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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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Economista diz ter sido consultada sobre taxa de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um relato feito pela economista Maria da Conceição Tavares lança mais dúvidas sobre a versão oficial de que o Banco Central tem autonomia na prática e, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, decide os juros sem interferências externas.
Conceição disse que ela e o deputado Delfim Netto (PP-SP) foram consultados pelo ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) antes da decisão de elevar as taxas do BC em fevereiro -quando os juros passaram de 25,5% a 26,5% anuais.
Segundo a versão da economista, Delfim concordou com sua posição contrária ao aperto monetário naquele momento. Depois, porém, Palocci teria lhe telefonado para dizer que a concordância do "gordo" se limitava a "razões acadêmicas". Considerados os humores do mercado, os juros subiram.
"Precisava ver como o Delfim concordava comigo quando era para bater no Malan", ironizou Conceição, referindo-se à aproximação de ambos, apesar das ideologias opostas, durante o período de críticas à política cambial do governo Fernando Henrique Cardoso.
Na palestra que fez ontem na Câmara, a economista insinuou que repetiria a crítica: "Quer dizer que voltamos à âncora cambial?", perguntou, referindo-se à estratégia de usar a sobrevalorização da moeda para conter a inflação.
Disse, porém, ter "confiança total" no governo Lula e, à sua maneira, fez um elogio a Palocci: "Ele é que parece o Sergio Motta [ex-ministro e operador político de FHC, já comparado ao ministro José Dirceu, da Casa Civil": é gordo, tem couro de elefante e, mesmo apanhando, está sempre sorrindo".
Por fim, tratou de criticar também os deputados e senadores presentes, que, em sua visão, entendem muito pouco o que discutem. "Comuniquem-se. Informem-se. Não fiquem só cacarejando", disse. (GP)


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