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Na América Latina, parte dos países não conseguiu reduzir sua vulnerabilidade
ADRIANA KÜCHLER
DE BUENOS AIRES
A crise financeira (ou os efeitos dela) não chegará com a
mesma força a todos os países
da América Latina. Em entrevista na semana passada, o economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e Caribe, Augusto de la Torre, disse
que a região hoje é mais estável,
mas dividiu os países em grupos de vulnerabilidade.
Argentina, Venezuela e
Equador estariam entre as economias mais vulneráveis, enquanto Brasil, Chile, México e
Colômbia estariam expostos a
um menor risco.
A distância entre as suas economias e o mercado financeiro
dos EUA fez com que países como a Argentina e a Venezuela
pensassem que estavam imunes ao processo. Mas a dependência que têm na renda gerada
por suas commodities (grãos e
petróleo, respectivamente) pode mudar essa visão.
O governo argentino criou
um comitê de monitoramento
da crise, e o banco central teve
de intervir para tentar conter a
desvalorização do peso. Com a
queda no preço da soja, seu
principal produto de exportação, o governo já estuda medidas para compensar essa arrecadação: contenção de gastos e
aumentos de tarifas públicas.
A previsão de crescimento da
economia para este ano já vem
sendo reduzida de 7% a 8% para cerca de 5% a 6%.
Já a Venezuela, embora tenha retirado há anos as reservas monetárias que mantinha
em instituições americanas,
não consegue escapar da dependência dos EUA, o maior
comprador de seu petróleo. Segundo analistas, com a alta dependência dessa commodity, a
queda no preço do barril pode
provocar uma grave crise econômica na Venezuela.
Considerada a economia
mais sólida da região, com bom
nível de reservas, o Chile não se
mostrou imune à crise, e o governo teve de injetar US$ 1 bilhão nos principais bancos para
garantir a sua liquidez.
Principal economia da região, o Brasil pode ter um papel
importante na economia dos
vizinhos. "É impossível pensar
que uma crise no Brasil não teria um duro impacto na região",
afirmou à Folha o diretor do
Centro de Investigação de Instituições e Mercados da Argentina, Aldo Abram.
O México é um caso à parte:
metade dos investimentos estrangeiros no país é de origem
americana, e 85% de suas exportações têm os Estados Unidos como destino. O primeiro
efeito imediato da crise é a queda nas remessas de imigrantes
que vivem no vizinho do Norte
aos seus parentes.
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