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ANO DO DRAGÃO
Fipe estimava um IPC de até 0,35%, mas taxa foi de 0,28%
Inflação fica abaixo do esperado em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Se a inflação de maio medida
pelo IPCA (Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo)
decepcionou o mercado, ficando
acima do previsto, a primeira taxa
de junho da Fipe surpreendeu, ficando abaixo do esperado.
Nos últimos 30 dias até 7 deste
mês, o Índice de Preços ao Consumidor registrou alta de 0,28%. A
Fipe previa taxa de até 0,35%, devido à entrada no índice da cobrança da taxa de iluminação pública pela Prefeitura de São Paulo.
A inflação ficou abaixo do esperado porque a gasolina teve queda
média de 4,53%, maior do que se
previa.
Heron do Carmo, coordenador
do IPC, diz que a tendência agora
é de os demais índices acompanharem o da Fipe, registrando
queda. O mercado paulista, o de
maior importância nacional,
sempre reflete primeiro as tendências dos demais, tanto nas altas como nas baixas de preços. E a
Fipe mostra que a tendência de
queda de preços vai se acentuar.
Para este mês, a instituição prevê
inflação de 0,10%.
O cenário da inflação ficará
mais claro a partir deste mês,
quando, pela primeira vez, os dados acumulados em 12 meses deverão ser inferiores aos do mês
anterior. A partir deste mês, tanto
a inflação passada como a futura
estarão sinalizando para taxas
menores, diz Heron.
O núcleo da inflação também
deverá mostrar reduções maiores
a partir de agora porque cada vez
mais se distancia de março, quando o dólar estava elevado.
Quatro itens são básicos na formação da taxa de inflação deste
mês: energia elétrica e arroz, que
lideram as altas, e gasolina e tomate, com as maiores quedas. Os
dois primeiros geraram inflação
de 0,33%; os dois últimos, deflação de 0,19%. Os outros mais de
500 itens que compõem o índice
estão com inflação de apenas
0,14%, diz o economista da Fipe.
Os preços oligopolizados, que
vêm impedindo o recuo maior da
inflação nos últimos meses, já
mostram sinais de desaceleração.
Um acompanhamento do comportamento dos preços industriais feito pela Fipe mostra que
em dezembro a alta foi de 2,81%,
recuando para 1,3% em janeiro,
mesma taxa de abril, mas que já
cai para 0,8% na primeira quadrissemana deste mês.
Um setor entre os produtos industrializados, no entanto, continua com tendência de alta. São os
doces, que já acumulam aumento
de 19% neste ano. Só em maio, os
sorvetes subiram 4,6%, e o doce
de leite, 6,2%. "O amargor da situação atual [mais inflação e menos emprego, renda em queda
etc.] deve estar aumentando o
consumo de doces e provocando
alta nos preços", disse o economista da Fipe, com um sorriso.
Sem corte
A taxa de inflação de 0,61% em
maio do IPCA do IBGE, acima do
que se previa, poderá inibir o corte nas taxas de juros já na próxima
reunião do Copom, diz o economista da Fipe.
Heron diz que o BC deveria reduzir a taxa de juros, nem que fosse apenas 0,5 ponto percentual,
para diminuir um pouco as discussões sobre o assunto.
"Mas não creio que o Banco
Central vá mexer nos juros neste
mês", diz ele. Heron diz que os juros altos vão derrubar a inflação,
mas levarão junto a economia.
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