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Setor aéreo terá menor crescimento
Por isso, analistas dizem que mercado doméstico deve fazer mais promoções
Gol prevê crescimento de 6% do mercado doméstico em 2009 e TAM diz que será de 5% a 9%; demanda teve queda de 3,9% em outubro
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As principais companhias aéreas brasileiras apostam em
crescimento mais fraco da demanda no mercado doméstico
em 2009 como efeito do menor
ritmo previsto de crescimento
da economia. A Gol divulgou
ontem uma projeção de crescimento de 6% para 2009. A
TAM vê um cenário de expansão de 5% a 9%.
Dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostram que a desaceleração já
chegou ao setor: em outubro
houve queda de 3,9% na demanda no mercado doméstico.
Trata-se da primeira redução
registrada neste ano.
As últimas quedas foram registradas em agosto do ano passado e em julho de 2006. Para
Paulo Bittencourt Sampaio,
consultor em aviação, os dados
reforçam o papel de indicador
antecedente do transporte aéreo em relação ao desempenho
da economia. A taxa de ocupação dos aviões foi de 62%, contra 69% em outubro de 2007.
A Gol registrou queda de
20% na demanda, com taxa de
ocupação de 58%. Segundo
analistas, o resultado pode ter
sido afetado pelo processo de
integração com a Varig.
No mercado de vôos internacionais, houve crescimento de
14,8% na demanda. A TAM bateu novo recorde e sua fatia de
mercado chegou a 83,84% entre as empresas brasileiras que
realizam vôos para o exterior.
Segundo Sampaio, o crescimento menor da demanda em
2009 trará de volta as promoções nos preços dos bilhetes.
"As tarifas vão ficar mais ao
gosto do passageiro no ano que
vem. Com taxas de ocupação
mais baixas, TAM e Gol serão
obrigadas a fazer promoções",
disse. Além da economia mais
fraca, contribuem para isso o
aumento da concorrência com
a entrada em operação da Azul
em dezembro e a previsão de
aumento da frota da Webjet.
Para André Castellini, da
consultoria Bain & Company,
2009 será um ano difícil para as
companhias aéreas. "O transporte aéreo está relacionado à
renda disponível. A viagem de
lazer tende a sofrer com o aumento da incerteza e as viagens
internacionais são afetadas pela alta do dólar. Para ocupar os
assentos, as empresas terão de
usar bastante as promoções."
Reajuste antecipado
Com a perspectiva de passagens mais em conta em 2009,
as companhias aproveitaram
para reajustar os bilhetes no
terceiro trimestre deste ano. A
TAM informou ontem que
houve aumento de 18% no
"yield" (preço médio pago por
quilômetro) no mercado doméstico em relação a igual período do ano passado. Segundo
Caio Dias, analista do Santander, os resultados de outubro já
refletem a política de preços.
Segundo Dias, o "yield" da
Gol passou de R$ 0,21 em outubro do ano passado para R$
0,27 neste ano. "Antes de reduzir preços, as empresas vão diminuir a taxa de utilização das
aeronaves [número de horas de
vôo/dia]. Mesmo com tráfego
fraco, as empresas estão conseguindo fazer dinheiro agora."
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