São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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AVIAÇÃO
Empresa deve vender 200 aeronaves, com financiamento do BNDES; empresa suíça encomendará 81 unidades
Embraer anunciará vendas de US$ 4,8 bi

HAROLDO CERAVOLO SEREZA
de Paris

A Embraer deve anunciar na próxima semana a venda de cerca de 200 aeronaves. Os negócios chegariam ao valor de US$ 4,8 bilhões.
A companhia de aviação regional suíça Crossair anunciou nesta semana que pretende renovar sua frota, comprando 81 novos modelos da empresa brasileira. Ontem, a Alitalia, companhia italiana, também afirmou que está comprando seis aviões da Embraer.
"Pode até passar de 200", afirmou ontem em Paris o presidente da empresa, Maurício Novis Botelho. A Embraer participa na semana que vem da feira de Le Bourget, dedicada ao mercado aeroespacial. Na feira são tradicionalmente fechados negócios do setor.
Ontem, num seminário promovido pela Embraer na Embaixada do Brasil na França, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), José Pio Borges, afirmou a uma platéia de empresários franceses que o banco vai financiar a venda de 200 aviões.
Após Pio Borges comentar o empréstimo, Botelho negou que o valor total (US$ 4,8 bilhões) estivesse fechado e afirmou ser difícil precisá-lo, pois as compradoras ainda estariam definindo os modelos que vão adquirir. Disse também que preferia anunciar os negócios durante a semana.
A Crossair decidiu comprar os aviões da Embraer para padronizar a frota. A empresa brasileira está oferecendo modelos de jatos que variam de 37 (ERJ-135) a 108 lugares (ERJ-190). A maioria das peças utilizadas nesses aviões são compatíveis.
O mercado de aviões civis regionais é o principal nicho em que atua a empresa brasileira, também fabricante de aviões de uso militar, como o Tucano e o AMX.
Até recentemente, o grande produto da empresa era o turboélice Brasília. Com a família ERJ, introduzida em 1996, em que investiu US$ 850 milhões no desenvolvimento, a Embraer passou a competir no mercado de aviões de médio porte a jato.

Expectativa
Nos próximos dez anos, a empresa espera vender 400 aviões de 70 lugares, 175 de 98 e 75 de 108.
A Embraer planeja também ampliar a participação do setor militar no faturamento da empresa, atualmente responsável por apenas cerca de 10%. Um de seus novos produtos na área é uma versão do ERJ-145 para patrulha aérea, já adquirida pelos governos grego e brasileiro.
Durante o seminário, Botelho negou que o banco Bozano, Simonsen, que detém 29,1% das ações ordinárias (com direito a voto) da empresa, pretenda se desfazer de sua participação. "O banco vai continuar na empresa."
Botelho, no entanto, disse que o Bozano, Simonsen pode vender ações para que um novo parceiro passe a fazer parte do grupo.
Assim, o novo sócio da Embraer assumiria também os riscos do negócio.


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