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QUEIXA
Fabricantes de eletroeletrônicos no Brasil pedem ajuda ao governo para evitar mecanismo de proteção do país vizinho
Empresários temem salvaguarda argentina
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Os fabricantes de eletroeletrônicos no Brasil estão preocupados
com a possibilidade de a Argentina passar a adotar medidas protecionistas contra a exportação de
produtos brasileiros.
O presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos Eletroeletrônicos), Paulo Saab, encaminhou carta, na semana passada, aos ministros Celso Amorim (Relações Exteriores)
e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e ao embaixador do
Brasil na Argentina, José Botafogo
Gonçalves, manifestando essa
preocupação.
No dia 15 de agosto passado, durante a posse do presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, os
presidentes do Brasil, Luiz Inácio
Lula da Silva, e da Argentina, Néstor Kirchner, assinaram um memorando de entendimento no
qual se comprometem a criar mecanismos compensatórios para
corrigir situações de desequilíbrios na balança comercial entre
os dois países.
O memorando atinge os seguintes setores: têxtil, calçados, suínos
e avícolas, máquinas agrícolas e
eletrodomésticos.
Os mecanismos compensatórios a serem criados ainda não foram definidos entre Brasil e Argentina. Uma das possibilidades
em estudo, por exemplo, é a de estabelecer uma espécie de gatilho
(alíquota) nas tarifas de importação assim que as vendas de produtos brasileiros atingirem um
determinado montante. Assim,
tudo o que ultrapassasse esse gatilho ficaria mais caro -o que serviria para afugentar os compradores argentinos dos eletroeletrônicos fabricados no Brasil.
Atualmente, a tarifa entre os
dois países é zero para os eletrodomésticos.
Encontro
A adoção de mecanismos compensatórios no comércio entre o
Brasil e a Argentina deverá ser um
dos temas do encontro desta semana entre os presidentes Lula e
Kirchner, na Argentina.
De acordo com o que a Folha
apurou, o memorando de entendimento assinado entre os dois
países foi fruto de uma forte pressão dos grupos empresariais argentinos para tentar reduzir o ingresso de produtos brasileiros no
país e melhorar as vendas da indústria local.
Os empresários argentinos acusam o Brasil de concorrência desleal, principalmente na venda dos
eletrodomésticos, como o fogão.
Na carta enviada aos ministros
Amorim e Furlan e ao embaixador Botafogo Gonçalves, Paulo
Saab diz: "Rejeitamos de forma
veemente as alegações manifestadas pelos empresários argentinos,
tanto na mídia daquele país, como com as autoridades, quando
afirmam que os fabricantes brasileiros utilizam-se de meios desleais, seja manipulando preços intercompany [entre as companhias] ou induzindo o consumidor local a engano de origem, como consta em carta publicada pelas cinco entidades representativas do setor eletroeletrônico".
Saab se refere a uma carta publicada nos principais jornais da Argentina no dia 18 de setembro, na
qual as cinco principais entidades
do setor (de eletrodomésticos)
acusam a indústria brasileira de
práticas predatórias. As entidades
empresariais argentinas pedem a
adoção de medidas protecionistas
contra o Brasil.
A carta de Saab diz que o grande
problema é que "a indústria argentina não é competitiva e tenta
manter reserva de mercado à custa de denúncias infundadas".
Segundo Saab, as acusações que
as entidades empresariais argentinas têm feito não têm fundamento técnico, tampouco fazem
referência à importação de outros
países.
"Isso demonstra um flagrante
desconhecimento das bases do
projeto de integração do Mercosul", diz Saab.
O presidente da Eletros conclui
sua carta pedindo a atenção do
governo brasileiro "em não permitir que quaisquer medidas sejam tomadas ou comprometidas
sem que antes possamos nos manifestar sobre as alegações do empresariado argentino".
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