FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

De rainha do Carnaval de Gualeguaychú a estrela da cúpula União Européia e América Latina-Caribe. O próximo passo de Evangelina Carrozzo, 25, a neoativista do Greenpeace que desfilou com o cartaz contra as "papeleiras" no Uruguai, poderá ser dado nos palcos do teatro de revista da Argentina.
É o que espera a irmã de Evangelina, Silvia Carrozzo, 33. "Todo mundo está falando que ela será convidada para os shows da [avenida] Corrientes", disse à Folha. Chamada de "Broadway portenha", a área concentra espetáculos de teatro de revista, onde se apresentam as vedetes argentinas. Em termos de prestígio, seria o equivalente a sair na capa da principal revista masculina do Brasil.
A torcida começou cedo: a família já estava de prontidão na internet às 5h para assistir à "Operação Biquíni". O ato foi combinado em segredo, há 20 dias, pela família, a prefeitura de Gualeguaychú (248 km de Buenos Aires) e o Greenpeace. A idéia partiu da ONG, e o convite à moça foi feito pelo secretário de turismo da cidade, Sebastián Bel. "Ela representa a natureza da nossa terra."
Cidade do carnaval mais tradicional do país, Gualeguaychú tem um sambódromo para 35 mil pessoas. Foi ali que o presidente Néstor Kirchner fez um ato na sexta passada exigindo um estudo de impacto ambiental das multinacionais do papel que se instalam a menos de 50 km, na uruguaia Fray Bentos.
Promotora de vendas em supermercados e feiras e estudante de nutrição, ela não está namorando. Fez sua primeira viagem de avião a Viena, onde usou uma fantasia fabricada especialmente para o ato, sem adereço que pudesse ser barrado no detector de metais.
Para Emiliano Ezcurra, diretor do Greenpeace, a manifestação foi exitosa: "Há solução. Temos um projeto para que as papeleiras mudem de lugar e produzam de maneira limpa".


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