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MARCHA LENTA
BC projeta maior dependência de capital de curto prazo
Governo já prevê crescimento menor que 2% em 2003
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após rever a projeção de crescimento para 2003 de 2,25% para
2%, o governo já acredita na possibilidade de nem atingir esse percentual. O chefe da Assessoria
Econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda,
disse ontem que a taxa pode variar de 1,8% a 2%.
O Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada) revisou
suas projeções de 1,8% para 1,6%
na semana passada.
Para Miranda, os números sobre a queda na atividade industrial preocupam. "Nós vemos isso
com preocupação. O rendimento
médio caiu, o desemprego aumentou. Mas estamos otimistas
porque achamos que já chegamos
ao nível mínimo de atividade",
disse Miranda, que acredita em
uma "melhora geral" da economia a partir do segundo semestre.
Também ontem o Banco Central refez suas projeções para as
contas externas deste ano e verificou que a dependência do país a
capitais de curto prazo deve ser
ainda maior do que o esperado.
Nas contas do BC, o Brasil irá receber US$ 10 bilhões em investimento estrangeiro direto em
2003, contra US$ 13 bilhões estimados há três meses. Já o ingresso
de recursos de curto prazo deve
chegar a US$ 3,8 bilhões, quase o
triplo do projetado em março.
A projeção para o saldo da balança comercial passou de US$ 16
bilhões para US$ 17,5 bilhões.
Os números foram publicados,
por engano, no site do BC -deveriam sair só no final do mês.
As projeções do BC mostram
que o fluxo de capital externo não
se normalizou, já que se observa
crescimento do volume de recursos de curto prazo. Esse pode ser
um dos motivos para a manutenção dos juros nos níveis atuais.
Capital de curto prazo é o nome
genérico dado aos empréstimos
feitos a empresas brasileiras que
têm prazo de vencimento inferior
a um ano. Isso significa que, potencialmente, os US$ 3,8 bilhões
que devem entrar no país podem
sair num prazo de até 12 meses.
O BC tem dito que as maiores
entradas de recursos de curto prazo são sinal de que o mercado está
voltando a investir no Brasil, depois da fuga ocorrida em 2002.
Mas os números mostram que a
normalização do fluxo vai demorar mais do que se esperava, o que
cria incerteza em relação ao equilíbrio das contas externas do país.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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