São Paulo, segunda-feira, 12 de maio de 2008

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Brasil não é prioridade do setor, diz estudo

DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil deverá consumir 10,9 milhões de toneladas de fertilizantes neste ano, dois milhões de toneladas a mais do que consumiu em 2006. A demanda interna consolidará o Brasil como quarto maior consumidor de fertilizante no mundo, atrás de China, Índia e EUA. Mas, apesar dessa posição, o Brasil ainda não é o país prioritário na escala de atendimento da demanda pelos grandes produtores mundiais. Produtores de fertilizantes afirmam que a questão já deixou de ser preço e passou a ser a tentativa de manter o abastecimento do mercado local.
Estudo feito pela Agroconsult mostra que a Índia e a China são responsáveis por 44% da demanda mundial de fertilizantes e responderão, em 2008, por fatia de 52% de todo aumento de consumo que será observado no mundo. Além de volumes, Índia e China fecharam acordos com grandes fornecedores para garantir o próprio abastecimento. Pagaram mais para isso, mas o aumento de preço não chegará ao produtor indiano ou chinês. Os governos subsidiam o produto para garantir o uso do fertilizante e aumentar a produção.
Além de não ter demanda como Índia e China, o Brasil também não possui qualquer programa de subsídio para acesso aos fertilizantes. "O produtor brasileiro, além de não ter subsídio, não está na prioridade para o abastecimento mundial. Europa e Estados Unidos também possuem um grande mercado e uma agricultura rentável, o que os permitem pagar a alta do adubo. O produtor brasileiro não tem opção. É pagar o preço ou ficar sem", diz Pessôa.
Segundo ele, ao contrário da Argentina (que produz em áreas férteis), o Brasil levou a agricultura para regiões de solo pobre, como o Centro-Oeste. A competitividade na produção grãos do Brasil não se resume a variedades adaptadas ao Cerrado, mas no pacote tecnológico que viabiliza a maior agricultura tropical do mundo, o fertilizante é item fundamental.
A Agroconsult aponta que a agricultura brasileira terá de se preparar para ser "testada". "Pouca coisa pode ser feita a curto prazo, mas há medidas a serem tomadas. O governo, diz Pessôa, poderia reduzir custos de importação, principalmente na área portuária.
Além da excessiva demora para descarregamento dos produtos nos portos brasileiros (há navios que esperam até 30 dias para descarregar fertilizantes), o governo poderia derrubar o custo de 25% que o importador paga sobre o frete de marinha mercante. Uma mudança tributária que estimulasse a produção local de insumos seria outra medida para ajudar, principalmente com o fim do ICMS interestadual. Sem isso, o produto importado tem mais competitividade do que a produção local. (AGNALDO BRITO)

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