São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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PIB / ANÁLISE

Analistas vêem expansão mais sustentável

Segundo eles, reservas de US$ 190 bi e forte expansão do investimento dão mais solidez ao crescimento da economia

Para Delfim, "saia justa" no fornecimento de energia deve ser contornada; Loyola, ex-BC, vê segurança nas contas externas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Protegida de choques externos graças à reservas internacionais de mais de US$ 190 bilhões e com o investimento subindo duas vezes e meia mais do que o PIB, o Brasil tem condições de repetir nos próximos anos o crescimento na casa dos 5% de 2007, avaliam economistas ouvidos pela Folha.
Segundo o ex-ministro Delfim Netto, só um déficit em conta corrente não-financiável ou uma crise no abastecimento de energia impossibilitaria o país de manter o atual ritmo de crescimento. "Mas essas duas hipóteses estão afastadas."
As reservas, diz, dão conta de qualquer problema nas contas externas e, no caso da energia, o país passará mais uma ano "de saia justa", mas não haverá crise. E investimentos planejados trarão conforto ao setor.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), ressalta a importância da expansão dos investimentos maior que a do PIB para garantir a manutenção do crescimento econômico.
Enquanto o PIB subiu 5,4% em 2007, o investimento aumentou 13,4% -e se acelerou no último trimestre, a 16%. "Esse perfil é a melhor receita de bolo para ampliar o PIB, pois gera capacidade produtiva e afasta o risco de inflação", diz.
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendências, avalia, que o potencial de crescimento da economia brasileira está mais perto dos 4% do que dos 5%. Ele não descarta, porém, que se aproxime dos 5% com o ritmo de expansão dos investimentos e ganhos de produtividade.
Ainda assim, estima alta do PIB de 4,5% em 2008, já que a economia não contará com empurrão da queda dos juros, interrompida em setembro.
Apesar do aumento da oferta, proporcionada por investimentos crescentes, não há espaço para redução dos juros em razão do aquecimento do consumo, segundo Loyola.
Loyola ressaltou, porém, o ganho possibilitado pelo acúmulo de reservas internacionais. "Na maior parte das vezes em que o país parou de crescer, estava associado a problemas de financiamento externo. Não há esse problema agora."
A última vez em que o país cresceu mais de 4% por dois anos seguidos foi no período de 1993 (4,7%), 94 (5,3%) e 95 (4,4%) -nos dois últimos anos, embalado pelo Real. Antes disso, só no Cruzado: 1984 (5,4%), 1985 (7,8%) e 1986 (7,5%). Mas esses dados não podem ser comparados com a série do PIB iniciada em 1996 porque houve mudanças metodológicas.


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