São Paulo, domingo, 12 de outubro de 2008

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Na América Latina, parte dos países não conseguiu reduzir sua vulnerabilidade

ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES

A crise financeira (ou os efeitos dela) não chegará com a mesma força a todos os países da América Latina. Em entrevista na semana passada, o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, disse que a região hoje é mais estável, mas dividiu os países em grupos de vulnerabilidade.
Argentina, Venezuela e Equador estariam entre as economias mais vulneráveis, enquanto Brasil, Chile, México e Colômbia estariam expostos a um menor risco.
A distância entre as suas economias e o mercado financeiro dos EUA fez com que países como a Argentina e a Venezuela pensassem que estavam imunes ao processo. Mas a dependência que têm na renda gerada por suas commodities (grãos e petróleo, respectivamente) pode mudar essa visão.
O governo argentino criou um comitê de monitoramento da crise, e o banco central teve de intervir para tentar conter a desvalorização do peso. Com a queda no preço da soja, seu principal produto de exportação, o governo já estuda medidas para compensar essa arrecadação: contenção de gastos e aumentos de tarifas públicas.
A previsão de crescimento da economia para este ano já vem sendo reduzida de 7% a 8% para cerca de 5% a 6%.
Já a Venezuela, embora tenha retirado há anos as reservas monetárias que mantinha em instituições americanas, não consegue escapar da dependência dos EUA, o maior comprador de seu petróleo. Segundo analistas, com a alta dependência dessa commodity, a queda no preço do barril pode provocar uma grave crise econômica na Venezuela.
Considerada a economia mais sólida da região, com bom nível de reservas, o Chile não se mostrou imune à crise, e o governo teve de injetar US$ 1 bilhão nos principais bancos para garantir a sua liquidez.
Principal economia da região, o Brasil pode ter um papel importante na economia dos vizinhos. "É impossível pensar que uma crise no Brasil não teria um duro impacto na região", afirmou à Folha o diretor do Centro de Investigação de Instituições e Mercados da Argentina, Aldo Abram.
O México é um caso à parte: metade dos investimentos estrangeiros no país é de origem americana, e 85% de suas exportações têm os Estados Unidos como destino. O primeiro efeito imediato da crise é a queda nas remessas de imigrantes que vivem no vizinho do Norte aos seus parentes.


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