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São Paulo, quinta-feira, 12 de junho de 2003

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CRISE NO AR

Manutenção de aeronaves seria novo entrave

Fusão entre Varig e TAM já está na fase final, diz ministro da Defesa

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Defesa, José Viegas Filho, afirmou ontem que a Varig "corre o risco de fechar" se não for fundida com a TAM. Ele disse, entretanto, que as negociações para a fusão estavam praticamente concluídas, faltando apenas ser formalizadas.
"Minha expectativa é positiva. As negociações substantivas estão concluídas. A conclusão jurídica pode demorar mais uns dias", afirmou Viegas.
A questão "jurídica" citada por Viegas se refere a um acordo de irreversibilidade da fusão a ser assinado pelas duas empresas. Esse documento garantiria que as duas empresas não pretendem desistir da fusão. Com o acordo, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) irá liberar US$ 120 milhões para que a Varig sobreviva até a fusão ser definitivamente concluída.
O presidente da Varig, Roberto Macedo reuniu-se com Viegas e afirmou que o acordo será assinado "nos próximos dias".

Discórdia
A Folha apurou que o grande ponto de discórdia existente atualmente entre a Varig e a TAM para que a fusão diz respeito à manutenção das aeronaves.
A Fundação Ruben Berta, dona da Varig, quer garantir a exclusividade da manutenção dos aviões da "nova Varig" para a VEM (Varig Engenharia e Manutenção), uma de suas companhias que não entrariam na fusão. Com sede no Rio, ela é especializada em Boeing e MD-11.
A fundação quer que a VEM incorpore o centro tecnológico da TAM, localizado em São Carlos (no interior de São Paulo). O centro é especializado em Airbus e Fokker e já exigiu investimentos de R$ 40 milhões.
A Folha apurou que a TAM se recusa a ceder o centro à VEM. Aceitaria fazer isso somente se a VEM passe a fazer parte da "nova Varig".

Sem receita
A Fundação Ruben Berta se nega a incluir a VEM na fusão. Quer garantir que essa empresa de manutenção seja uma de suas fontes de renda após a fusão. Isso porque, a fundação terá apenas cerca de 2,5% da "nova Varig" -outros acionistas da Varig ficariam com outros 2,5%. A TAM ficaria com 35%, os credores internacionais com 20% e empresas estatais (como a Infraero e BR Distribuidora) com 40%.
Segundo um especialista do setor de aviação, a fundação precisa de fontes de receita em torno de R$ 500 milhões ao ano para sobreviver. A VEM faturou R$ 416 milhões no ano passado. A Sata (empresa de serviços de terra), também da fundação, teve uma receita de R$ 176 milhões em 2001.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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