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Consulado espanhol tem longa fila em Buenos Aires
DE BUENOS AIRES
Postado por horas à frente do
consulado-geral da Espanha, em
Buenos Aires, o estudante Joaquín Alanoa, 23, espera sua vez
numa longa fila.
Todos aguardam para apresentar sua documentação e requerer
a cidadania espanhola, com a qual
terão aberto o mercado de trabalho na Europa. "Aqui não há trabalho, espero que lá consiga alguma coisa", diz Alanoa.
Como ele, mais de uma centena
de pessoas procura diariamente o
consulado espanhol à procura do
sonhado passaporte europeu.
Com frequência, a fila começa a se
formar ainda de madrugada, com
muitos que vêm de longe e querem garantir o atendimento.
Projeto de vida
"Pelo menos na Espanha poderemos ter um projeto de vida, o
que aqui na Argentina é impossível", diz Cora García, 48, uma dona-de-casa que vive em Mar del
Plata, cidade cerca de 400 km ao
sul de Buenos Aires.
Seu marido vive há mais de um
ano entre Mar del Plata e Buenos
Aires, onde passou a trabalhar como taxista depois que perdeu seu
emprego como engenheiro quando a empresa onde trabalhava
quebrou. "Depois tentei arrumar
emprego, mas com a minha idade
é impossível", diz ela.
Sair com a família
Ao seu lado, a dona-de-casa
Noemi Bello, 48, conta que pretende conseguir a cidadania espanhola para dar uma garantia aos
filhos. "Não pretendo, por enquanto, sair do país, mas quero
garantir o futuro dos meus filhos.
Se a situação continuar assim, seria melhor que eles buscassem algo fora do país", diz ela, ao lado da
filha, Laura, 18, estudante de medicina na Universidade de Buenos
Aires. Laura conta que o padrão
de vida da família caiu muito nos
últimos anos, por causa da crise
econômica. "Deixamos de sair
com a família para comer fora ou
ir ao cinema", conta. "Há três
anos que não viajamos mais nas
férias também", diz.
Para o empresário Manuel Magariños, 53, a falta de perspectivas
na Argentina o levou a programar
uma mudança para a Espanha,
terra natal de sua mulher, María
Jesús Fernandez, 53, levando também os filhos Emanuel, 18, e Sabrina, 20.
"Nunca vi situação econômica
tão ruim como agora", diz ele, cuja imobiliária enfrenta uma grave
dificuldade financeira.
"Nem mesmo na época da hiperinflação a situação era tão difícil.
Naquela época pelo menos se
vendia", diz o empresário.
Segundo María Jesús, eles pretendem se estabelecer em Barcelona ou na Galícia, onde têm parentes, para tentar abrir uma loja.
"Temos esperança de que lá nossa
vida será melhor", diz.
(RW)
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