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42% compram produto pirata, diz pesquisa
Preços menores são o principal atrativo para 93% dos consumidores de falsificação; Fecomercio culpa carga tributária
Setor que mais sofre é o
de CDs, em que 86% dos
consumidores já disseram
ter comprado produto
ilegal, seguido de DVDs
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Pesquisa mostra que 93%
dos consumidores da pirataria
-quase 79 milhões de pessoas
ou 42% da população- compram os produtos ilegais atraídos por preços mais em conta.
Entre os outros motivos para a
aquisição estão a facilidade para encontrar esses itens (9%) e
a disponibilidade no mercado
antes dos originais (4%). Os dados foram divulgados ontem
pela Fecomercio-RJ (Federação do Comércio do Estado do
Rio de Janeiro), que realizou
pesquisa em mil domicílios em
parceria com o instituto Ipsos.
O levantamento, com abrangência nacional, mostra que os
consumidores, em geral, têm
consciência de que a compra de
uma mercadoria falsificada é
crime. Mesmo assim, no entanto, uma parte significativa deles
continua comprando esses produtos.
Para o presidente da Fecomercio-RJ, Orlando Diniz, um
dos principais entraves ao combate à pirataria no Brasil é a alta
carga tributária do país, que encarece muito o preço final ao
consumidor no mercado legal,
levando-o a procurar preços
muito mais baixos no mercado
informal.
"Acreditamos que esse estudo dá aval à necessidade de
uma reforma tributária no
país", diz o dirigente, que citou
também como causas da pirataria, entre outras, as falhas na
fiscalização das fronteiras.
"Não basta só conscientizar a
população, é preciso intensificar as ações de fiscalização."
Clarice Messer, diretora do
Instituto Fecomercio, concorda que somente a conscientização, ainda que seja importante,
não resolve o problema. "Embora a pesquisa detecte que
existe uma conscientização sobre as conseqüências negativas
da compra de produtos piratas,
isso não impede que muitas
pessoas efetivamente comprem esses produtos", disse.
Para o secretário-executivo
do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, André Barcellos, os dados da pesquisa divulgada ontem mostram que é
preciso ter ações diversificadas
para combater um problema
que não tem uma causa única e
simples.
Ele afirmou que, além das estratégias de conscientização,
houve também uma melhoria
na fiscalização e citou como
exemplo o fato de a Polícia Rodoviária Federal, que em 2004
apreendeu 450 mil CDs, DVDs
e softwares piratas, já ter chegado ao número de 4 milhões
no primeiro semestre deste
ano. Segundo Barcellos, a principal origem (75% dos casos)
das mercadorias pirateadas é o
Sudeste Asiático.
Prejuízo
O setor da indústria que mais
sofre com a pirataria é o de CDs
(86% dos consumidores de piratas disseram já ter comprado
o produto no mercado ilegal),
seguido de DVDs (35%), relógios e óculos (ambos com 6%).
Segundo Diniz, a principal
razão que explica o predomínio
de CDs e DVDs na lista dos
mais pirateados é a facilidade
de cópia desses produtos por
causa do avanço da tecnologia.
Um dado que surpreendeu os
pesquisadores foi a ausência de
menções aos programas de
computador. Para Messer, uma
possível explicação para isso é
que muitos consumidores copiam softwares sem perceber
que se trata de uma operação
ilegal.
Entre as principais conseqüências negativas citadas pelos consumidores com a compra de produtos piratas, estão o
prejuízo ao artista (lembrado
em 83% dos casos), a sonegação
de impostos (também 83%), o
prejuízo ao faturamento do comércio (79%) e o fato de esse
comércio alimentar o crime organizado (70%).
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