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Obama diz que não vai e esvazia cúpula do G20
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O escritório de transição de
Barack Obama confirmou ontem que o presidente eleito não
vai à reunião do G20 marcada
para este fim de semana em
Washington nem enviará representantes. Mais: o democrata não pretende se encontrar
paralelamente com líderes estrangeiros, hipótese antes
aventada por seus assessores.
O presidente francês, Nicolas
Sarkozy, e o premiê britânico,
Gordon Brown, entre outros,
contavam com a presença de
Obama no evento ou pelo menos com encontros paralelos
com o democrata como maneira de garantir a validade e a
continuidade de decisões que
serão tomadas pelo ainda presidente George W. Bush, que
deixa o poder em 70 dias.
Em vez disso, Obama decidiu
evitar a reunião completamente e enviar representantes seus
aos encontros laterais que já foram requisitados por vários dos
líderes que estarão em Washington no fim de semana, entre eles o brasileiro Luiz Inácio
Lula da Silva. A decisão do presidente eleito foi tomada por
motivos protocolares, mas terá
o efeito prático de esvaziar o
evento convocado por Bush.
"Só temos um presidente por
vez", disse ontem John Podesta, coordenador da equipe de
transição de Obama, na primeira entrevista coletiva do grupo
em Washington, ao justificar a
ausência de Obama no encontro e em reuniões laterais.
"Essa é uma frase que vocês
ouvirão cada vez mais até o dia
20 de janeiro", data em que Barack Obama toma posse, afirmou Podesta.
Tesouro
É por esse motivo, também,
que Obama deve segurar para a
semana que vem a divulgação
do nome de seu secretário do
Tesouro. A avaliação da equipe
de transição é que um anúncio
nessa área agora causaria ruído
e desviaria a atenção do mundo
da reunião, que Obama julga
ser importante. "Quando candidato, o presidente eleito ressaltou a importância de reuniões multilaterais como essa"
para a solução da crise, disse
John Podesta.
Para o coordenador da transição, "não é apropriado que
duas pessoas apareçam nesse
encontro", referindo-se a Bush
e Obama. "Mas vamos ser mantidos informados de todas as
decisões antes e durante o encontro, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, tem falado
constantemente com o presidente eleito e recebido suas
opiniões a respeito."
"Acho que o presidente eleito
Obama está sendo inteligente,
pois é preciso muito preparo
para alguém ser eficaz numa
reunião desse tipo", disse à Folha Simon Johnson, do Instituto Brookings.
Para o ex-economista-chefe
do FMI, a ausência de Obama
"pode enfraquecer o encontro,
sim, mas a data foi idéia dos europeus, então é responsabilidade deles trazer propostas concretas para a negociação."
Com ele concorda James
Wolfensohn, ex-presidente do
Banco Mundial. "Sei que metade [dos líderes] está vindo aqui
com a expectativa de que Obama seria convidado. Se ele não
for, não veremos muita coisa
sair dessas reuniões, porque
eles não acham que o presidente Bush conseguirá fazer algo."
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