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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Fipe estimava um IPC de até 0,35%, mas taxa foi de 0,28%

Inflação fica abaixo do esperado em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Se a inflação de maio medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) decepcionou o mercado, ficando acima do previsto, a primeira taxa de junho da Fipe surpreendeu, ficando abaixo do esperado.
Nos últimos 30 dias até 7 deste mês, o Índice de Preços ao Consumidor registrou alta de 0,28%. A Fipe previa taxa de até 0,35%, devido à entrada no índice da cobrança da taxa de iluminação pública pela Prefeitura de São Paulo. A inflação ficou abaixo do esperado porque a gasolina teve queda média de 4,53%, maior do que se previa.
Heron do Carmo, coordenador do IPC, diz que a tendência agora é de os demais índices acompanharem o da Fipe, registrando queda. O mercado paulista, o de maior importância nacional, sempre reflete primeiro as tendências dos demais, tanto nas altas como nas baixas de preços. E a Fipe mostra que a tendência de queda de preços vai se acentuar. Para este mês, a instituição prevê inflação de 0,10%.
O cenário da inflação ficará mais claro a partir deste mês, quando, pela primeira vez, os dados acumulados em 12 meses deverão ser inferiores aos do mês anterior. A partir deste mês, tanto a inflação passada como a futura estarão sinalizando para taxas menores, diz Heron.
O núcleo da inflação também deverá mostrar reduções maiores a partir de agora porque cada vez mais se distancia de março, quando o dólar estava elevado.
Quatro itens são básicos na formação da taxa de inflação deste mês: energia elétrica e arroz, que lideram as altas, e gasolina e tomate, com as maiores quedas. Os dois primeiros geraram inflação de 0,33%; os dois últimos, deflação de 0,19%. Os outros mais de 500 itens que compõem o índice estão com inflação de apenas 0,14%, diz o economista da Fipe.
Os preços oligopolizados, que vêm impedindo o recuo maior da inflação nos últimos meses, já mostram sinais de desaceleração. Um acompanhamento do comportamento dos preços industriais feito pela Fipe mostra que em dezembro a alta foi de 2,81%, recuando para 1,3% em janeiro, mesma taxa de abril, mas que já cai para 0,8% na primeira quadrissemana deste mês.
Um setor entre os produtos industrializados, no entanto, continua com tendência de alta. São os doces, que já acumulam aumento de 19% neste ano. Só em maio, os sorvetes subiram 4,6%, e o doce de leite, 6,2%. "O amargor da situação atual [mais inflação e menos emprego, renda em queda etc.] deve estar aumentando o consumo de doces e provocando alta nos preços", disse o economista da Fipe, com um sorriso.

Sem corte
A taxa de inflação de 0,61% em maio do IPCA do IBGE, acima do que se previa, poderá inibir o corte nas taxas de juros já na próxima reunião do Copom, diz o economista da Fipe.
Heron diz que o BC deveria reduzir a taxa de juros, nem que fosse apenas 0,5 ponto percentual, para diminuir um pouco as discussões sobre o assunto.
"Mas não creio que o Banco Central vá mexer nos juros neste mês", diz ele. Heron diz que os juros altos vão derrubar a inflação, mas levarão junto a economia.


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