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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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ECONOMIA MUNDIAL

Secretário do Tesouro dos EUA diz que desvalorização da moeda norte-americana estimula exportações

EUA agora apóiam dólar fraco; euro sobe

Richard Drew/Associated Press
Operador na Bolsa de NY, que fechou no maior nível em 4 meses


DA REDAÇÃO

O euro subiu ontem 0,54% e foi a US$ 1,1559. Com essa alta de, a cotação da moeda única da União Européia alcançou o maior valor desde 22 de janeiro de 1999, mês de seu lançamento.
A alta foi impulsionada por declarações pró-dólar fraco do secretário do Tesouro norte-americano, John Snow. Foi a primeira vez, em mais de dez anos, que um secretário do Tesouro defende publicamente, ainda que de forma sutil, os benefícios econômicos para os EUA proporcionados por um dólar fraco.
Em entrevistas concedidas a diversas redes de televisão dos EUA, no final de semana, Snow afirmou que um dólar mais fraco ajuda o setor exportador dos EUA.
Para analistas, o comentário de Snow reforça rumores do mercado de que o governo George W. Bush tem usado o dólar mais fraco para tentar conter as ameaças de deflação e de desaceleração da economia do país.
Um impulso nas exportações americanas pode ajudar a enfrentar o grande déficit comercial do país. No último trimestre de 2002, o valor chegou a US$ 548 bilhões, equivalente a 5,2% do PIB (Produto Interno Bruto).
A manutenção desse déficit faz com que o país se torne cada vez mais dependente de investimentos estrangeiros a fim de cobrir esse buraco, caso contrário o dólar corre o risco de cair ainda mais. A estimativa é que sejam necessários US$ 400 bilhões ao ano, ou cerca de US$ 1,5 bilhão em investimento a cada dia útil.
Na avaliação de especialistas, a valorização do euro também resulta de outras fragilidades na economia americana. "As recentes decepções com as ações de tecnologia dos EUA e os escândalos corporativos afugentaram investidores, bancos centrais de todo o mundo passaram a aumentar a parte das suas reservas em euros", diz recente estudo da OEF (Oxford Economic Forecast).

Crescimento da UE
Para a economia da União Européia, a valorização do euro perante o dólar (que acumula 26,6% de alta nos últimos 12 meses) afeta principalmente as exportações do continente.
O mercado dos EUA representa cerca de 30% das vendas de companhias européias. As exportações são apontadas como a principal saída para a estagnação que ronda a União Européia.
Com a valorização da moeda européia, porém, os produtos do bloco perdem competitividade.
Diante desse cenário, várias empresas exportadoras, sobretudo na Alemanha, têm anunciado que a alta do euro já se reflete na diminuição dos lucros.
As ações da Volkswagen caíram 42,7% nos últimos 12 meses, e as vendas para os EUA, que representam 20% das exportações da empresa, estão em queda.
O euro forte, para analistas de mercado, deve permanecer pelos próximos meses. Segundo previsões do banco UBS, a cotação do euro deve atingir US$ 1,25 até meados de 2004, alta de 8,8% em comparação com a cotação atual.
O UBS também analisou o comportamento do índice FTSE Eurotop, que lista as 300 principais empresas do continente. Estimativas do banco apontam que o índice deve fechar 2003 em 875 pontos. O valor está 1% abaixo do que os analistas do banco previam no início deste ano.

Setores ameaçados
Para o ABN Amro, com a apreciação do euro, companhias de transportes européias e os setores ligados à engenharia e ao maquinário pesado serão os principais afetados. A constatação foi feita em estudo realizado pelo banco holandês ABN Amro.
Esses segmentos são extremamente dependente das vendas externas. O barateamento do custo dos insumos, promovido pelo dólar fraco, é neutralizado pela queda da receita das exportações.
Alguns setores europeus, porém, podem até sair ganhando. É o caso de importadores.

Com agências internacionais


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