São Paulo, terça-feira, 12 de maio de 2009

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Venda de alimento orgânico aumenta até 40% no varejo

Supermercado espera adesão de indústria para preço cair e ganhar mais consumidores

Processadores querem garantia de que regras não vão mudar para investir no segmento; governo finaliza normas para o campo

GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO

A princípio limitada a feiras especializadas e a um circuito de entrega em domicílios, a venda de alimentos orgânicos ocupa mais espaço nas prateleiras dos supermercados do país.
Enquanto o Carrefour prefere não citar números, o Pão de Açúcar e o Wal-Mart relatam crescimento, respectivamente, da ordem de 40% e 20% no primeiro trimestre deste ano ante igual período de 2008.
Isso para produtos que, com oferta ainda restrita, custam de 15% a até 100% mais que os considerados convencionais.
A preocupação com a saúde explica o desenvolvimento desse mercado com um consumidor também muito antenado a questões ambientais.
Para o nutrólogo Dan Waitzberg, a garantia -dada por certificação que inclui a rastreabilidade dos insumos- de que os alimentos estão livres de agroquímicos responde bem à busca de comida saudável.
Carlos Gallo, chef executivo do Tivoli São Paulo Mofarrej, destaca a qualidade dos ingredientes orgânicos na gastronomia -os alimentos têm mais sabor e cores mais vivas, diz.
Como a demanda dos alimentos orgânicos se concentra no público de maior poder aquisitivo, o preço mais alto não representa obstáculo.
A tendência, mesmo assim, é de queda, diz Sandra Caires Sabóia, gerente de Desenvolvimento do Grupo Pão de Açúcar. Para ela, o diferencial no país pelos alimentos orgânicos vai repetir o exemplo de EUA e Europa -na faixa de 25% a 40%.
Caires avalia que a entrada de uma grande processadora de alimentos no segmento pode levar a um aumento de escala capaz de contribuir para preços mais baixos. Mas as indústrias maiores ainda não se animam a mergulhar no segmento.
"Os orgânicos são um mercado promissor. Só que no Brasil não há normas específicas, apenas gerais. Não podemos mudar uma linha de produção sem a certeza de que as regras não serão alteradas", disse Nildemar Secches, presidente do conselho de administração da Perdigão, em palestra realizada recentemente em São Paulo pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
O estabelecimento de um padrão básico para a produção no campo está previsto pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica. Segundo Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura, os produtos serão identificados por um selo único que indicará que o alimento está dentro de normas e é avaliado por entidade credenciada pelo governo.
O ministério avalia em ao menos 800 mil hectares o espaço ocupado pela produção agropecuária orgânica no país. As explorações extrativistas somam 2 milhões de hectares. Para comparar: o cultivo total de grãos no país se estende por 47,6 milhões de hectares.

Destaques
Os carros-chefes orgânicos nas grandes redes de varejo são os hortifrútis, os produtos de mercearia e as carnes.
Idenio Belmonte, diretor de Perecíveis do Wal-Mart, identifica ainda potencial de crescimento na área de pescados.
O fornecimento de carne orgânica para as redes de varejo é feito por uma parceria entre o Grupo JBS-Friboi e a Aspranor (Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos).
Os 25 pecuaristas da Aspranor se comprometem a entregar 2.000 bovinos para o frigorífico por mês. O produtor recebe prêmio de 10% sobre o valor da arroba, diz Henrique Balbino, presidente da associação.


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