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análise
Troca é "vitória" dos que defendem juros menores
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A saída de Rodrigo Azevedo do BC é considerada no
Planalto uma vitória da ala
do governo que pretende
maior celeridade no processo de queda dos juros e uma
inflexão, mas não um guinada, na política monetária.
No início do ano, quando o
presidente Lula pressionou o
presidente do BC, Henrique
Meirelles, a elevar o grau das
intervenções no mercado de
câmbio, a posição de Azevedo se fragilizou. Segundo ministros próximos a Lula, o
BC cometeu um erro de cálculo numa queda-de-braço
com o mercado nessa época.
Azevedo, responsável pela
área de compra de dólares (a
mesa do BC), teria adquirido
a moeda americana numa
cotação superior a que se vislumbrava na época. Ou seja,
perdeu dinheiro numa disputa com o mercado.
Reservadamente, Azevedo
e Meirelles negaram tal barbeiragem. Disseram que era
natural que o BC tivesse
comprado dólares a diversas
cotações, pois há um processo de queda de valor da moeda em relação ao real.
Azevedo é muito ligado a
Afonso Bevilaqua, ex-diretor
do BC considerado pelo Planalto como o mentor de um
suposto excesso de conservadorismo nos juros.
Trocando em miúdos: a
política de juros defendida
por Bevilaqua e Azevedo
contribui para maior valorização do real porque a taxa
cairia num ritmo muito lento, o que tornaria mais atrativo para o investidor estrangeiro trocar dólares por reais
e aplicar no Brasil. Essa política facilitaria a vida dos investidores que migram pelo
atrativos dos juros.
O ministro Guido Mantega
(Fazenda) tem defendido
nos debates internos do governo que é preciso maior
ousadia na política de juros.
Mantega não defende uma
guinada, mas maior rapidez.
A saída de Azevedo, portanto, tende a facilitar o plano da ala do governo que deseja um BC algo desenvolvimentista. O próprio Lula se
encarrega de colocar limites
a essa pressão e faz discursos
sempre defendendo o BC.
Mas o próprio presidente
cobra de Meirelles uma condução do BC que induza a um
maior crescimento.
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