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MARCHA LENTA
Metalúrgicas entregam a sindicatos pauta que inclui férias coletivas, redução de jornada e parcelamento das férias
Indústria faz proposta para não demitir
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se há três meses os trabalhadores saíram em busca de antecipações salariais para repor perdas
da inflação nos salários, dessa vez
são os patrões que entregam sua
pauta de reivindicação aos sindicatos para evitar demissões no setor metalúrgico.
Férias coletivas, redução da jornada, parcelamento do pagamento de férias e até mesmo redução
de salários são algumas das propostas que podem entrar em discussão hoje na reunião entre representantes de empresas ligadas
a nove sindicatos patronais da
Fiesp (Federação da Indústria do
Estado de São Paulo) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e região (Força Sindical).
Para Valdemar Cardoso de Andrade, negociador do grupo que
reúne os empresários desse setor,
a combinação entre juros altos,
encargos trabalhistas pesados e
elevada carga tributária agravou a
situação do setor. Esse grupo representa 25 mil indústrias -80%
entre micro e pequenas empresas- com 370 mil trabalhadores
no Estado de São Paulo.
"A queda nas vendas varia de
15% a 35% nos últimos dois meses em relação ao primeiro trimestre [considerado um dos períodos mais fracos para a indústria]. É um momento de muita dificuldade", diz.
Segundo o empresário, os setores mais afetados pela retração
nas vendas são os de artefatos de
metais, metais não-ferrosos (torneiras e de produtos sanitários) e
de ferragens (dobradiças). Um estudo mostrando a situação do setor deverá ser apresentado na reunião de hoje com os metalúrgicos.
Andrade informou também
que o custo da matéria-prima
-aço e plástico, produtos cotados em moeda estrangeira- aliado ao aumento dos preços das
embalagens pressiona as empresas do setor a adotarem medidas
como férias coletivas. O sindicato
dos metalúrgicos informou que
havia sido procurado por empresas desses segmentos para fazer
acordos que ajudassem a driblar a
crise no setor e evitassem a dispensa de funcionários.
Eleno Bezerra, presidente do
sindicato dos trabalhadores, informou que as indústrias culpam
a alta dos juros e a estagnação da
economia pela atual crise nas vendas, mas que os empresários estão
dispostos a encontrar alternativas
para não ter de demitir.
As empresas que pretendem
conceder coletivas aos seus funcionários, diz Andrade, também
encontram dificuldades para
cumprir os acordos de antecipação salarial, feito com os metalúrgicos desde março. "Não fechamos acordo por setor pagando
10% de antecipação, mas as empresas que fizeram acordos individuais estão encontrando dificuldades para cumpri-los porque
as vendas estão muito retraídas",
afirma Andrade.
Alternativas
Metade dos 800 empregados de
quatro metalúrgicas de São Paulo
-Alumínio Marpal, Grupo Maia,
Zincafer e Metalúrgica Seer- está em férias coletivas, segundo o
sindicato dos metalúrgicos.
Outras empresas -como a fabricante de freezers Metalfrio e a
de peças para bicicletas Projema- estão usando banco de horas para desacelerar a produção e
evitar cortes de pessoal.
A Multibrás, fabricante de fogões, reduziu a jornada aos sábados e reagrupou turnos de funcionários para concentrar a produção e diminuir custos.
As vendas de eletroeletrônicos
registraram queda de 14,27% nas
vendas no primeiro trimestre de
2003 em relação a igual período
de 2002, segundo levantamento
da Eletros -a associação nacional do setor. Nas empresas da linha branca (fogão, geladeira), a
queda nas vendas chega a 15,65%
na comparação com março de
2002.
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