São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2008

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Obama diz que não vai e esvazia cúpula do G20

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O escritório de transição de Barack Obama confirmou ontem que o presidente eleito não vai à reunião do G20 marcada para este fim de semana em Washington nem enviará representantes. Mais: o democrata não pretende se encontrar paralelamente com líderes estrangeiros, hipótese antes aventada por seus assessores.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, e o premiê britânico, Gordon Brown, entre outros, contavam com a presença de Obama no evento ou pelo menos com encontros paralelos com o democrata como maneira de garantir a validade e a continuidade de decisões que serão tomadas pelo ainda presidente George W. Bush, que deixa o poder em 70 dias.
Em vez disso, Obama decidiu evitar a reunião completamente e enviar representantes seus aos encontros laterais que já foram requisitados por vários dos líderes que estarão em Washington no fim de semana, entre eles o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. A decisão do presidente eleito foi tomada por motivos protocolares, mas terá o efeito prático de esvaziar o evento convocado por Bush.
"Só temos um presidente por vez", disse ontem John Podesta, coordenador da equipe de transição de Obama, na primeira entrevista coletiva do grupo em Washington, ao justificar a ausência de Obama no encontro e em reuniões laterais.
"Essa é uma frase que vocês ouvirão cada vez mais até o dia 20 de janeiro", data em que Barack Obama toma posse, afirmou Podesta.

Tesouro
É por esse motivo, também, que Obama deve segurar para a semana que vem a divulgação do nome de seu secretário do Tesouro. A avaliação da equipe de transição é que um anúncio nessa área agora causaria ruído e desviaria a atenção do mundo da reunião, que Obama julga ser importante. "Quando candidato, o presidente eleito ressaltou a importância de reuniões multilaterais como essa" para a solução da crise, disse John Podesta.
Para o coordenador da transição, "não é apropriado que duas pessoas apareçam nesse encontro", referindo-se a Bush e Obama. "Mas vamos ser mantidos informados de todas as decisões antes e durante o encontro, e o secretário do Tesouro, Henry Paulson, tem falado constantemente com o presidente eleito e recebido suas opiniões a respeito."
"Acho que o presidente eleito Obama está sendo inteligente, pois é preciso muito preparo para alguém ser eficaz numa reunião desse tipo", disse à Folha Simon Johnson, do Instituto Brookings.
Para o ex-economista-chefe do FMI, a ausência de Obama "pode enfraquecer o encontro, sim, mas a data foi idéia dos europeus, então é responsabilidade deles trazer propostas concretas para a negociação."
Com ele concorda James Wolfensohn, ex-presidente do Banco Mundial. "Sei que metade [dos líderes] está vindo aqui com a expectativa de que Obama seria convidado. Se ele não for, não veremos muita coisa sair dessas reuniões, porque eles não acham que o presidente Bush conseguirá fazer algo."


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