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São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 2003

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PRODUÇÃO

Entre 96 e 2001, participação do setor caiu de 14,9% para 13,9% do total, diz IBGE; álcool e leite ajudaram na queda

Agronegócio perde espaço na indústria

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Apesar do ganho de produtividade, da mecanização das lavouras e das safras recordes dos últimos anos, o agronegócio perdeu espaço na indústria brasileira. Sua participação caiu de 14,9% na produção total do setor em 1996 para 13,9% em 2001.
Dos R$ 290,4 bilhões produzidos pela indústria brasileira em 2001, o agronegócio gerou R$ 40,4 bilhões. Em 1996, a cifra havia sido de R$ 23,9 bilhões para o total de R$ 160,4 bilhões.
Segundo especialistas, o enfraquecimento do mercado interno de consumo (em 2001, o país entrava no racionamento de energia), o fato de parte das exportações não passar pela indústria e de outros setores terem crescido mais do que a agroindústria explicam esse movimento.
Para o IBGE, a agroindústria perdeu terreno por causa da queda de participação especialmente da produção de álcool e de leite, ambos voltados para o mercado interno.
Nos alimentos, cujo destaque é a retração da indústria do leite, a queda se deveu à abertura comercial do país a produtos importados. No caso do álcool, o que ocorreu foi a substituição pela produção de açúcar, destinada à exportação e mais rentável para os usineiros.
"Outros setores, como os que foram privatizados, cresceram mais do que o agronegócio", disse Odair Abate, economista-chefe do banco Lloyds TSB, ao explicar a queda relativa do setor.
Paulo Levy, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), tem outra justificativa. "Não é uma tendência. Foi uma queda momentânea, decorrente da retração da produção de álcool. Nas pesquisas de 2002 e 2003, certamente a agroindústria vai voltar a crescer em participação."
Levy afirmou ainda que a economia atravessou, em 2001, um período difícil, com queda no consumo e a seca que afetou as lavouras e gerou o racionamento.
O ramo de celulose foi o que mais ganhou espaço. Tinha um peso de 4,5% no total da agroindústria em 1996. Passou para 7,3% em 2001. É ainda o setor que melhor remunera os empregados -em média, 13,3 salários mínimos em 2001- e tem a mais alta produtividade -R$ 27,5 mil reais por funcionário ao mês.
Segundo Silvio Sales, especialista do IBGE, os segmentos mais voltados ao mercado externo, como o de celulose, foram os que mais se modernizaram, avançando posições.
José Augusto de Castro, diretor da AEB (Associação Brasileira de Comércio Exterior), disse que são principalmente as exportações que têm mantido o dinamismo do setor agroindustrial.
Além da celulose, segundo o IBGE, outros dois setores mais ligados às exportações cresceram em participação: madeira e couro.
Na média, a indústria geral cresceu mais do que a agroindústria de 1996 a 2001: 9%, contra 2%, de acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE.

Emprego
Também caiu a importância do agronegócio no emprego. Eram 771 mil empregados em 1996 -ou 15,3% do total. Em 2001, o número passou para 781 mil pessoas, o que representa 14,6% das vagas da indústria.
Mais uma vez, foi a diminuição da produção de álcool e sua migração do Nordeste para o Sudeste, onda ela é mais automatizada, a responsável pela queda. Também pesou a retração no beneficiamento de leite.


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