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Governo federal vai perder arrecadação
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
A redução das alíquotas do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre veículos, negociada entre governo, montadoras e
sindicatos, poderá gerar uma perda de R$ 820 milhões anuais na arrecadação federal.
Segundo a Folha apurou, a área
econômica estima uma perda
mensal de aproximadamente R$
68 milhões, mesmo levando em
conta a possibilidade de aumento
das vendas de carros.
Sem os efeitos do acordo, a estimativa de arrecadação do IPI de
automóveis neste ano é de R$ 1,2
bilhão.
O cálculo foi feito pela Receita
Federal a pedido do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio, que negocia o acordo automotivo por parte do governo federal.
A perda total de receita neste ano
vai depender do prazo em que o
acordo vai vigorar. Se durar seis
meses, por exemplo, essa perda será de R$ 408 milhões, pouco menos
da metade dos R$ 880 milhões recolhidos durante 1998 com o pagamento do IPI de automóveis.
O acordo sofreu oposição da Receita, que argumentou, além da
perda de arrecadação, que as montadoras de veículos pagam pouco
Imposto de Renda. Segundo dados
da Receita, as montadoras recolheram R$ 40 milhões de IR em 1998.
A prioridade da política econômica neste ano é a redução do déficit público, que ultrapassou a casa
dos R$ 70 bilhões no ano passado.
Essa é a condição para que sejam
obtidos US$ 41,5 bilhões em empréstimos de organismos internacionais e evitar a insolvência do
país.
Crédito
Dados da Receita Federal mostram que o crédito tributário que
as montadoras têm com o IPI equivale a aproximadamente 8% do
preço dos veículo, no caso dos carros populares. Com base nesse número, a Receita argumenta que
uma alíquota inferior a 8% significa que o governo está dando, e não
recebendo, imposto.
Esse crédito tributário, previsto
na legislação, é calculado na fase
anterior à venda do veículo pelas
concessionárias. Depois, ele pode
ser usado pela montadora para reduzir o valor do imposto a ser pago.
A última redução do IPI aconteceu no segundo semestre do ano
passado, mas as alíquotas retornaram aos níveis atuais em janeiro.
Agora, a idéia é que esse acordo
possa vigorar por 60 dias. Ao final
desse prazo, haveria novas reuniões para discutir sua prorrogação por um novo período de 90
dias.
Os dados da Receita Federal
mostram que nos dois últimos trimestres de 1998, quando estavam
reduzidas as alíquotas do IPI sobre
veículos, a arrecadação desse tributo apresentou queda. De julho a
setembro, a queda foi de 42,91%
quando comparada ao mesmo período do ano anterior.
Queda de receita
A arrecadação do IPI sobre automóveis foi de R$ 184,6 milhões no
terceiro trimestre de 98, contra R$
323,3 milhões no mesmo período
de 97.
Comparando apenas o desempenho nos meses de agosto, a queda
foi de 65% -receita de R$ 33 milhões no ano passado e de R$ 97
milhões no ano anterior.
De outubro a novembro de 98, a
arrecadação ficou em R$ 141,6 milhões, contra R$ 230,1 milhões no
quarto trimestre de 97, o que dá
uma queda de 38,47%.
Os dados mostram ainda que a
queda no IPI de automóveis em 98
ficou em 25,37% quando comparada com o ano anterior, passando
de R$ 1,17 bilhão para R$ 880 milhões.
Esses dados foram usados pela
Receita Federal para mostrar que a
redução das alíquotas do IPI não
eleva a venda de veículos o suficiente para compensar a queda de
receita com a medida.
Como no acordo anterior, o que
prevaleceu desta vez foi a decisão
política de ajudar o setor automotivo e de tentar evitar mais tensão
social com demissões no setor.
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