|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
STF rejeita liminar de bancos sobre planos
Supremo barra tentativa que visava encerrar ações que cobram correção monetária no saldo da poupança desde 1986
Ministro rebate alegações de inconstitucionalidade
e risco para o sistema financeiro; instituições podem recorrer de decisão
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal
Federal, barrou a tentativa dos
bancos de encerrar as ações
que cobram os expurgos de planos econômicos editados desde
1986. Ele indeferiu um pedido
de liminar de ADPF (Arguição
de Descumprimento de Preceito Fundamental), cuja finalidade era provar que os planos seguiram a Constituição e que as
decisões que obrigam os bancos a pagar os expurgos são inconstitucionais.
A decisão tem caráter provisório e as instituições financeiras vão recorrer.
No pedido, os bancos citavam a crise internacional e diziam que as perdas com as reivindicações judiciais poderiam
colocar em risco o sistema financeiro -afirmavam que elas
poderiam chegar a R$ 180 bilhões (um quarto do PIB brasileiro do ano passado).
O ministro rebateu as duas
alegações. Segundo Lewandowski, a questão da constitucionalidade não faz parte do pedido dos poupadores: "O cerne
da questão sob debate é o direito dos poupadores a receber a
diferença dos denominados expurgos inflacionários relativos
à correção monetária dos saldos de caderneta de poupança
existente à época da edição dos
planos Cruzado, Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2".
O ministro diz que há, aliás,
uma súmula vinculante do Supremo (179) que estabelece a
correção monetária de valores
depositados. Súmula vinculante é o instrumento pelo qual o
STF estabelece padrões de decisão para as outras instâncias.
A decisão também diz que as
ações judiciais não colocam em
risco o sistema financeiro. Ele
cita um estudo da Economática, segundo o qual o resultado
de 15 bancos no terceiro trimestre de 2008 "foi maior que
a soma de 201 empresas de outros segmentos: R$ 6,92 bilhões
ante R$ 6,01 bilhões".
O ministro cita ainda informações do site da Febraban (a
federação dos bancos): entre
1995 e 2006, o patrimônio líquido das instituições passou
de R$ 58,837 bilhões a R$
186,240 bilhões. No ano passado, chegou a R$ 283,796 bilhões. Ele diz que os dez maiores bancos já reservam recursos para pagar os expurgos dos
planos Bresser, Verão e Collor.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor festejou a
decisão. "É um freio na empáfia
dos bancos, que acham que podem tudo", diz Karina Grou.
Texto Anterior: Sem propostas, BC adia empréstimo de reservas em dólares Próximo Texto: Serviço Folha - IOB: Receita Federal unifica modelos para declaração Índice
|