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Oposição busca ligar governo ao caso; aliados minimizam pressão
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de mais de 13 horas de
depoimento tenso, uma prova
de resistência sem direito a almoço, os líderes do governo,
Romero Jucá (PMDB-RR), e do
PT, Ideli Salvatti (SC), tentaram amenizar a pressão que
Denise Abreu disse ter sido imposta à Anac. Mas admitiram a
interferência do governo no
episódio. "Ela chama de pressão uma coisa que nós achamos
ser preocupação do governo",
disse a petista. "Houve pressão
de todos os lados. O governo só
cobrou procedimento para a
Anac dar suporte à Justiça",
completou Jucá.
Base e oposição trocaram os
papéis protagonizados durante
a CPI do Apagão, em 2007. Enquanto os aliados do Palácio do
Planalto tentavam desqualificar as denúncias apresentadas
pela ex-diretora da Anac, tucanos e democratas faziam de tudo para arrancar declarações
de como a Casa Civil interferiu
no processo.
Os membros da base tentaram formular os próprios questionamentos com a ajuda de sete páginas impressas em preto
e amarelo com detalhes do processo de venda da Varig -era
um resumo distribuído pelo gabinete do ministro José Múcio
(Relações Institucionais) com
erros factuais, como o número
de leilões para a venda.
A oposição recorreu a uma
apresentação animada em
computador e a documentos
como uma carta de desabafo
que teria sido escrita pelo ex-presidente da Anac Milton
Zuanazzi. Denise disse que tratava-se de um e-mail para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) que foi disponibilizado na
rede interna da Anac para todos os 1.800 funcionários. Zuanazzi voltou a dizer que o conteúdo da carta a Dilma foi forjado. "Não reconheço."
A base não permitiu uma
acareação entre Zuanazzi e Denise Abreu. Os outros convidados para a audiência só começaram a prestar depoimento
sete horas depois de iniciada a
sessão. "Parece que o líder [Romero] Jucá tem uma procuração para falar em nome de Milton Zuanazzi", falou o senador
Flexa Ribeiro (PSDB-PA).
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), também brincou
com o líder do governo, que
acabara de quebrar um copo.
"Ele não consumiu o Lexotan
de praxe", disse, referindo-se
ao notório ansiolítico.
Os depoimentos, que começaram às 10h e acabaram por
volta das 23h, foram extenuantes para os presentes. Denise
queixou-se várias vezes de que
não lhe foi permitido um intervalo para almoçar. Senadores
falaram em "respostas prejudicadas" pelo cansaço.
O momento mais tenso do
depoimento foi uma ameaça de
bate-boca entre Denise e Wellington Salgado (PMDB-MG),
que disse que a ex-diretora passou por uma "transformação
espiritual" que criou uma "nova Denise", análoga à "nova Varig". Denise reagiu incisivamente e foi defendida por Arthur Virgílio -que pediu ao colega mais cortesia. Salgado ainda tentou dizer que não quis ser
agressivo.
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