São Paulo, segunda-feira, 12 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça decidirá hoje o destino da Varig

Consórcio que fez a única proposta tem até as 14h para detalhar oferta; se juiz não aceitar, poderá haver "leilão informal'

Origem dos recursos para comprar a companhia e o nome dos investidores interessados em financiar negócio são pendências

JANAINA LAGE
RAPHAEL GOMIDE

DA SUCURSAL DO RIO

MAELI PRADO
DA ENVIADA AO RIO

A Justiça do Rio bate hoje o martelo em relação ao futuro da Varig. O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial, decidirá se aceita ou não a proposta feita pelo TGV (Trabalhadores do Grupo Varig) para comprar a companhia aérea.
O TGV, que reúne associações de pilotos, comissários e mecânicos de vôo, foi o único investidor a apresentar uma proposta no leilão da empresa na quinta: R$ 1,010 bilhão em dinheiro, créditos trabalhistas e debêntures da nova empresa.
Um dos principais pontos pendentes é a identidade dos investidores da NV Participações (TGV mais quatro investidores) e a origem do dinheiro. A Justiça resiste a homologar a venda sem ter conhecimento desses dados; a NV informou ontem que não vai revelar os nomes dos investidores até ter "segurança jurídica" -obter a aprovação do juiz- para isso.
O advogado Otávio Neves, que representa a NV, disse que o edital não exige a identidade e vai se negar a informar os nomes para não expor os clientes.
Neves prometeu ontem processar o reestruturador da Varig, Marcelo Gomes (Alvarez & Marsal), e seu administrador judicial, Luiz Fiori (Deloitte), em razão de supostos prejuízos sofridos nos últimos dias pelo que chama de falta de "segurança jurídica".
Para ele, o pedido de explicações dos dois a respeito da proposta de que o pagamento de R$ 500 milhões seja feito à vista, e não em 20 anos, impediu o juiz de homologar a oferta pela Varig Operações e levou ao arresto de sete aviões da empresa nos EUA e ao cancelamento de vôos e operações da Varig. A NV diz que o uso de debêntures era previsto no edital.
Ayoub intimou a NV Participações (nome do consórcio que é liderado pelo TGV), a partir de pareceres do administrador e do reestruturador, a esclarecer até as 14h de hoje os principais pontos da proposta, como a origem dos recursos para comprar a companhia e o nome dos investidores interessados em financiar parte da compra.
Na sexta, um dia depois do leilão, outro investidor apresentou proposta pela Varig: a Multilong Corporation, nome fantasia da Multilong Assessoria e Consultoria, do empresário brasileiro Michael Breslow. Essa proposta também será analisada por Ayoub.

Alternativas
De acordo com o que a assessoria do Tribunal de Justiça informou na última sexta, se o lance do TGV for recusado, há outras hipóteses para a Varig, além da falência.
Uma delas é a realização de um "leilão informal", em que as demais empresas que se credenciaram no leilão da Varig (TAM, Gol, OceanAir e Céu Azul, representado pelo escritório Ulhôa Canto, Rezende e Guerra) poderiam apresentar novas propostas. Nenhuma apresentou ofertas quando teve oportunidade. Ontem, o advogado Neves não negou nem confirmou se a OceanAir faria parte do grupo.
Uma decisão também fundamental para a companhia será tomada amanhã, quando o juiz Robert Drain, da Corte de Falências de Nova York, decidirá se prorroga ou não o prazo de proteção contra arresto dos aviões da Varig nos EUA.
Depois que a Boeing ganhou na Justiça americana o direito de retomar sete aeronaves, na última sexta, há ainda o receio de que outros arrendadores resolvam recuperar seus aviões.


Texto Anterior: Investidores continuam atentos a dados dos EUA
Próximo Texto: Febre aftosa: Rodrigues vai à Rússia negociar fim de embargo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.