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Títulos dos EUA ainda dominam reservas
Quase dois terços das reservas brasileiras ainda estão em papéis americanos, patamar só inferior ao de 3 grandes países
Para analista, diversificação
das reservas cambiais
esbarra na liquidez restrita
de alguns papéis de países
e de órgãos internacionais
DA REDAÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar das ações do Banco
Central nos últimos meses, o
Brasil permanece como um dos
países mais "dependentes" dos
títulos da dívida norte-americana em suas reservas.
No final de maio, quase dois
terços das reservas brasileiras
eram formados por papéis do
governo dos EUA. Esse patamar só é encontrado em nível
maior em outros 3 dos 29 credores externos americanos,
sendo que apenas o governo japonês é um maior financiador
dos EUA que o Brasil.
Ainda assim, a "dependência" dos títulos americanos já
recuou em relação aos níveis
pré-agravamento da crise, em
30 de agosto de 2008. Na ocasião, os papéis com que os Estados Unidos financiam suas dívidas representavam 74% das
reservas brasileiras.
Para José Luiz Rossi, economista do Insper (ex-Ibmec-SP),
a diversificação das reservas
cambiais esbarra na liquidez
restrita de alguns papéis, como
os títulos de organismos multilaterais e até mesmo de países
emergentes.
"Isso limita o grau de diversificação. O Banco Central está
correto em manter as reservas
espelhando a dívida externa,
mas a proporção de ativos ligados ao Tesouro dos EUA era
muito grande, embora teoricamente não exista risco de calote e a maior parte do passivo do
país esteja em dólares."
Segundo ele, os EUA dão calote sem ninguém perceber. "O
fato de o dólar se desvalorizar é
uma transferência de renda
lenta em favor dos EUA."
Países como a China e a Rússia, apesar de manifestarem
nos últimos meses preocupação com os papéis americanos,
aumentaram a participação
desses títulos em suas reservas.
No caso chinês, o aumento
foi de oito pontos percentuais,
para 38% dos estoques das reservas. Na Rússia, que viu suas
reservas despencarem por causa dos gastos para tentar conter
a crise, os papéis americanos
representavam em maio 31%
do total, ante 18% em agosto do
ano passado.
No lado contrário, chama a
atenção o movimento da Índia.
Dono da quarta reserva internacional do mundo, o país vem,
desde a quebra do banco Lehman Brothers, aumentando a
participação dos títulos da dívida americana no total. De 7%,
há cerca de um ano, ela passou,
em maio, para 15%. Ainda assim, a Índia é o quarto menos
dependente dos Estados Unidos, atrás apenas de Itália, Malásia e Irlanda.
(ÁLVARO FAGUNDES e TONI SCIARRETTA)
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