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Brasil deve reduzir tarifas 1º, diz Schwab
Representante comercial dos EUA afirma que norte-americanos só baixam subsídios depois de sinalização brasileira
Embaixadora condiciona ação dos EUA a corte nas tarifas em bens industriais brasileiros, como químicos, eletrônicos, hospitalares
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
Em encontro de cerca de três
horas com empresários na
Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)
no sábado, a embaixadora Susan Schwab, representante comercial dos Estados Unidos,
afirmou que os americanos não
iriam reduzir os subsídios agrícolas enquanto não houvesse
um grande corte das tarifas industriais no Brasil.
A dureza de Schwab provocou um desapontamento geral
dos empresários ligados ao
agronegócio que participaram
do encontro. A expectativa era
de que, no rastro da visita do
presidente George W. Bush ao
Brasil, houvesse uma disposição dos EUA de fazer algumas
concessões ao Brasil. A negociadora americana tratou de jogar uma ducha de água fria.
Schwab não só não deu esperança de fazer qualquer concessão ao Brasil, como também
apresentou uma lista com um
pedido de uma ampla rebaixa
tarifária - na maioria dos casos
para zero- de diversos produtos industriais fabricados no
Brasil. A lista de Schwab abrange os seguintes setores: produtos químicos, eletrônicos, meio
ambiente, florestal e equipamentos hospitalares.
Schwab deixou clara a posição dos EUA e que o governo
americano só vai se mexer depois que todos os demais países
no âmbito da negociação da Rodada de Doha porem suas cartas na mesa.
Os EUA vão esperar o Brasil
rebaixar suas tarifas, assim como os países do G-20 e também
a União Européia reduzirem os
subsídios agrícolas. Também
estava presente à reunião no
sábado, na Fiesp, Peter Algeier,
co-presidente da Alca.
Cartas na manga
Consultor em relações internacionais e ex-embaixador do
Brasil nos EUA e no Reino Unido, Rubens Barbosa, que também participou da reunião de
sábado na Fiesp, que Schwab
pode ter surpreendido os empresários, mas, para ele, que
possui experiência em negociar
há muitos anos com os EUA, o
que ela fez foi só reiterar a posição americana.
"Quem não acompanha as
negociações pode ter ficado
surpreso com a dureza de
Schwab, mas ela apenas usou
da franqueza", diz.
Rubens Barbosa argumentou
ainda que não seria na Fiesp
também que Schwab iria jogar
as cartas na mesa que os EUA
pretendem jogar na Rodada de
Doha. As negociações são entre
governos e todos, por enquanto, estão escondendo suas cartas na manga. "Ninguém quer
abrir sua estratégia", afirma
Barbosa.
Os empresários, no entanto,
pressionaram Schwab para que
ela desse algum sinal de disposição dos EUA de fazer alguma
concessão na área agrícola.
Paulo Skaf, presidente da
Fiesp, disse que a negociação
entre o Brasil e os EUA precisa
ser ambiciosa e equilibrada.
O empresário Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, disse
que há, por enquanto, um desequilíbrio nas negociações com
os EUA. Enquanto o Brasil
mostra disposição de fazer algumas concessões na área industrial, os EUA se negam a
baixar os subsídios agrícolas ou
reduzir as tarifas cobradas para
diversos produtos como suco
de laranja, álcool e açúcar.
Também participaram da
reunião de sábado, pelo lado do
Brasil, o ex-ministro Roberto
Rodrigues e os empresários José Luís Cutrale (suco de laranja), Marcos Jank (açúcar e álcool) e Andréia Veríssimo (carne). Giannetti disse, no entanto, que já a reunião de sexta-feira entre empresários industriais de outros setores com Susan Schwab já foi mais proveitosa. Ficou acertado que os dois
lados iriam dar partida a algumas negociações setoriais.
Em abril desembarca no Brasil John Enger, que preside
uma das maiores entidades
empresariais dos EUA, com o
objetivo de dar partida a essas
negociações.
"Vamos iniciar algumas negociações bilaterais e depois
encaminhar os resultados ao
governo", afirmou Giannetti.
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