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Venda de alimento orgânico aumenta até 40% no varejo
Supermercado espera adesão de indústria para preço cair e ganhar mais consumidores
Processadores querem
garantia de que regras não
vão mudar para investir no segmento; governo finaliza normas para o campo
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
A princípio limitada a feiras
especializadas e a um circuito
de entrega em domicílios, a
venda de alimentos orgânicos
ocupa mais espaço nas prateleiras dos supermercados do país.
Enquanto o Carrefour prefere não citar números, o Pão de
Açúcar e o Wal-Mart relatam
crescimento, respectivamente,
da ordem de 40% e 20% no primeiro trimestre deste ano ante
igual período de 2008.
Isso para produtos que, com
oferta ainda restrita, custam de
15% a até 100% mais que os
considerados convencionais.
A preocupação com a saúde
explica o desenvolvimento desse mercado com um consumidor também muito antenado a
questões ambientais.
Para o nutrólogo Dan Waitzberg, a garantia -dada por certificação que inclui a rastreabilidade dos insumos- de que os
alimentos estão livres de agroquímicos responde bem à busca de comida saudável.
Carlos Gallo, chef executivo
do Tivoli São Paulo Mofarrej,
destaca a qualidade dos ingredientes orgânicos na gastronomia -os alimentos têm mais
sabor e cores mais vivas, diz.
Como a demanda dos alimentos orgânicos se concentra
no público de maior poder
aquisitivo, o preço mais alto
não representa obstáculo.
A tendência, mesmo assim, é
de queda, diz Sandra Caires Sabóia, gerente de Desenvolvimento do Grupo Pão de Açúcar.
Para ela, o diferencial no país
pelos alimentos orgânicos vai
repetir o exemplo de EUA e Europa -na faixa de 25% a 40%.
Caires avalia que a entrada de
uma grande processadora de
alimentos no segmento pode
levar a um aumento de escala
capaz de contribuir para preços
mais baixos. Mas as indústrias
maiores ainda não se animam a
mergulhar no segmento.
"Os orgânicos são um mercado promissor. Só que no Brasil
não há normas específicas, apenas gerais. Não podemos mudar uma linha de produção sem
a certeza de que as regras não
serão alteradas", disse Nildemar Secches, presidente do
conselho de administração da
Perdigão, em palestra realizada
recentemente em São Paulo
pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
O estabelecimento de um padrão básico para a produção no
campo está previsto pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da
Conformidade Orgânica. Segundo Rogério Dias, coordenador de agroecologia do Ministério da Agricultura, os produtos
serão identificados por um selo
único que indicará que o alimento está dentro de normas e
é avaliado por entidade credenciada pelo governo.
O ministério avalia em ao
menos 800 mil hectares o espaço ocupado pela produção
agropecuária orgânica no país.
As explorações extrativistas somam 2 milhões de hectares. Para comparar: o cultivo total de
grãos no país se estende por
47,6 milhões de hectares.
Destaques
Os carros-chefes orgânicos
nas grandes redes de varejo são
os hortifrútis, os produtos de
mercearia e as carnes.
Idenio Belmonte, diretor de
Perecíveis do Wal-Mart, identifica ainda potencial de crescimento na área de pescados.
O fornecimento de carne orgânica para as redes de varejo é
feito por uma parceria entre o
Grupo JBS-Friboi e a Aspranor
(Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos).
Os 25 pecuaristas da Aspranor se comprometem a entregar 2.000 bovinos para o frigorífico por mês. O produtor recebe prêmio de 10% sobre o valor
da arroba, diz Henrique Balbino, presidente da associação.
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