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PIB / ANÁLISE
Analistas vêem expansão mais sustentável
Segundo eles, reservas de US$ 190 bi e forte expansão do investimento dão mais solidez ao crescimento da economia
Para Delfim, "saia justa" no fornecimento de energia deve ser contornada; Loyola, ex-BC, vê segurança nas contas externas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Protegida de choques externos graças à reservas internacionais de mais de US$ 190 bilhões e com o investimento subindo duas vezes e meia mais
do que o PIB, o Brasil tem condições de repetir nos próximos
anos o crescimento na casa dos
5% de 2007, avaliam economistas ouvidos pela Folha.
Segundo o ex-ministro Delfim Netto, só um déficit em
conta corrente não-financiável
ou uma crise no abastecimento
de energia impossibilitaria o
país de manter o atual ritmo de
crescimento. "Mas essas duas
hipóteses estão afastadas."
As reservas, diz, dão conta de
qualquer problema nas contas
externas e, no caso da energia,
o país passará mais uma ano
"de saia justa", mas não haverá
crise. E investimentos planejados trarão conforto ao setor.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), ressalta a importância da expansão dos investimentos maior que a do PIB para garantir a manutenção do
crescimento econômico.
Enquanto o PIB subiu 5,4%
em 2007, o investimento aumentou 13,4% -e se acelerou
no último trimestre, a 16%.
"Esse perfil é a melhor receita
de bolo para ampliar o PIB,
pois gera capacidade produtiva
e afasta o risco de inflação", diz.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio
da Tendências, avalia, que o potencial de crescimento da economia brasileira está mais perto dos 4% do que dos 5%. Ele
não descarta, porém, que se
aproxime dos 5% com o ritmo
de expansão dos investimentos
e ganhos de produtividade.
Ainda assim, estima alta do
PIB de 4,5% em 2008, já que a
economia não contará com
empurrão da queda dos juros,
interrompida em setembro.
Apesar do aumento da oferta, proporcionada por investimentos crescentes, não há espaço para redução dos juros em
razão do aquecimento do consumo, segundo Loyola.
Loyola ressaltou, porém, o
ganho possibilitado pelo acúmulo de reservas internacionais. "Na maior parte das vezes
em que o país parou de crescer,
estava associado a problemas
de financiamento externo. Não
há esse problema agora."
A última vez em que o país
cresceu mais de 4% por dois
anos seguidos foi no período de
1993 (4,7%), 94 (5,3%) e 95
(4,4%) -nos dois últimos anos,
embalado pelo Real. Antes disso, só no Cruzado: 1984 (5,4%),
1985 (7,8%) e 1986 (7,5%). Mas
esses dados não podem ser
comparados com a série do PIB
iniciada em 1996 porque houve
mudanças metodológicas.
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