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Anatel deve aprovar na
terça compra da BrT pela Oi
Agência reguladora deve exigir contrapartidas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) deverá
julgar e aprovar a compra da
Brasil Telecom pela Oi na próxima terça. A agência reguladora exigirá contrapartidas da nova empresa, com o objetivo de
aumentar a qualidade do serviço oferecido ao consumidor.
A operação de compra da
Brasil Telecom pela Oi, anunciada em abril, movimenta cerca de R$ 13 bilhões -a maior
parte de dinheiro público, de
bancos federais (BNDES e Banco do Brasil). Pelo contratos assinado entre as empresas, está
previsto o pagamento de multa
de R$ 490 milhões pela Oi caso
a agência não dê anuência prévia à operação até o dia 21.
Em tese, a Anatel poderia dar
ou não anuência prévia para o
negócio. Na prática, no entanto, a relatora, conselheira Emília Ribeiro, já antecipa que é favorável e não vê obstáculo à
aprovação. "Se segue a legislação vigente, por que recusar?",
afirmou a conselheira. "Uma
empresa brasileira desse porte
interessa a todos nós", disse.
Em sabatina na Comissão de
Infra-Estrutura do Senado, em
agosto, antes se ser aprovada
para o cargo, Ribeiro foi criticada por não ter experiência para
ocupar a função. Questionada,
na ocasião, sobre os ataques,
disse: "Eu não vi críticas, só vi
elogios do início ao fim".
O obstáculo legal que impedia a compra da BrT pela Oi foi
removido pelo governo no final
de novembro, com a edição de
novo PGO (Plano Geral de Outorgas). O PGO é um decreto
que divide o país em áreas de
atuação para as concessionárias de telefonia fixa. Na redação anterior, antes da mudança, não permitia que uma concessionária comprasse outra,
que atuasse em área diferente.
A restrição foi suprimida.
A idéia de obter compensações da Oi pela aprovação da
operação foi defendida ontem
tanto pela relatora do processo
como pelo presidente da agência, Ronaldo Sardenberg. "A
Anatel deve trabalhar no sentido de obter contrapartidas. Esse é o momento que o Estado
tem para intervir", disse ele.
O presidente da agência afirmou que há uma lista de 30 sugestões de contrapartidas.
Uma, segundo Sardenberg, é
consensual: a instalação de
acesso à internet rápida em 66
postos de fronteira do Exército.
Emília Ribeiro citou como
exemplos de possíveis contrapartidas melhorias nos serviços
de atendimento ao consumidor
("call center"), ampliação no
oferecimento de acesso à internet em alta velocidade em escolas públicas, hospitais públicos
e delegacias. Também deverá
ser exigido algum tipo de compromisso que garanta a viabilidade econômica de pequenos
provedores de internet.
Ribeiro disse também que
poderá exigir mais detalhes sobre como a Oi-BrT irá oferecer
serviços em São Paulo.
"Essa empresa vai ter ganhos, que têm que ser divididos
com a sociedade."
Diferentemente do que ocorreu em outubro, quando a Anatel aprovou sua sugestão de
mudança no PGO em sessão
pública, a reunião do conselho
diretor que irá deliberar sobre a
anuência prévia da compra da
BrT pela Oi deverá ser fechada.
"Acho que não precisa. O processo já é transparente", disse
Sardenberg.
A operação de compra da BrT
pela Oi também será avaliada
pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Na última quarta-feira, a empresa fechou com o Cade um
acordo para "congelar" uma
parte da operação até que o órgão termine de analisar o caso.
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