São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Sindicalismo do ABC surgiu com os anarquistas

DA REDAÇÃO

O sindicalismo do ABC surge no início do século 20, depois que a região, cortada pela ferrovia desde 1867 e emancipada de São Paulo desde 1889, passa a abrigar indústrias de bens de consumo (tecidos, móveis) voltadas ao mercado paulista, impulsionado pelo avanço do café.
Boa parte dos operários era composta por imigrantes italianos, muitos deles simpáticos ao anarquismo. A primeira grande greve ocorre em 1906, na tecelagem Ypiranguinha, em Santo André, com 500 empregados.
As paralisações se sucedem até a forte repressão à greve de 1917, quando o movimento sindical entra em refluxo. Nos anos 20 outras indústrias (Rhodia, Pirelli) investem na cidade, favorecida pela pavimentação do Caminho do Mar.
A crise de 1929 encarece os produtos importados e leva novas empresas ao ABC (Atlantis, Swift-Armour, Firestone). É nessa época que Getúlio Vargas (1930-1945) passa a incentivar a industrialização do país. Para obter o apoio do operariado, concede direitos trabalhistas e incentiva a organização de sindicatos atrelados ao Estado. Os anarquistas se recusam, e perdem espaço para o PCB.
Em 1953, Vargas proíbe a importação de veículos prontos, obrigando as montadoras aqui instaladas (a Ford, desde 1919, e a GM, desde 1925) a investir em novas fábricas. Mas são os incentivos dados por Juscelino Kubitschek (1956-1961) que levam diversas multinacionais a São Bernardo, beneficiada pela nova Via Anchieta (1947).
Em 1956 é inaugurada a fábrica da Mercedes e, em 1957, a da Volkswagen. Isso estimula a criação, em 1959, do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, desmembrado do de Santo André, de 1933.
Em 1960, as montadoras locais já produziam 78% dos veículos do país. Data desse período -retratado no filme "São Paulo S.A.", de Luís Sérgio Person- a incorporação de muitos migrantes nordestinos às linhas de montagem. O setor automotivo se consolida durante o "milagre econômico" (1968-1973), quando começam a surgir líderes sindicais -como Lula- desvinculados do PCB.
Findo o "milagre", esses sindicalistas organizam enormes paralisações a partir de 1978. O governo reprime os dirigentes, que reagem criando um novo partido (o PT, em 1980) e uma nova central (a CUT, em 1983).
Nos anos 80, a economia entra em crise, à qual se segue, nos anos 90, a abertura do país aos produtos importados. Pressionadas, as montadoras adotam técnicas japonesas e terceirizam parte da mão de obra.
Com isso, o total de operários da cadeia automotiva no ABC cai de 183 mil, em 1980, para 88 mil, em 2002. Muitos nordestinos regressam à sua região: em 2003, 63% dos operários das montadoras do ABC já eram nativos do Estado de São Paulo.


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