São Paulo, quinta-feira, 12 de agosto de 2004

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ENERGIA

Presidente da Petrobras afirma que combustíveis não terão aumento de preço pelo menos até a próxima segunda-feira

Reajuste ainda não está definido, diz Dutra

GUILHERME BARROS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

O presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra, afirmou ontem à Folha que não há ainda decisão de reajuste dos preços dos combustíveis no mercado interno.
Segundo ele, a Petrobras espera consolidar um novo patamar do preço internacional do petróleo na faixa entre US$ 40 e US$ 45 o barril para promover o realinhamento interno. "Não há nenhuma decisão de aumento dos combustíveis", disse. "Até a próxima segunda-feira não tem aumento dos combustíveis", completou.
A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, em evento nesta semana em São Paulo, também apresentou o mesmo discurso de prognósticos cautelosos sobre política de aumentos de preços adotada pela Petrobras.
Alinhado com Dilma, o presidente da Petrobras preferiu não fazer previsão de uma data para um possível reajuste dos combustíveis. De acordo com ele, o mercado internacional está altamente volátil, o que faz com que seja difícil traçar um prognóstico de tendência de preço do petróleo. Ao longo desta semana, a cotação chegou a US$ 45 o barril. Ontem, o preço da commodity em Nova York fechou em US$ 44,80.
Dutra declarou ainda que os preços adotados pela Petrobras estão alinhados com o mercado internacional. Para a fixação dos preços, a companhia leva em conta os preços adotados por diversos mercados, como os do golfo do México, nos Estados Unidos, da Argentina, da Nigéria e da Arábia Saudita, entre outros.
Muitos analistas, diz Dutra, só consideram o preço do petróleo no golfo do México, que muitas vezes se encontra em um patamar mais elevado do que nos outros países. O termômetro da Petrobras para calibrar o preço do combustível, segundo ele, é mais amplo e, por isso, ocorre discrepância entre os cálculos de defasagem feitos por analistas de fora da companhia.
Dutra afirmou também que não existe nenhuma pressão do governo para segurar o reajuste nos preços dos combustíveis. O governo, segundo ele, é o maior interessado na rentabilidade da Petrobras, já que 40% dos dividendos da companhia vão para a União. Ou seja, esse dinheiro da Petrobras é importante para o governo cumprir a meta de superávit primário de 4,25% do PIB. "A política de preços da Petrobras privilegia a rentabilidade da empresa e o retorno aos acionistas."
O último reajuste concedido pela Petrobras foi no dia 15 de junho, quando os preços dos combustíveis aumentaram aproximadamente 10%. Analistas de mercado argumentam, porém, que a decisão do governo sobre políticas de reajuste para a Petrobras tem um forte componente político.
Por esse motivo, apesar das crescentes pressões internacionais, o governo tenderia a segurar os repasses até o término das eleições municipais. Essa atitude seria adotada a despeito de uma possível diminuição no lucro da Petrobras. Em 2003, a empresa lucrou US$ 17,795 bilhões.
Mas, afirma Dutra, em junho, a Petrobras esperou para que o preço do petróleo no mercado internacional se consolidasse na faixa entre US$ 35 e US$ 40 para tomar a decisão. Agora, a companhia vive a mesma situação.


Colaborou a Reportagem Local

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