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COMÉRCIO EXTERIOR
Empresas que buscam ACC e ACE já conseguem taxas de juros menores, mas prazo continua curto
Crédito para venda externa custa menos
JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL
A semana pós-acordo com o
FMI fez o crédito para os exportadores começar a ficar um pouco
mais barato. Empresas à procura
de contratos de ACC e ACE, as
principais linhas de financiamento à exportação, conseguiram na
praça brasileira taxas de juros até
0,5 ponto percentual menores do
que na semana anterior.
O recuo ainda é acanhado se se
considerar o cenário em que os
exportadores se encontravam no
começo deste ano. Antes, pagava-se por um contrato como esse a
taxa Libor -juros do mercado
londrino usados como referência
internacional, de 3,56% para 180
dias- mais spread (taxa adicional de juros) em torno de 0,5% sobre o valor da operação. Nos últimos dois meses, com a crise renovada, o spread subiu para até 3%.
A última semana, no entanto,
suavizou um pouco mais o custo
do empréstimo. "Já começamos a
olhar o que a concorrência está
oferecendo e diminuímos nossas
taxas", disse Angelo Vasconcellos, diretor de câmbio do Unibanco. Vasconcellos afirma que
quem conseguia 1,5% de spread já
encontra até 1%.
O tamanho do recuo do spread
depende do porte da empresa e
do relacionamento que tem com a
instituição financeira. Mas, na
média, a queda de uma semana
para a outra já chega a 0,25 ponto
percentual. "Mais três semanas
como essa e a situação desse segmento começaria a voltar ao normal", avalia Sérgio Rozenblit, diretor-adjunto da área de câmbio
do Citibank.
Adiantamento de Contratos de
Câmbio e Adiantamento de Cambiais Entregues são meios usados
pelos exportadores para antecipar
o dinheiro que só receberiam bem
mais tarde -no caso de vendas a
prazo, por exemplo. Contratos
como esses representam cerca de
80% do total de financiamentos à
exportação. Na maioria das vezes,
é dinheiro usado para financiar a
produção.
Os contratos continuam, porém, de curtíssimo prazo, ainda
sinal de que a turbulência não
amainou. No começo deste ano,
havia operações feitas por um período de um a dois anos. Há dois
meses, encurtaram para 180 dias.
Agora, valem por um prazo inferior a 90 dias.
Somados, crise argentina, escassez de financiamento externo, risco de apagão e proximidade das
eleições de 2002 dificultam a extensão do crédito. Exportadores
preferem que o prazo seja menor
para que possam renová-lo com
custos menores caso o cenário
macroeconômico melhore.
Mais contratos
A perspectiva de queda maior
do dólar -que recuou 1,68% na
semana que passou- também levou ao aumento da procura pelos
contratos de ACC e ACE. Com
um câmbio entre R$ 2,47 e R$
2,49, exportadores preferem se
adiantar e contratar logo o câmbio, para garantir mais reais antes
que a moeda norte-americana
possa cair mais.
Osanan Barros, superintendente da área internacional do Banco
do Brasil, diz que os contratos somaram US$ 45 milhões ao dia na
semana passada, contra US$ 40
milhões ao dia na anterior. O BB é
líder no financiamento ao comércio exterior e responde por 25%
desse segmento.
Exportadores costumam procurar esses contratos principalmente quando o dólar dispara em
relação ao real. Com isso, conseguem aumentar seus ganhos, pois
obtêm mais reais na hora da conversão.
Para Rozenblit, foi justamente
por causa do repique do dólar, há
dois meses, que o mercado ainda
continua "um pouco esvaziado".
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