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ALIMENTOS
Marca da Sadia e cultura da Perdigão devem prevalecer
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a perspectiva de o negócio entre Sadia e Perdigão
ser anunciado nos próximos
dias, o clima dentro da Perdigão é de euforia e, da Sadia,
de apreensão.
Com a expectativa de sinergia de R$ 2,2 bilhões com
a união entre as duas empresas, haverá multiplicidade de
produtos, de fábricas e, evidentemente, de ocupações.
Há grandes possibilidades
de corte quando são somados os 59 mil funcionários da
Perdigão e os 60 mil da Sadia,
afirma um executivo de uma
das empresas -principalmente entre os cargos mais
qualificados.
A ansiedade e a animação
dos funcionários da Perdigão, diz uma pessoa próxima
às empresas, carregam um
pouco do sentimento de vingança, causado pela tentativa
de tomada de controle hostil,
feita pela Sadia há três anos.
À época, a Sadia, com receita 40% maior do que a da
Perdigão, ofereceu R$ 27,88
por ação da concorrente. Se
houvesse a adesão de 100%
dos acionistas, a Sadia desembolsaria R$ 3,73 bilhões.
Os maiores acionistas da
Perdigão recusaram a proposta e traçaram um plano
agressivo de crescimento,
para evitar situação semelhante no futuro.
Com prejuízo de R$ 3,8 bilhões no ano passado, após
perder R$ 2,6 bilhões em
operações com derivativos
cambiais por conta da alta do
dólar e pesadas dívidas a vencer na metade do ano, a Sadia
viu a situação se inverter.
Apesar de reconhecer que
a Perdigão tem muito a
aprender com a Sadia do portão para fora, pessoas próximas à Perdigão avaliam que
sua cultura corporativa
-agressiva e fortalecida após
a tentativa de tomada de
controle- será dominante
depois do negócio, sobretudo
na média gerência.
Mesmo fazendo jogo duro
nas negociações, a oportunidade é vista como única dentro da Perdigão. Por mais que
a empresa invista em geração de valor para suas marcas, a Sadia tem o que os especialistas chamam de inércia de compra: o consumidor
conhece a qualidade, confia
nos produtos e dá sempre
preferência à etiqueta Sadia.
Uma das ideias em discussão, dentro da Perdigão, é,
concluído e aprovado o negócio, transformar a marca Sadia numa espécie de avalista
dos produtos de toda a empresa. A marca poderá ser estendida a áreas nas quais não
atua hoje, como lácteos.
Com a possibilidade de o
negócio estar quase fechado,
as ações da Perdigão tiveram
alta de 13,38% ontem. As da
Sadia sem direito a voto subiram 3,29% e as com direito a
voto, 6,66%.
A Perdigão soltou um comunicado afirmando que as
negociações continuam e a
Sadia preferiu novamente
não fazer comentários.
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