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Economista diz ter sido consultada sobre taxa de juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um relato feito pela economista Maria da Conceição Tavares lança mais dúvidas sobre a versão oficial de que o Banco
Central tem autonomia na prática e, no governo Luiz Inácio
Lula da Silva, decide os juros
sem interferências externas.
Conceição disse que ela e o
deputado Delfim Netto (PP-SP) foram consultados pelo
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) antes da decisão de
elevar as taxas do BC em fevereiro -quando os juros passaram de 25,5% a 26,5% anuais.
Segundo a versão da economista, Delfim concordou com
sua posição contrária ao aperto
monetário naquele momento.
Depois, porém, Palocci teria
lhe telefonado para dizer que a
concordância do "gordo" se limitava a "razões acadêmicas".
Considerados os humores do
mercado, os juros subiram.
"Precisava ver como o Delfim
concordava comigo quando
era para bater no Malan", ironizou Conceição, referindo-se
à aproximação de ambos, apesar das ideologias opostas, durante o período de críticas à política cambial do governo Fernando Henrique Cardoso.
Na palestra que fez ontem na
Câmara, a economista insinuou que repetiria a crítica:
"Quer dizer que voltamos à âncora cambial?", perguntou, referindo-se à estratégia de usar a
sobrevalorização da moeda para conter a inflação.
Disse, porém, ter "confiança
total" no governo Lula e, à sua
maneira, fez um elogio a Palocci: "Ele é que parece o Sergio
Motta [ex-ministro e operador
político de FHC, já comparado
ao ministro José Dirceu, da Casa Civil": é gordo, tem couro de
elefante e, mesmo apanhando,
está sempre sorrindo".
Por fim, tratou de criticar
também os deputados e senadores presentes, que, em sua visão, entendem muito pouco o
que discutem. "Comuniquem-se. Informem-se. Não fiquem
só cacarejando", disse.
(GP)
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