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Juros reais são os maiores desde 99
DA REPORTAGEM LOCAL
Alimentada pela manutenção
da Selic em 26,5% e pela redução
da expectativa inflacionária, a taxa real de juro atingiu, no final de
abril, 16,4% ao ano, seu patamar
mais alto desde 1999, segundo estudo da UAM (Unibanco Asset
Management). A inflação (IPCA)
projetada pelos bancos para os
próximos 12 meses é de 8,8% ao
ano, segundo o boletim Focus, do
Banco Central.
No final de novembro de 2002,
enquanto a Selic estava em 21,3%,
a expectativa do mercado era que
a inflação batesse em 16,5% nos 12
meses seguintes. "Aí se justificava
aumentar a taxa básica, pois o juro real estava em 4% ao ano", diz
Jorge Simino, diretor da UAM.
"Agora, é hora de começar a
baixar a Selic", diz. Segundo Simino, o que comanda a política monetária é a expectativa de inflação,
mais do que a inflação passada.
Os analistas, entretanto, estão
divididos. Os que só olham a taxa
da inflação passada acham que a
velocidade de queda dos preços
ainda é lenta e que é preciso esperar mais um pouco. Amanhã será
um dia decisivo nesse debate, pois
serão divulgados quatro indicadores de inflação -o IPCA, o
INPC e o IGP-DI de abril, além do
resultado da primeira quadrissemana deste mês do IPC da Fipe.
As projeções do mercado são
que esses indicadores apresentem
queda. "Se todos apontarem para
baixo, será mais um argumento
para baixar o juro na próxima
reunião do Copom", diz Simino.
Outros analistas, porém, acham
que ainda é cedo para começar a
cortar os juros. "O governo vai ter
de ser mais conservador do que
gostaria, pois o custo político de
baixar as taxas de juros agora e,
depois, de ter de voltar a elevá-las
é muito alto", diz Ricardo de
Campos, gestor da corretora Hedging Griffo. "Mas as taxas de juros
vão cair. Resta saber quando."
Atenção às aplicações
Num cenário de queda dos juros, o investidor de fundos deve
ficar mais atento às suas aplicações. "Para manter o mesmo nível
de ganho que tem hoje, o investidor terá de correr mais riscos", diz
Simino. Segundo ele, quando as
taxas começarem a recuar, é de
esperar que a Bolsa reaja.
Os analistas acreditam que ainda haja espaço para a valorização
das ações. "O investidor deve considerar a possibilidade de diversificar suas aplicações quando os
juros começarem a cair, pondo
uma parte, ainda que pequena,
em fundos de ações", diz Simino.
Na opinião do consultor da
FGV William Eid, os juros vão
cair gradualmente. "Mas como isso só ocorrerá se a inflação recuar,
o juro real continuará dando ganhos ao investidor", diz.
(SB)
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