares por reais e aplicar no Brasil. Essa política facilitaria a vida dos investidores que migram pelo atrativos dos juros.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) tem defendido nos debates internos do governo que é preciso maior ousadia na política de juros. Mantega não defende uma guinada, mas maior rapidez.
A saída de Azevedo, portanto, tende a facilitar o plano da ala do governo que deseja um BC algo desenvolvimentista. O próprio Lula se encarrega de colocar limites a essa pressão e faz discursos sempre defendendo o BC.
Mas o próprio presidente cobra de Meirelles uma condução do BC que induza a um maior crescimento.


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