São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2001

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Consulado espanhol tem longa fila em Buenos Aires

DE BUENOS AIRES

Postado por horas à frente do consulado-geral da Espanha, em Buenos Aires, o estudante Joaquín Alanoa, 23, espera sua vez numa longa fila.
Todos aguardam para apresentar sua documentação e requerer a cidadania espanhola, com a qual terão aberto o mercado de trabalho na Europa. "Aqui não há trabalho, espero que lá consiga alguma coisa", diz Alanoa.
Como ele, mais de uma centena de pessoas procura diariamente o consulado espanhol à procura do sonhado passaporte europeu. Com frequência, a fila começa a se formar ainda de madrugada, com muitos que vêm de longe e querem garantir o atendimento.

Projeto de vida
"Pelo menos na Espanha poderemos ter um projeto de vida, o que aqui na Argentina é impossível", diz Cora García, 48, uma dona-de-casa que vive em Mar del Plata, cidade cerca de 400 km ao sul de Buenos Aires.
Seu marido vive há mais de um ano entre Mar del Plata e Buenos Aires, onde passou a trabalhar como taxista depois que perdeu seu emprego como engenheiro quando a empresa onde trabalhava quebrou. "Depois tentei arrumar emprego, mas com a minha idade é impossível", diz ela.

Sair com a família
Ao seu lado, a dona-de-casa Noemi Bello, 48, conta que pretende conseguir a cidadania espanhola para dar uma garantia aos filhos. "Não pretendo, por enquanto, sair do país, mas quero garantir o futuro dos meus filhos. Se a situação continuar assim, seria melhor que eles buscassem algo fora do país", diz ela, ao lado da filha, Laura, 18, estudante de medicina na Universidade de Buenos Aires. Laura conta que o padrão de vida da família caiu muito nos últimos anos, por causa da crise econômica. "Deixamos de sair com a família para comer fora ou ir ao cinema", conta. "Há três anos que não viajamos mais nas férias também", diz.
Para o empresário Manuel Magariños, 53, a falta de perspectivas na Argentina o levou a programar uma mudança para a Espanha, terra natal de sua mulher, María Jesús Fernandez, 53, levando também os filhos Emanuel, 18, e Sabrina, 20.
"Nunca vi situação econômica tão ruim como agora", diz ele, cuja imobiliária enfrenta uma grave dificuldade financeira.
"Nem mesmo na época da hiperinflação a situação era tão difícil. Naquela época pelo menos se vendia", diz o empresário.
Segundo María Jesús, eles pretendem se estabelecer em Barcelona ou na Galícia, onde têm parentes, para tentar abrir uma loja. "Temos esperança de que lá nossa vida será melhor", diz. (RW)



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