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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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MARCHA LENTA

Metalúrgicas entregam a sindicatos pauta que inclui férias coletivas, redução de jornada e parcelamento das férias

Indústria faz proposta para não demitir

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se há três meses os trabalhadores saíram em busca de antecipações salariais para repor perdas da inflação nos salários, dessa vez são os patrões que entregam sua pauta de reivindicação aos sindicatos para evitar demissões no setor metalúrgico.
Férias coletivas, redução da jornada, parcelamento do pagamento de férias e até mesmo redução de salários são algumas das propostas que podem entrar em discussão hoje na reunião entre representantes de empresas ligadas a nove sindicatos patronais da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e região (Força Sindical).
Para Valdemar Cardoso de Andrade, negociador do grupo que reúne os empresários desse setor, a combinação entre juros altos, encargos trabalhistas pesados e elevada carga tributária agravou a situação do setor. Esse grupo representa 25 mil indústrias -80% entre micro e pequenas empresas- com 370 mil trabalhadores no Estado de São Paulo.
"A queda nas vendas varia de 15% a 35% nos últimos dois meses em relação ao primeiro trimestre [considerado um dos períodos mais fracos para a indústria]. É um momento de muita dificuldade", diz.
Segundo o empresário, os setores mais afetados pela retração nas vendas são os de artefatos de metais, metais não-ferrosos (torneiras e de produtos sanitários) e de ferragens (dobradiças). Um estudo mostrando a situação do setor deverá ser apresentado na reunião de hoje com os metalúrgicos.
Andrade informou também que o custo da matéria-prima -aço e plástico, produtos cotados em moeda estrangeira- aliado ao aumento dos preços das embalagens pressiona as empresas do setor a adotarem medidas como férias coletivas. O sindicato dos metalúrgicos informou que havia sido procurado por empresas desses segmentos para fazer acordos que ajudassem a driblar a crise no setor e evitassem a dispensa de funcionários.
Eleno Bezerra, presidente do sindicato dos trabalhadores, informou que as indústrias culpam a alta dos juros e a estagnação da economia pela atual crise nas vendas, mas que os empresários estão dispostos a encontrar alternativas para não ter de demitir.
As empresas que pretendem conceder coletivas aos seus funcionários, diz Andrade, também encontram dificuldades para cumprir os acordos de antecipação salarial, feito com os metalúrgicos desde março. "Não fechamos acordo por setor pagando 10% de antecipação, mas as empresas que fizeram acordos individuais estão encontrando dificuldades para cumpri-los porque as vendas estão muito retraídas", afirma Andrade.

Alternativas
Metade dos 800 empregados de quatro metalúrgicas de São Paulo -Alumínio Marpal, Grupo Maia, Zincafer e Metalúrgica Seer- está em férias coletivas, segundo o sindicato dos metalúrgicos.
Outras empresas -como a fabricante de freezers Metalfrio e a de peças para bicicletas Projema- estão usando banco de horas para desacelerar a produção e evitar cortes de pessoal.
A Multibrás, fabricante de fogões, reduziu a jornada aos sábados e reagrupou turnos de funcionários para concentrar a produção e diminuir custos.
As vendas de eletroeletrônicos registraram queda de 14,27% nas vendas no primeiro trimestre de 2003 em relação a igual período de 2002, segundo levantamento da Eletros -a associação nacional do setor. Nas empresas da linha branca (fogão, geladeira), a queda nas vendas chega a 15,65% na comparação com março de 2002.


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