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Redução da jornada sinaliza novos cortes na indústria
Total de horas pagas tem a quarta queda consecutiva e a maior desde 2001, diz o IBGE
Dado mostra que empresas tendem a evitar contratação nos próximos meses; nível de emprego também tem pior desempenho em 8 anos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Já fragilizado pela crise, o
mercado de trabalho na indústria tende a piorar nos próximos meses. É que o total de horas pagas na produção, indicador antecedente do nível de
emprego, caiu 1,8% em janeiro
na comparação livre de influências sazonais com dezembro. Foi a quarta queda consecutiva na jornada da indústria e
a maior da série histórica do
IBGE, iniciada em 2001.
Em relação a janeiro de 2008,
o desempenho também foi negativo e o total de horas pagas
cedeu 3,6%. O emprego, por sua
vez, também recuou pelo quarto mês consecutivo em janeiro,
período no qual acumulou uma
queda de 3,9%.
De dezembro para janeiro, a
ocupação na indústria cedeu
1,3%, no pior desempenho desde o começo da série histórica.
Na comparação com janeiro de
2008, a retração foi de 2,5%.
Para André Macedo, economista da Coordenação de Indústria do IBGE, as horas pagas
sinalizam tendência futura do
emprego. Ou seja, um empresário só vai contratar se estiver
com a produção aquecida e
ocupando sua força de trabalho
pelo período máximo de horas.
Diante da crise, diz, a produção caiu na maior parte dos setores, o que rebateu no volume
de horas trabalhadas e no emprego. "Sem dúvida, as horas
pagam funcionam como um indicador antecedente. Elas cresciam antes da crise, sustentadas pelos setores mais dinâmicos até então, como meios de
transporte e máquinas e equipamentos. Mas começaram a
cair com o agravamento da crise e a perda de ritmo desses setores", afirma Macedo.
O Iedi (Instituto de Estudos
para o Desenvolvimento Industrial) também vê uma deterioração do mercado de trabalho na indústria e não considera a possibilidade de uma rápida recuperação. "Como o emprego reage com certa defasagem com relação à produção,
infelizmente o quadro em perspectiva é que esse processo tende a se aprofundar nos próximos meses", diz o instituto.
Segundo o economista do IBGE, a piora do mercado de trabalho industrial é "generalizada", já que a maioria dos setores
e locais pesquisados sofrem
com os efeitos da crise. O fechamento de vagas foi liderado por
São Paulo (-2,1%). Já setorialmente, o pior desempenho ficou com vestuário (-8,2%).
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