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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Remuneração aos produtores recua 5,62% nos últimos 30 dias; arroz e feijão substituem tomate como vilões

Preço dos alimentos começa a cair em SP

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Começa a ocorrer neste mês o que já deveria ter ocorrido em fevereiro: os preços dos alimentos desabam em São Paulo. Nos últimos 30 dias, a queda foi de 5,62%, conforme pesquisa feita pelo Instituto de Economia Agrícola, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.
A pesquisa foi feita com os produtores paulistas. Os alimentos vão continuar caindo nas próximas semanas, fechando o mês com redução entre 3% e 3,5%.
Essa forte queda nos preços agrícolas pagos aos produtores vai aliviar ainda mais a taxa de inflação, que já está com tendência de queda. Para Nelson Batista Martin, pesquisador do IEA e coordenador da pesquisa, chegou a vez dos consumidores. Nos próximos meses, certamente essa queda de preços será um alívio para o bolso deles, o que não significa perda para os produtores, que tiveram bom acúmulo de renda nos últimos meses, diz Martin.
O tomate, o vilão da inflação no mês passado, será o principal fator de alívio neste mês. Nas contas do IEA, o produto teve queda de 61% nos últimos 30 dias. Na lista das quedas estão também as carnes. O boi gordo está no pico da safra e deve empurrar para baixo também os preços das carnes suína e de frango, diz Martin.
A queda do dólar começa também a refletir nos preços agrícolas. A laranja, item de peso na balança de exportação do agronegócio, está com queda de 18% nos preços internos. Além da pressão da valorização do real, a laranja sofre a concorrência da safra precoce e da boa oferta de tangerina.
O câmbio também afetou os preços do milho. O dólar forte eleva os preços do produto exportado. A desvalorização da moeda norte-americana, no entanto, diminuiu os preços de referência de exportação, forçando uma queda interna, que atingiu 12% nos últimos 30 dias. O preço do trigo também recuou (7%) porque as importações ficaram menos onerosas para as indústrias.
O dólar afetou também os preços da soja, mas a queda interna foi pequena porque os preços continuam subindo no exterior. A demanda mundial está aquecida e os estoques mundiais continuam baixos, informou ontem o Departamento de Agricultura dos EUA.
Açúcar e álcool também não terão mais espaço para altas. Os preços devem ficar estabilizados e até cair com a entrada da safra.
A queda do dólar diminuiu a competitividade do açúcar no mercado externo e vender o produto no mercado interno rende mais para os usineiros do que as exportações.
A pesquisa do IEA inclui ainda na lista dos produtos que vão manter tendência de queda a cebola, a batata e a banana. A oferta desses produtos aumentou, derrubando os preços.
Dois produtos contrariam a tendência de queda dos agrícolas e vão ser os vilões deste mês: arroz e feijão. O arroz, em plena safra, acumula alta de 22% nos preços pagos aos produtores.
Martin diz que a tendência de alta desse produto só será interrompida quando o governo agir. Os produtores estão retendo o produto, cientes de que as importações ficam caras e os estoques governamentais estão zerados.
O feijão está com preços estáveis, mas com valores 125% acima dos registrados no mesmo período do ano passado. A reduzida oferta do produto mantém os preços elevados. O leite também está em alta (2%).


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