São Paulo, quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Títulos dos EUA ainda dominam reservas

Quase dois terços das reservas brasileiras ainda estão em papéis americanos, patamar só inferior ao de 3 grandes países

Para analista, diversificação das reservas cambiais esbarra na liquidez restrita de alguns papéis de países e de órgãos internacionais

DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das ações do Banco Central nos últimos meses, o Brasil permanece como um dos países mais "dependentes" dos títulos da dívida norte-americana em suas reservas.
No final de maio, quase dois terços das reservas brasileiras eram formados por papéis do governo dos EUA. Esse patamar só é encontrado em nível maior em outros 3 dos 29 credores externos americanos, sendo que apenas o governo japonês é um maior financiador dos EUA que o Brasil.
Ainda assim, a "dependência" dos títulos americanos já recuou em relação aos níveis pré-agravamento da crise, em 30 de agosto de 2008. Na ocasião, os papéis com que os Estados Unidos financiam suas dívidas representavam 74% das reservas brasileiras.
Para José Luiz Rossi, economista do Insper (ex-Ibmec-SP), a diversificação das reservas cambiais esbarra na liquidez restrita de alguns papéis, como os títulos de organismos multilaterais e até mesmo de países emergentes.
"Isso limita o grau de diversificação. O Banco Central está correto em manter as reservas espelhando a dívida externa, mas a proporção de ativos ligados ao Tesouro dos EUA era muito grande, embora teoricamente não exista risco de calote e a maior parte do passivo do país esteja em dólares."
Segundo ele, os EUA dão calote sem ninguém perceber. "O fato de o dólar se desvalorizar é uma transferência de renda lenta em favor dos EUA."
Países como a China e a Rússia, apesar de manifestarem nos últimos meses preocupação com os papéis americanos, aumentaram a participação desses títulos em suas reservas.
No caso chinês, o aumento foi de oito pontos percentuais, para 38% dos estoques das reservas. Na Rússia, que viu suas reservas despencarem por causa dos gastos para tentar conter a crise, os papéis americanos representavam em maio 31% do total, ante 18% em agosto do ano passado.
No lado contrário, chama a atenção o movimento da Índia. Dono da quarta reserva internacional do mundo, o país vem, desde a quebra do banco Lehman Brothers, aumentando a participação dos títulos da dívida americana no total. De 7%, há cerca de um ano, ela passou, em maio, para 15%. Ainda assim, a Índia é o quarto menos dependente dos Estados Unidos, atrás apenas de Itália, Malásia e Irlanda.
(ÁLVARO FAGUNDES e TONI SCIARRETTA)


Texto Anterior: País é o que mais se desfaz
de títulos dos EUA

Próximo Texto: Paulo Rabello de Castro: Podemos crescer sem educação?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.