São Paulo, domingo, 12 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Empresas que buscam ACC e ACE já conseguem taxas de juros menores, mas prazo continua curto

Crédito para venda externa custa menos

JOSÉLIA AGUIAR
DA REPORTAGEM LOCAL

A semana pós-acordo com o FMI fez o crédito para os exportadores começar a ficar um pouco mais barato. Empresas à procura de contratos de ACC e ACE, as principais linhas de financiamento à exportação, conseguiram na praça brasileira taxas de juros até 0,5 ponto percentual menores do que na semana anterior.
O recuo ainda é acanhado se se considerar o cenário em que os exportadores se encontravam no começo deste ano. Antes, pagava-se por um contrato como esse a taxa Libor -juros do mercado londrino usados como referência internacional, de 3,56% para 180 dias- mais spread (taxa adicional de juros) em torno de 0,5% sobre o valor da operação. Nos últimos dois meses, com a crise renovada, o spread subiu para até 3%.
A última semana, no entanto, suavizou um pouco mais o custo do empréstimo. "Já começamos a olhar o que a concorrência está oferecendo e diminuímos nossas taxas", disse Angelo Vasconcellos, diretor de câmbio do Unibanco. Vasconcellos afirma que quem conseguia 1,5% de spread já encontra até 1%.
O tamanho do recuo do spread depende do porte da empresa e do relacionamento que tem com a instituição financeira. Mas, na média, a queda de uma semana para a outra já chega a 0,25 ponto percentual. "Mais três semanas como essa e a situação desse segmento começaria a voltar ao normal", avalia Sérgio Rozenblit, diretor-adjunto da área de câmbio do Citibank.
Adiantamento de Contratos de Câmbio e Adiantamento de Cambiais Entregues são meios usados pelos exportadores para antecipar o dinheiro que só receberiam bem mais tarde -no caso de vendas a prazo, por exemplo. Contratos como esses representam cerca de 80% do total de financiamentos à exportação. Na maioria das vezes, é dinheiro usado para financiar a produção.
Os contratos continuam, porém, de curtíssimo prazo, ainda sinal de que a turbulência não amainou. No começo deste ano, havia operações feitas por um período de um a dois anos. Há dois meses, encurtaram para 180 dias. Agora, valem por um prazo inferior a 90 dias.
Somados, crise argentina, escassez de financiamento externo, risco de apagão e proximidade das eleições de 2002 dificultam a extensão do crédito. Exportadores preferem que o prazo seja menor para que possam renová-lo com custos menores caso o cenário macroeconômico melhore.

Mais contratos
A perspectiva de queda maior do dólar -que recuou 1,68% na semana que passou- também levou ao aumento da procura pelos contratos de ACC e ACE. Com um câmbio entre R$ 2,47 e R$ 2,49, exportadores preferem se adiantar e contratar logo o câmbio, para garantir mais reais antes que a moeda norte-americana possa cair mais.
Osanan Barros, superintendente da área internacional do Banco do Brasil, diz que os contratos somaram US$ 45 milhões ao dia na semana passada, contra US$ 40 milhões ao dia na anterior. O BB é líder no financiamento ao comércio exterior e responde por 25% desse segmento.
Exportadores costumam procurar esses contratos principalmente quando o dólar dispara em relação ao real. Com isso, conseguem aumentar seus ganhos, pois obtêm mais reais na hora da conversão.
Para Rozenblit, foi justamente por causa do repique do dólar, há dois meses, que o mercado ainda continua "um pouco esvaziado".



Texto Anterior: Lojas querem reduzir número de parcelas
Próximo Texto: Mercados e serviços: Justiça manda devolver IOF sobre cruzados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.