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Sindicalismo do ABC surgiu com os anarquistas
DA REDAÇÃO
O sindicalismo do ABC surge
no início do século 20, depois
que a região, cortada pela ferrovia desde 1867 e emancipada de
São Paulo desde 1889, passa a
abrigar indústrias de bens de
consumo (tecidos, móveis) voltadas ao mercado paulista, impulsionado pelo avanço do café.
Boa parte dos operários era
composta por imigrantes italianos, muitos deles simpáticos ao
anarquismo. A primeira grande
greve ocorre em 1906, na tecelagem Ypiranguinha, em Santo
André, com 500 empregados.
As paralisações se sucedem
até a forte repressão à greve de
1917, quando o movimento sindical entra em refluxo. Nos
anos 20 outras indústrias
(Rhodia, Pirelli) investem na
cidade, favorecida pela pavimentação do Caminho do Mar.
A crise de 1929 encarece os
produtos importados e leva novas empresas ao ABC (Atlantis,
Swift-Armour, Firestone). É
nessa época que Getúlio Vargas
(1930-1945) passa a incentivar
a industrialização do país. Para
obter o apoio do operariado,
concede direitos trabalhistas e
incentiva a organização de sindicatos atrelados ao Estado. Os
anarquistas se recusam, e perdem espaço para o PCB.
Em 1953, Vargas proíbe a importação de veículos prontos,
obrigando as montadoras aqui
instaladas (a Ford, desde 1919,
e a GM, desde 1925) a investir
em novas fábricas. Mas são os
incentivos dados por Juscelino
Kubitschek (1956-1961) que levam diversas multinacionais a
São Bernardo, beneficiada pela
nova Via Anchieta (1947).
Em 1956 é inaugurada a fábrica da Mercedes e, em 1957, a
da Volkswagen. Isso estimula a
criação, em 1959, do Sindicato
dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, desmembrado do de Santo André, de 1933.
Em 1960, as montadoras locais já produziam 78% dos veículos do país. Data desse período -retratado no filme "São
Paulo S.A.", de Luís Sérgio Person- a incorporação de muitos
migrantes nordestinos às linhas de montagem. O setor automotivo se consolida durante
o "milagre econômico" (1968-1973), quando começam a surgir líderes sindicais -como Lula- desvinculados do PCB.
Findo o "milagre", esses sindicalistas organizam enormes
paralisações a partir de 1978. O
governo reprime os dirigentes,
que reagem criando um novo
partido (o PT, em 1980) e uma
nova central (a CUT, em 1983).
Nos anos 80, a economia entra em crise, à qual se segue, nos
anos 90, a abertura do país aos
produtos importados. Pressionadas, as montadoras adotam
técnicas japonesas e terceirizam parte da mão de obra.
Com isso, o total de operários
da cadeia automotiva no ABC
cai de 183 mil, em 1980, para 88
mil, em 2002. Muitos nordestinos regressam à sua região: em
2003, 63% dos operários das
montadoras do ABC já eram
nativos do Estado de São Paulo.
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