São Paulo, quarta-feira, 13 de maio de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil diminui uso de softwares piratas

Fabricantes reduzem índice de falsificações de 64% para 58% entre 2004 e 2008; perda acumulada com pirataria é de US$ 1,6 bi

No mundo, índice passou de 35% para 41%; agravadas pela crise, perdas globais somaram US$ 53 bi, diz levantamento em 110 países


Danilo Verpa/Folha Imagem
Ambulantes vendem CDs e DVDs na rua Santa Ifigênia, conhecido ponto de pirataria em SP

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de aparecer na lista dos países com maiores índices de pirataria, o Brasil avançou no combate ao software ilegal. Em 2004, o índice de programas de computador sem licença era de 64%. Em 2008, caiu para 58%. No período, a pirataria no mundo teve um movimento contrário, subindo de 35% para 41%.
É o que revela uma pesquisa feita pelo IDC (International Data Corporation) realizada em 110 países e divulgada ontem pela Abes (Associação Brasileira de Empresas de Software) e pela BSA (Business Software Alliance). Nela, o Brasil já exibe o menor índice de pirataria entre os países emergentes e a segunda menor marca da América Latina. Só perde para a Colômbia (56%).
Mas perdas para as empresas brasileiras que desenvolvem os softwares e pagam impostos cresceram e atingiram US$ 1,645 bilhão, alta de 1,73% em relação a 2007.
Entre 2005 e 2007, o crescimento foi de 111%. No mundo, elas bateram em US$ 53 bilhões, 11% mais que em 2007. Esse total seria de US$ 50,2 bilhões, 5% mais que em 2007, não fosse a desvalorização do dólar acentuada pela crise.
Vários fatores explicam o resultado brasileiro. Um deles foi o aumento da repressão policial contra a pirataria. O governo também colocou em prática campanhas de conscientização, principalmente nas escolas.
Mas foram as empresas as principais responsáveis pelo avanço. Segundo Frank Caramuru, diretor da BSA no Brasil, elas investiram no relacionamento com seus fornecedores e revendedores.
"Uma das medidas foi facilitar mais o pagamento", diz. Essa política acabou compensando a diferença de preço em relação aos piratas. Além disso, muitas companhias contrataram escritórios de investigação para chegar aos distribuidores clandestinos.
As mudanças tecnológicas também desempenharam seu papel. Empresas que antes só vendiam licença de software, como a Microsoft, inauguraram novo modelo de negócio em que o software não é mais instalado no computador do proprietário, mas em um servidor acessado pela internet.
Por esse uso, as empresas cobram "aluguel", um modelo batizado de SaaS (Software como Serviço, na sigla em português). Segundo o IDC, esse tipo de solução já responde por 6% das vendas de software no mundo e cresce rapidamente.
A China, um dos países com mais alta taxa de pirataria, implementou políticas agressivas nos últimos quatro anos. A redução de 10 pontos desde 2004 fez surgir 220 mil novos postos de trabalho na área de TI (tecnologia da informação).
Nesse período, a Rússia, outra recordista, efetuou o mesmo corte e conseguiu gerar, só com isso, 9.000 postos de trabalho no setor. Estima-se que, até 2012, os consumidores e as empresas gastarão US$ 450 bilhões com software. Se a taxa de pirataria for mantida, serão gastos outros US$ 300 bilhões.
O estudo mostra que os países emergentes têm um peso importante nesse processo. Isso porque eles respondem por 45% de todo o comércio de computadores e apenas 20% da receita pela compra de software. Se essa participação se igualasse (aos 45%), a indústria de software cresceria US$ 40 bilhões ao ano.
O setor aposta que o crescimento dos netbooks (mais baratos e que já vêm com software embarcado) poderá ajudar na disputa contra a pirataria.


Texto Anterior: SP planeja pedágios em rodovias para o litoral norte
Próximo Texto: França quer punir ação de internautas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.