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Oposição no Senado dos EUA ameaça ajuda a montadoras
Senadores avaliam outras alternativas a empréstimo de US$ 14 bi aprovado na Câmara
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Após passar facilmente na
Câmara dos Representantes, a
lei que autoriza um resgate de
US$ 14 bilhões a gigantes do setor automotivo dos Estados
Unidos corria o risco de ser enterrada ontem devido à forte
oposição de republicanos no
Senado. A Casa seguia tentando
alcançar um acordo até o começo da noite.
"Muitos cidadãos americanos estão se perguntando onde
é que está o resgate deles", disse
ontem o líder dos republicanos
no Senado, Mitch McConnell.
Em discurso, McConnell afirmou ser preciso distinguir claramente entre o resgate de US$
700 bilhões para "estabilização
econômica", aprovado em outubro, e a atual proposta de empréstimo às montadoras, que,
segundo ele, "levanta dúvidas
sobre quais indústrias ou indivíduos" merecem ajuda.
O texto aprovado na Câmara
prevê US$ 14 bilhões em empréstimos de curto prazo à GM
e à Chrysler. A Ford, também
na linha de frente das negociações, preferiu pedir uma linha
de crédito federal. O resgate viria atrelado à exigência de restruturação das empresas, que
seria supervisionada por um
"czar" apontado pelo presidente George W. Bush.
A medida não tem aparentemente os 60 votos necessários
à aprovação no Senado. Congressistas democratas que negociaram a lei com a Casa Branca indicaram que a votação seria provavelmente a última
ação do mandato atual do Congresso. Eles sugerem que, se os
republicanos barrarem a lei, o
governo terá de encontrar formas alternativas de impedir a
falência da GM e da Chrysler,
que afirmam não ter dinheiro
suficiente para sobreviver até
meados do próximo ano.
McConnell expressou algum
apoio a um plano alternativo
elaborado pelo senador republicano Bob Corker. O plano
prevê, entre outros, pagar a
proprietários de títulos emitidos pelas montadoras US$ 0,30
por US$ 1, de forma a aliviar as
dívidas; igualar os salários dos
trabalhadores aos de montadoras estrangeiras, como a Honda
(mais baixos); e forçar o sindicato do setor automotivo a eliminar pagamentos a trabalhadores demitidos.
Democratas e republicanos
negociavam as alternativas para tentar aprovar ao menos
partes das medidas ontem.
O presidente eleito Barack
Obama reiterou ontem seu
apoio ao resgate. "Apesar de as
montadoras terem falhado [em
promover uma restruturação
competitiva], não podemos
apenas sentar e esperar que a
indústria colapse (...) Isso teria
um efeito devastador na economia." Estima-se que ao menos
2 milhões de empregos dependam das automotivas.
A oposição dos senadores à
lei aprovada na Câmara provém tanto de aspectos práticos
quanto ideológicos. Por um lado, eles querem garantias mais
duras de que as empresas conseguirão se reestruturar de forma viável e lucrativa, além de
proteções extras ao dinheiro
dos contribuintes.
"Essa lei não é nem de longe
dura o suficiente", afirmou
McConnell.
Por outro, eles reavivaram o
temor republicano da intervenção do governo na economia. O
"czar" que a lei prevê poderia
ter poderes similares ao de um
conselho diretor de um homem
só, influenciando que tipo de
carros seriam produzidos e onde seriam feitos investimentos.
Se os republicanos não permitissem um voto acelerado
ainda ontem, Reid preparou o
terreno para uma votação na
manhã de hoje.
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