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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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MARCHA LENTA

BC projeta maior dependência de capital de curto prazo

Governo já prevê crescimento menor que 2% em 2003

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após rever a projeção de crescimento para 2003 de 2,25% para 2%, o governo já acredita na possibilidade de nem atingir esse percentual. O chefe da Assessoria Econômica do Ministério do Planejamento, José Carlos Miranda, disse ontem que a taxa pode variar de 1,8% a 2%.
O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revisou suas projeções de 1,8% para 1,6% na semana passada.
Para Miranda, os números sobre a queda na atividade industrial preocupam. "Nós vemos isso com preocupação. O rendimento médio caiu, o desemprego aumentou. Mas estamos otimistas porque achamos que já chegamos ao nível mínimo de atividade", disse Miranda, que acredita em uma "melhora geral" da economia a partir do segundo semestre.
Também ontem o Banco Central refez suas projeções para as contas externas deste ano e verificou que a dependência do país a capitais de curto prazo deve ser ainda maior do que o esperado.
Nas contas do BC, o Brasil irá receber US$ 10 bilhões em investimento estrangeiro direto em 2003, contra US$ 13 bilhões estimados há três meses. Já o ingresso de recursos de curto prazo deve chegar a US$ 3,8 bilhões, quase o triplo do projetado em março.
A projeção para o saldo da balança comercial passou de US$ 16 bilhões para US$ 17,5 bilhões.
Os números foram publicados, por engano, no site do BC -deveriam sair só no final do mês.
As projeções do BC mostram que o fluxo de capital externo não se normalizou, já que se observa crescimento do volume de recursos de curto prazo. Esse pode ser um dos motivos para a manutenção dos juros nos níveis atuais.
Capital de curto prazo é o nome genérico dado aos empréstimos feitos a empresas brasileiras que têm prazo de vencimento inferior a um ano. Isso significa que, potencialmente, os US$ 3,8 bilhões que devem entrar no país podem sair num prazo de até 12 meses.
O BC tem dito que as maiores entradas de recursos de curto prazo são sinal de que o mercado está voltando a investir no Brasil, depois da fuga ocorrida em 2002. Mas os números mostram que a normalização do fluxo vai demorar mais do que se esperava, o que cria incerteza em relação ao equilíbrio das contas externas do país.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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