São Paulo, terça-feira, 13 de março de 2007

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Sem pesquisa, país arrisca perder liderança em álcool, diz ministra

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou ontem que o Brasil não tem hoje concorrente na produção do etanol a partir da cana-de-açúcar, mas disse que isso pode mudar se o país não investir no setor e em pesquisas. Em palestra a empresários na Fiemg, federação industrial de Minas, defendeu que o Brasil faça do etanol uma "economia pujante".
"Temos hoje inequívoca liderança. Não tem quem tenha a capacidade de competição com a produção de álcool de cana brasileiro", afirmou. "Mas eles [outros países] estão construindo condições para que haja. Estão pesquisando combustível de segunda geração, ou os combustíveis de lignocelulose. Todas as grandes empresas de petróleo pesquisam isso. A Petrobras inclusive."
Segundo a ministra, o setor produtivo brasileiro não pode abrir mão da liderança na produção de etanol, mesmo no "segundo tempo" da competição mundial por tecnologia. "Os senhores não podem abrir mão de uma liderança do Brasil na área do álcool. Porque foi assegurada aos senhores pelas condições naturais: clima, solo, técnica e tudo. Agora, os senhores podem transformá-la em uma realidade econômica pujante. E é uma cadeia inteira."
Ao citar novas pesquisas em curso, especialmente sobre a lignocelulose, Dilma disse acreditar que "lá por 2020" o etanol será produzido por essa nova tecnologia. Disse que é nela que a União Européia e os EUA estão apostando para diminuir a dependência do petróleo.
A lignocelulose retira da cana-de-açúcar (usada no Brasil) e do milho (usado nos EUA) a primazia da produção do etanol. Por essa "nova tecnologia" em estudo, o etanol seria produzido também através do açúcar presente nas fibras vegetais -por exemplo, a palha e o bagaço da cana e palha do milho.
"Com a eficiência que temos e com o uso da palha e do bagaço, dificilmente perderemos a liderança." Para isso, o Brasil deve investir em pesquisa, disse Dilma, que não citou valores. Segundo ela, uma rede de pesquisas deve ser montada. Citou a estatal Embrapa, a Petrobras, a rede formada por universidades e o centro de pesquisa dos produtores de cana. "Temos certeza de que, mesmo com barreira dos EUA, o mercado tem dimensão compatível com nosso crescimento."


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