São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

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Oposição no Senado dos EUA ameaça ajuda a montadoras

Senadores avaliam outras alternativas a empréstimo de US$ 14 bi aprovado na Câmara

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Após passar facilmente na Câmara dos Representantes, a lei que autoriza um resgate de US$ 14 bilhões a gigantes do setor automotivo dos Estados Unidos corria o risco de ser enterrada ontem devido à forte oposição de republicanos no Senado. A Casa seguia tentando alcançar um acordo até o começo da noite.
"Muitos cidadãos americanos estão se perguntando onde é que está o resgate deles", disse ontem o líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell. Em discurso, McConnell afirmou ser preciso distinguir claramente entre o resgate de US$ 700 bilhões para "estabilização econômica", aprovado em outubro, e a atual proposta de empréstimo às montadoras, que, segundo ele, "levanta dúvidas sobre quais indústrias ou indivíduos" merecem ajuda.
O texto aprovado na Câmara prevê US$ 14 bilhões em empréstimos de curto prazo à GM e à Chrysler. A Ford, também na linha de frente das negociações, preferiu pedir uma linha de crédito federal. O resgate viria atrelado à exigência de restruturação das empresas, que seria supervisionada por um "czar" apontado pelo presidente George W. Bush.
A medida não tem aparentemente os 60 votos necessários à aprovação no Senado. Congressistas democratas que negociaram a lei com a Casa Branca indicaram que a votação seria provavelmente a última ação do mandato atual do Congresso. Eles sugerem que, se os republicanos barrarem a lei, o governo terá de encontrar formas alternativas de impedir a falência da GM e da Chrysler, que afirmam não ter dinheiro suficiente para sobreviver até meados do próximo ano.
McConnell expressou algum apoio a um plano alternativo elaborado pelo senador republicano Bob Corker. O plano prevê, entre outros, pagar a proprietários de títulos emitidos pelas montadoras US$ 0,30 por US$ 1, de forma a aliviar as dívidas; igualar os salários dos trabalhadores aos de montadoras estrangeiras, como a Honda (mais baixos); e forçar o sindicato do setor automotivo a eliminar pagamentos a trabalhadores demitidos.
Democratas e republicanos negociavam as alternativas para tentar aprovar ao menos partes das medidas ontem.
O presidente eleito Barack Obama reiterou ontem seu apoio ao resgate. "Apesar de as montadoras terem falhado [em promover uma restruturação competitiva], não podemos apenas sentar e esperar que a indústria colapse (...) Isso teria um efeito devastador na economia." Estima-se que ao menos 2 milhões de empregos dependam das automotivas.
A oposição dos senadores à lei aprovada na Câmara provém tanto de aspectos práticos quanto ideológicos. Por um lado, eles querem garantias mais duras de que as empresas conseguirão se reestruturar de forma viável e lucrativa, além de proteções extras ao dinheiro dos contribuintes.
"Essa lei não é nem de longe dura o suficiente", afirmou McConnell.
Por outro, eles reavivaram o temor republicano da intervenção do governo na economia. O "czar" que a lei prevê poderia ter poderes similares ao de um conselho diretor de um homem só, influenciando que tipo de carros seriam produzidos e onde seriam feitos investimentos.
Se os republicanos não permitissem um voto acelerado ainda ontem, Reid preparou o terreno para uma votação na manhã de hoje.


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