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CUSTO DE VIDA
Luz e telefone levam IPCA a 0,91%; IBGE descarta pressão de demanda
Puxada por tarifa, inflação de
julho é a maior em 15 meses
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
Impulsionada pelas tarifas públicas, a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo) manteve a
trajetória de alta e atingiu 0,91%
em julho, maior taxa desde abril
do ano passado (0,97%), segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Em junho, o IPCA havia registrado variação de 0,71%, e, em julho do ano passado, de 0,20%.
O IPCA acumula no ano alta de
4,42%. Em 12 meses, registra variação de 6,81%.
O indicador serve de parâmetro
para o sistema de metas de inflação do Banco Central. A meta para 2004 é de 5,5%. No entanto, há
uma margem de erro de 2,5 pontos, para cima ou para baixo.
A gerente do Sistema de Índices
de Preços do IBGE, Eulina Nunes
da Silva, ressalta que a aceleração
da inflação em julho é pontual e
reflete principalmente os impactos dos reajustes de energia elétrica e telefonia fixa. De acordo com
ela, excluindo esses dois itens, a
inflação do mês passado teria recuado para 0,58%.
"Não há evidência de pressão de
demanda nem sinais de que as
pressões de custos vão chegar ao
varejo", afirmou.
A energia elétrica subiu 3,67%
no mês, pressionada pelos reajustes em São Paulo e em Curitiba. Só
na região metropolitana de São
Paulo, que tem o maior peso na
composição do IPCA, o índice
captou alta de 10,87% na conta.
Os serviços de telefonia fixa subiram em média 4,88% no país,
devido aos reajustes contratuais.
Combustíveis e alimentos, embora continuem com alta, desaceleraram em relação a junho. Os
alimentos reduziram a variação
de 0,72% para 0,67% no período.
A gasolina passou de uma alta de
3,52% para 2,46%.
Outros itens como vestuário e
automóveis novos também mostram redução no ritmo de aumento dos preços. O primeiro passou
de 1,14% para 0,51%, e o segundo,
de 1,13% para 0,40%.
As desacelerações nesses itens,
diz Eulina, comprovam que ainda
não há pressão de demanda.
Das 11 regiões metropolitanas
que fazem parte da pesquisa, a
maior alta foi verificada em São
Paulo (1,19%). Já a menor variação ocorreu em Belém (+0,24%),
onde os alimentos apresentaram
queda de 1,07%. No Rio de Janeiro, a variação foi de 0,94%.
De acordo com Eulina, os impactos de telefonia fixa e luz na inflação serão menores em agosto.
Para o economista-chefe da
consultoria Global Station, Marcelo de Ávila, a tendência é a desaceleração da inflação. "Esse foi o
maior patamar do ano, e, com
certeza, se o petróleo não passar
dos US$ 50 no curto prazo, a taxa
de julho não será superada."
Na análise de Ávila, mesmo que
a Petrobras promova ainda neste
mês um aumento de 10% no preço da gasolina nas refinarias, a alta
nas bombas não deve superar 7%.
No cálculo do economista, um
aumento nos postos de 7% na gasolina causaria impacto de 0,27
ponto percentual no IPCA, que
seria dividido entre agosto e setembro. Ou seja, haveria espaço
para a diminuição da inflação.
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