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Emprego industrial de SP cai ao nível de 2007
Saldo negativo de vagas registra 3º recorde seguido em fevereiro, com 43 mil cortes; desde outubro, são 236,5 mil postos fechados
Em cinco meses, indústria paulista perde mais vagas do que criou em todo o ano de 2004, o melhor período para o segmento no Estado
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com a perda recorde no saldo de geração de postos de trabalho da indústria paulista desde o final do ano passado, o nível de emprego do setor voltou
ao patamar de fevereiro de
2007, segundo a Fiesp/Ciesp
(Federação e Centro da Indústria do Estado de São Paulo).
De acordo com pesquisa das
entidades divulgada ontem, fevereiro foi o terceiro mês seguido de recorde negativo para o
setor. Dezembro e janeiro haviam sido os piores meses para
a geração de empregos desde
1995, quando a série histórica
teve início. No mês passado, a
indústria paulista perdeu mais
43 mil vagas ante janeiro.
Desde outubro, quando os
efeitos da crise começaram a
ser sentidos de forma mais intensa no Brasil e no mundo, a
indústria paulista eliminou
236,5 mil vagas -aproximadamente 10% dos empregos do
setor. O número é maior do que
o referente ao ano em que a indústria do Estado mais gerou
empregos recentemente, em
2004, quando foram criadas
145 mil vagas.
"Em 13 anos, nunca tínhamos visto uma queda com essa
expressão em fevereiro. Foi o
terceiro mês com recorde negativo, e sabe Deus a quantos vamos assistir em razão da crise",
disse Paulo Francini, diretor do
Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp.
De outubro a fevereiro, tradicionalmente há queda no saldo
de emprego no Estado em razão do fim da safra de cana-de-açúcar -os empregos no campo são adicionados às admissões da indústria porque os
contratos são feitos pelas usinas-, mas esta retração foi
muito superior à que ocorria.
Em 2007 e 2008, houve perda de 35,5 mil e de 38 mil postos, respectivamente, no período de outubro a fevereiro, contra os 236,5 mil agora.
O total dos empregos na indústria paulista é de 2,35 milhões, ante 2,58 milhões em setembro de 2008, mês em que a
quebra do banco Lehman Brothers acelerou a crise global.
Francini prevê que a partir
deste mês o saldo de criação de
empregos possa chegar, pelo
menos, à estabilidade. A percepção dos empresários nesta
quinzena, monitorada pelo indicador Sensor da Fiesp, mostra que melhorou a expectativa
das empresas para emprego,
vendas, investimentos e mercado em relação à última quinzena de fevereiro.
Setores mais afetados
No mês passado, o setor que
mais extinguiu vagas foi o de
outros equipamentos de transporte -por exemplo, ferroviário e aeronáutico. O segmento
foi responsável por 22% das vagas cortadas em fevereiro, com
eliminação de 9.565 postos de
trabalho. As mais de 4.200 demissões na Embraer foram as
principais responsáveis pelo
dado ruim do setor e pelo fato
de São José dos Campos ter registrado o pior desempenho
entre as diretorias regionais.
O levantamento também
mostra que a eliminação de
postos de trabalho ocorre tanto
na capital quanto no interior do
Estado. Das 36 diretorias da associação, 30 tiveram saldo negativo de geração de empregos,
1 registrou estabilidade e 5 tiveram resultados moderadamente positivos no mês (Jaú, Araraquara, Jacareí, Limeira, Santa
Bárbara do Oeste e Araçatuba).
Júlio Gomes de Almeida,
professor da Unicamp, diz que
é possível que o nível de emprego na indústria no Estado de
São Paulo caminhe para a estabilidade nos próximos meses,
mas destaca que a recuperação
das vagas perdidas será lenta.
"Podemos ter um quadro menos ruim para o emprego, mas
eu acho difícil que, a curto prazo, possamos recuperar tudo o
que se perdeu", afirma.
O economista lembra que a
indústria começou a dar sinais
de recuperação no início deste
ano, mas em ritmo moderado.
Para Almeida, os dados positivos podem frear a queda de empregos. "Mas uma coisa é estancar a perda, outra é recuperar o
que perdeu e outra é crescer
além do que perdeu. Estamos
na primeira fase. Será difícil
que neste ano as vagas cresçam
além do que foi perdido."
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