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São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2003

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Juros reais são os maiores desde 99

DA REPORTAGEM LOCAL

Alimentada pela manutenção da Selic em 26,5% e pela redução da expectativa inflacionária, a taxa real de juro atingiu, no final de abril, 16,4% ao ano, seu patamar mais alto desde 1999, segundo estudo da UAM (Unibanco Asset Management). A inflação (IPCA) projetada pelos bancos para os próximos 12 meses é de 8,8% ao ano, segundo o boletim Focus, do Banco Central.
No final de novembro de 2002, enquanto a Selic estava em 21,3%, a expectativa do mercado era que a inflação batesse em 16,5% nos 12 meses seguintes. "Aí se justificava aumentar a taxa básica, pois o juro real estava em 4% ao ano", diz Jorge Simino, diretor da UAM.
"Agora, é hora de começar a baixar a Selic", diz. Segundo Simino, o que comanda a política monetária é a expectativa de inflação, mais do que a inflação passada.
Os analistas, entretanto, estão divididos. Os que só olham a taxa da inflação passada acham que a velocidade de queda dos preços ainda é lenta e que é preciso esperar mais um pouco. Amanhã será um dia decisivo nesse debate, pois serão divulgados quatro indicadores de inflação -o IPCA, o INPC e o IGP-DI de abril, além do resultado da primeira quadrissemana deste mês do IPC da Fipe.
As projeções do mercado são que esses indicadores apresentem queda. "Se todos apontarem para baixo, será mais um argumento para baixar o juro na próxima reunião do Copom", diz Simino.
Outros analistas, porém, acham que ainda é cedo para começar a cortar os juros. "O governo vai ter de ser mais conservador do que gostaria, pois o custo político de baixar as taxas de juros agora e, depois, de ter de voltar a elevá-las é muito alto", diz Ricardo de Campos, gestor da corretora Hedging Griffo. "Mas as taxas de juros vão cair. Resta saber quando."

Atenção às aplicações
Num cenário de queda dos juros, o investidor de fundos deve ficar mais atento às suas aplicações. "Para manter o mesmo nível de ganho que tem hoje, o investidor terá de correr mais riscos", diz Simino. Segundo ele, quando as taxas começarem a recuar, é de esperar que a Bolsa reaja.
Os analistas acreditam que ainda haja espaço para a valorização das ações. "O investidor deve considerar a possibilidade de diversificar suas aplicações quando os juros começarem a cair, pondo uma parte, ainda que pequena, em fundos de ações", diz Simino.
Na opinião do consultor da FGV William Eid, os juros vão cair gradualmente. "Mas como isso só ocorrerá se a inflação recuar, o juro real continuará dando ganhos ao investidor", diz. (SB)


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