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Justiça decidirá hoje o destino da Varig
Consórcio que fez a única proposta tem até as 14h para detalhar oferta; se juiz não aceitar, poderá haver "leilão informal'
Origem dos recursos para
comprar a companhia e o
nome dos investidores
interessados em financiar
negócio são pendências
JANAINA LAGE
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
MAELI PRADO
DA ENVIADA AO RIO
A Justiça do Rio bate hoje o
martelo em relação ao futuro
da Varig. O juiz Luiz Roberto
Ayoub, da 8ª Vara Empresarial,
decidirá se aceita ou não a proposta feita pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) para
comprar a companhia aérea.
O TGV, que reúne associações de pilotos, comissários e
mecânicos de vôo, foi o único
investidor a apresentar uma
proposta no leilão da empresa
na quinta: R$ 1,010 bilhão em
dinheiro, créditos trabalhistas
e debêntures da nova empresa.
Um dos principais pontos
pendentes é a identidade dos
investidores da NV Participações (TGV mais quatro investidores) e a origem do dinheiro. A
Justiça resiste a homologar a
venda sem ter conhecimento
desses dados; a NV informou
ontem que não vai revelar os
nomes dos investidores até ter
"segurança jurídica" -obter a
aprovação do juiz- para isso.
O advogado Otávio Neves,
que representa a NV, disse que
o edital não exige a identidade e
vai se negar a informar os nomes para não expor os clientes.
Neves prometeu ontem processar o reestruturador da Varig, Marcelo Gomes (Alvarez & Marsal), e seu administrador
judicial, Luiz Fiori (Deloitte),
em razão de supostos prejuízos
sofridos nos últimos dias pelo
que chama de falta de "segurança jurídica".
Para ele, o pedido de explicações dos dois a respeito da proposta de que o pagamento de
R$ 500 milhões seja feito à vista, e não em 20 anos, impediu o
juiz de homologar a oferta pela
Varig Operações e levou ao arresto de sete aviões da empresa
nos EUA e ao cancelamento de
vôos e operações da Varig. A NV
diz que o uso de debêntures era
previsto no edital.
Ayoub intimou a NV Participações (nome do consórcio que
é liderado pelo TGV), a partir
de pareceres do administrador
e do reestruturador, a esclarecer até as 14h de hoje os principais pontos da proposta, como
a origem dos recursos para
comprar a companhia e o nome
dos investidores interessados
em financiar parte da compra.
Na sexta, um dia depois do
leilão, outro investidor apresentou proposta pela Varig: a
Multilong Corporation, nome
fantasia da Multilong Assessoria e Consultoria, do empresário brasileiro Michael Breslow.
Essa proposta também será
analisada por Ayoub.
Alternativas
De acordo com o que a assessoria do Tribunal de Justiça informou na última sexta, se o
lance do TGV for recusado, há
outras hipóteses para a Varig,
além da falência.
Uma delas é a realização de
um "leilão informal", em que as
demais empresas que se credenciaram no leilão da Varig
(TAM, Gol, OceanAir e Céu
Azul, representado pelo escritório Ulhôa Canto, Rezende e
Guerra) poderiam apresentar
novas propostas. Nenhuma
apresentou ofertas quando teve oportunidade. Ontem, o advogado Neves não negou nem
confirmou se a OceanAir faria
parte do grupo.
Uma decisão também fundamental para a companhia será
tomada amanhã, quando o juiz
Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, decidirá
se prorroga ou não o prazo de
proteção contra arresto dos
aviões da Varig nos EUA.
Depois que a Boeing ganhou
na Justiça americana o direito
de retomar sete aeronaves, na
última sexta, há ainda o receio
de que outros arrendadores resolvam recuperar seus aviões.
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