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Brasil não é prioridade do setor, diz estudo
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil deverá consumir
10,9 milhões de toneladas de
fertilizantes neste ano, dois milhões de toneladas a mais do
que consumiu em 2006. A demanda interna consolidará o
Brasil como quarto maior consumidor de fertilizante no
mundo, atrás de China, Índia e
EUA. Mas, apesar dessa posição, o Brasil ainda não é o país
prioritário na escala de atendimento da demanda pelos grandes produtores mundiais. Produtores de fertilizantes afirmam que a questão já deixou de
ser preço e passou a ser a tentativa de manter o abastecimento
do mercado local.
Estudo feito pela Agroconsult mostra que a Índia e a China são responsáveis por 44% da
demanda mundial de fertilizantes e responderão, em 2008,
por fatia de 52% de todo aumento de consumo que será
observado no mundo. Além de
volumes, Índia e China fecharam acordos com grandes fornecedores para garantir o próprio abastecimento. Pagaram mais para isso, mas o aumento
de preço não chegará ao produtor indiano ou chinês. Os governos subsidiam o produto
para garantir o uso do fertilizante e aumentar a produção.
Além de não ter demanda como Índia e China, o Brasil também não possui qualquer programa de subsídio para acesso aos fertilizantes. "O produtor
brasileiro, além de não ter subsídio, não está na prioridade
para o abastecimento mundial.
Europa e Estados Unidos também possuem um grande mercado e uma agricultura rentável, o que os permitem pagar a alta do adubo. O produtor brasileiro não tem opção. É pagar o
preço ou ficar sem", diz Pessôa.
Segundo ele, ao contrário da
Argentina (que produz em
áreas férteis), o Brasil levou a
agricultura para regiões de solo
pobre, como o Centro-Oeste. A
competitividade na produção
grãos do Brasil não se resume a
variedades adaptadas ao Cerrado, mas no pacote tecnológico
que viabiliza a maior agricultura tropical do mundo, o fertilizante é item fundamental.
A Agroconsult aponta que a
agricultura brasileira terá de se
preparar para ser "testada".
"Pouca coisa pode ser feita a
curto prazo, mas há medidas a
serem tomadas. O governo, diz
Pessôa, poderia reduzir custos
de importação, principalmente
na área portuária.
Além da excessiva demora
para descarregamento dos produtos nos portos brasileiros (há
navios que esperam até 30 dias
para descarregar fertilizantes),
o governo poderia derrubar o
custo de 25% que o importador
paga sobre o frete de marinha
mercante. Uma mudança tributária que estimulasse a produção local de insumos seria
outra medida para ajudar, principalmente com o fim do ICMS
interestadual. Sem isso, o produto importado tem mais competitividade do que a produção
local.
(AGNALDO BRITO)
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