São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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42% compram produto pirata, diz pesquisa

Preços menores são o principal atrativo para 93% dos consumidores de falsificação; Fecomercio culpa carga tributária

Setor que mais sofre é o de CDs, em que 86% dos consumidores já disseram ter comprado produto ilegal, seguido de DVDs

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisa mostra que 93% dos consumidores da pirataria -quase 79 milhões de pessoas ou 42% da população- compram os produtos ilegais atraídos por preços mais em conta. Entre os outros motivos para a aquisição estão a facilidade para encontrar esses itens (9%) e a disponibilidade no mercado antes dos originais (4%). Os dados foram divulgados ontem pela Fecomercio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro), que realizou pesquisa em mil domicílios em parceria com o instituto Ipsos.
O levantamento, com abrangência nacional, mostra que os consumidores, em geral, têm consciência de que a compra de uma mercadoria falsificada é crime. Mesmo assim, no entanto, uma parte significativa deles continua comprando esses produtos.
Para o presidente da Fecomercio-RJ, Orlando Diniz, um dos principais entraves ao combate à pirataria no Brasil é a alta carga tributária do país, que encarece muito o preço final ao consumidor no mercado legal, levando-o a procurar preços muito mais baixos no mercado informal.
"Acreditamos que esse estudo dá aval à necessidade de uma reforma tributária no país", diz o dirigente, que citou também como causas da pirataria, entre outras, as falhas na fiscalização das fronteiras. "Não basta só conscientizar a população, é preciso intensificar as ações de fiscalização."
Clarice Messer, diretora do Instituto Fecomercio, concorda que somente a conscientização, ainda que seja importante, não resolve o problema. "Embora a pesquisa detecte que existe uma conscientização sobre as conseqüências negativas da compra de produtos piratas, isso não impede que muitas pessoas efetivamente comprem esses produtos", disse.
Para o secretário-executivo do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Barcellos, os dados da pesquisa divulgada ontem mostram que é preciso ter ações diversificadas para combater um problema que não tem uma causa única e simples.
Ele afirmou que, além das estratégias de conscientização, houve também uma melhoria na fiscalização e citou como exemplo o fato de a Polícia Rodoviária Federal, que em 2004 apreendeu 450 mil CDs, DVDs e softwares piratas, já ter chegado ao número de 4 milhões no primeiro semestre deste ano. Segundo Barcellos, a principal origem (75% dos casos) das mercadorias pirateadas é o Sudeste Asiático.

Prejuízo
O setor da indústria que mais sofre com a pirataria é o de CDs (86% dos consumidores de piratas disseram já ter comprado o produto no mercado ilegal), seguido de DVDs (35%), relógios e óculos (ambos com 6%).
Segundo Diniz, a principal razão que explica o predomínio de CDs e DVDs na lista dos mais pirateados é a facilidade de cópia desses produtos por causa do avanço da tecnologia.
Um dado que surpreendeu os pesquisadores foi a ausência de menções aos programas de computador. Para Messer, uma possível explicação para isso é que muitos consumidores copiam softwares sem perceber que se trata de uma operação ilegal.
Entre as principais conseqüências negativas citadas pelos consumidores com a compra de produtos piratas, estão o prejuízo ao artista (lembrado em 83% dos casos), a sonegação de impostos (também 83%), o prejuízo ao faturamento do comércio (79%) e o fato de esse comércio alimentar o crime organizado (70%).


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