São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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CUSTO DE VIDA

Luz e telefone levam IPCA a 0,91%; IBGE descarta pressão de demanda

Puxada por tarifa, inflação de julho é a maior em 15 meses

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

Impulsionada pelas tarifas públicas, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) manteve a trajetória de alta e atingiu 0,91% em julho, maior taxa desde abril do ano passado (0,97%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em junho, o IPCA havia registrado variação de 0,71%, e, em julho do ano passado, de 0,20%.
O IPCA acumula no ano alta de 4,42%. Em 12 meses, registra variação de 6,81%.
O indicador serve de parâmetro para o sistema de metas de inflação do Banco Central. A meta para 2004 é de 5,5%. No entanto, há uma margem de erro de 2,5 pontos, para cima ou para baixo.
A gerente do Sistema de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes da Silva, ressalta que a aceleração da inflação em julho é pontual e reflete principalmente os impactos dos reajustes de energia elétrica e telefonia fixa. De acordo com ela, excluindo esses dois itens, a inflação do mês passado teria recuado para 0,58%.
"Não há evidência de pressão de demanda nem sinais de que as pressões de custos vão chegar ao varejo", afirmou.
A energia elétrica subiu 3,67% no mês, pressionada pelos reajustes em São Paulo e em Curitiba. Só na região metropolitana de São Paulo, que tem o maior peso na composição do IPCA, o índice captou alta de 10,87% na conta.
Os serviços de telefonia fixa subiram em média 4,88% no país, devido aos reajustes contratuais.
Combustíveis e alimentos, embora continuem com alta, desaceleraram em relação a junho. Os alimentos reduziram a variação de 0,72% para 0,67% no período. A gasolina passou de uma alta de 3,52% para 2,46%.
Outros itens como vestuário e automóveis novos também mostram redução no ritmo de aumento dos preços. O primeiro passou de 1,14% para 0,51%, e o segundo, de 1,13% para 0,40%.
As desacelerações nesses itens, diz Eulina, comprovam que ainda não há pressão de demanda.
Das 11 regiões metropolitanas que fazem parte da pesquisa, a maior alta foi verificada em São Paulo (1,19%). Já a menor variação ocorreu em Belém (+0,24%), onde os alimentos apresentaram queda de 1,07%. No Rio de Janeiro, a variação foi de 0,94%.
De acordo com Eulina, os impactos de telefonia fixa e luz na inflação serão menores em agosto.
Para o economista-chefe da consultoria Global Station, Marcelo de Ávila, a tendência é a desaceleração da inflação. "Esse foi o maior patamar do ano, e, com certeza, se o petróleo não passar dos US$ 50 no curto prazo, a taxa de julho não será superada."
Na análise de Ávila, mesmo que a Petrobras promova ainda neste mês um aumento de 10% no preço da gasolina nas refinarias, a alta nas bombas não deve superar 7%.
No cálculo do economista, um aumento nos postos de 7% na gasolina causaria impacto de 0,27 ponto percentual no IPCA, que seria dividido entre agosto e setembro. Ou seja, haveria espaço para a diminuição da inflação.


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