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ANO DO DRAGÃO
Remuneração aos produtores recua 5,62% nos últimos 30 dias; arroz e feijão substituem tomate como vilões
Preço dos alimentos começa a cair em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
Começa a ocorrer neste mês o
que já deveria ter ocorrido em fevereiro: os preços dos alimentos
desabam em São Paulo. Nos últimos 30 dias, a queda foi de 5,62%,
conforme pesquisa feita pelo Instituto de Economia Agrícola, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.
A pesquisa foi feita com os produtores paulistas. Os alimentos
vão continuar caindo nas próximas semanas, fechando o mês
com redução entre 3% e 3,5%.
Essa forte queda nos preços
agrícolas pagos aos produtores
vai aliviar ainda mais a taxa de inflação, que já está com tendência
de queda. Para Nelson Batista
Martin, pesquisador do IEA e
coordenador da pesquisa, chegou
a vez dos consumidores. Nos próximos meses, certamente essa
queda de preços será um alívio
para o bolso deles, o que não significa perda para os produtores,
que tiveram bom acúmulo de renda nos últimos meses, diz Martin.
O tomate, o vilão da inflação no
mês passado, será o principal fator de alívio neste mês. Nas contas
do IEA, o produto teve queda de
61% nos últimos 30 dias. Na lista
das quedas estão também as carnes. O boi gordo está no pico da
safra e deve empurrar para baixo
também os preços das carnes suína e de frango, diz Martin.
A queda do dólar começa também a refletir nos preços agrícolas. A laranja, item de peso na balança de exportação do agronegócio, está com queda de 18% nos
preços internos. Além da pressão
da valorização do real, a laranja
sofre a concorrência da safra precoce e da boa oferta de tangerina.
O câmbio também afetou os
preços do milho. O dólar forte eleva os preços do produto exportado. A desvalorização da moeda
norte-americana, no entanto, diminuiu os preços de referência de
exportação, forçando uma queda
interna, que atingiu 12% nos últimos 30 dias. O preço do trigo
também recuou (7%) porque as
importações ficaram menos onerosas para as indústrias.
O dólar afetou também os preços da soja, mas a queda interna
foi pequena porque os preços
continuam subindo no exterior. A
demanda mundial está aquecida e
os estoques mundiais continuam
baixos, informou ontem o Departamento de Agricultura dos EUA.
Açúcar e álcool também não terão mais espaço para altas. Os
preços devem ficar estabilizados e
até cair com a entrada da safra.
A queda do dólar diminuiu a
competitividade do açúcar no
mercado externo e vender o produto no mercado interno rende
mais para os usineiros do que as
exportações.
A pesquisa do IEA inclui ainda
na lista dos produtos que vão
manter tendência de queda a cebola, a batata e a banana. A oferta
desses produtos aumentou, derrubando os preços.
Dois produtos contrariam a
tendência de queda dos agrícolas
e vão ser os vilões deste mês: arroz
e feijão. O arroz, em plena safra,
acumula alta de 22% nos preços
pagos aos produtores.
Martin diz que a tendência de
alta desse produto só será interrompida quando o governo agir.
Os produtores estão retendo o
produto, cientes de que as importações ficam caras e os estoques
governamentais estão zerados.
O feijão está com preços estáveis, mas com valores 125% acima
dos registrados no mesmo período do ano passado. A reduzida
oferta do produto mantém os
preços elevados. O leite também
está em alta (2%).
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