São Paulo, quarta-feira, 13 de maio de 2009

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ALIMENTOS

Marca da Sadia e cultura da Perdigão devem prevalecer

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a perspectiva de o negócio entre Sadia e Perdigão ser anunciado nos próximos dias, o clima dentro da Perdigão é de euforia e, da Sadia, de apreensão.
Com a expectativa de sinergia de R$ 2,2 bilhões com a união entre as duas empresas, haverá multiplicidade de produtos, de fábricas e, evidentemente, de ocupações.
Há grandes possibilidades de corte quando são somados os 59 mil funcionários da Perdigão e os 60 mil da Sadia, afirma um executivo de uma das empresas -principalmente entre os cargos mais qualificados.
A ansiedade e a animação dos funcionários da Perdigão, diz uma pessoa próxima às empresas, carregam um pouco do sentimento de vingança, causado pela tentativa de tomada de controle hostil, feita pela Sadia há três anos.
À época, a Sadia, com receita 40% maior do que a da Perdigão, ofereceu R$ 27,88 por ação da concorrente. Se houvesse a adesão de 100% dos acionistas, a Sadia desembolsaria R$ 3,73 bilhões. Os maiores acionistas da Perdigão recusaram a proposta e traçaram um plano agressivo de crescimento, para evitar situação semelhante no futuro.
Com prejuízo de R$ 3,8 bilhões no ano passado, após perder R$ 2,6 bilhões em operações com derivativos cambiais por conta da alta do dólar e pesadas dívidas a vencer na metade do ano, a Sadia viu a situação se inverter.
Apesar de reconhecer que a Perdigão tem muito a aprender com a Sadia do portão para fora, pessoas próximas à Perdigão avaliam que sua cultura corporativa -agressiva e fortalecida após a tentativa de tomada de controle- será dominante depois do negócio, sobretudo na média gerência.
Mesmo fazendo jogo duro nas negociações, a oportunidade é vista como única dentro da Perdigão. Por mais que a empresa invista em geração de valor para suas marcas, a Sadia tem o que os especialistas chamam de inércia de compra: o consumidor conhece a qualidade, confia nos produtos e dá sempre preferência à etiqueta Sadia.
Uma das ideias em discussão, dentro da Perdigão, é, concluído e aprovado o negócio, transformar a marca Sadia numa espécie de avalista dos produtos de toda a empresa. A marca poderá ser estendida a áreas nas quais não atua hoje, como lácteos.
Com a possibilidade de o negócio estar quase fechado, as ações da Perdigão tiveram alta de 13,38% ontem. As da Sadia sem direito a voto subiram 3,29% e as com direito a voto, 6,66%.
A Perdigão soltou um comunicado afirmando que as negociações continuam e a Sadia preferiu novamente não fazer comentários.


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