São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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EXUBERÂNCIA NACIONAL

Retorno das instituições financeiras no país superou em 2003, pela 1ª vez, o obtido pelas americanas

Bancos têm rentabilidade recorde no Brasil

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos que atuam no Brasil conseguem registrar níveis de rentabilidade que superam os verificados em grandes bancos americanos. No ano passado, pela primeira vez na história, os resultados sobre o desempenho dessas instituições no país superaram o obtido pelos bancos nos EUA.
A rentabilidade com as operações bancárias no Brasil supera até a taxa de retorno registrada pela indústria norte-americana e também pela brasileira. Nesse caso, foram contabilizados os resultados de companhias e instituições financeiras com ações em Bolsa de Valores em São Paulo e em Nova York.
No ranking deste ano, que engloba números dos maiores bancos presentes nos dois países -segundo o resultado com intermediação financeira-, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú aparecem na 9ª, 10ª e 11ª posições, respectivamente. Em primeiro está o Citigroup, o maior do mundo.
Levantamento da Economática, que realizou os cálculos, mostra que o que aconteceu foi uma inversão -favorável aos brasileiros- nos desempenhos das instituições aqui e lá fora.
Em 2003, a taxa de rentabilidade mediana (média que elimina as maiores variações) das instituições ficou em 17% no Brasil. Nos EUA, ficou em 15,1%.
A taxa de 17% é recorde e muito próxima até do melhor índice para o setor verificado nos EUA (de 17,4% no ano de 1999).
Entretanto, até então, o Brasil perdia para as instituições financeiras lá fora e o índice dos bancos americanos era superior e sempre alcançava os dois dígitos.
O levantamento da Economática mostra que neste ano, porém, houve uma redução. No primeiro trimestre, o número ficou em 14,9%. Isso ocorreu por conta do aumento de certas despesas nas empresas no país. Mesmo com a queda, entretanto, o resultado é o mesmo registrado pelos bancos norte-americanos.
O índice também é, de longe, superior à taxa mediana de retorno da indústria norte-americana. O número ficou em 11,6% em março deste ano.
O que analistas brasileiros e estrangeiros concordam é que a recente reformulação do sistema bancário brasileiro (com o fim da inflação -que engordava as receitas das companhias) obrigou o setor a aprender a ganhar dinheiro em outras áreas, antes negligenciadas. Entre essas áreas está a de crédito popular.
Além disso, também há a questão dos elevados "spreads" bancários (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é cobrado do tomador).
Como rentabilidade é a divisão do lucro pelo patrimônio, um "spread" alto turbina o lucro e, logo, a rentabilidade das empresas.
Com uma leitura dos balanços, é possível verificar que o Bradesco, por exemplo, registrou de janeiro a março uma taxa de rentabilidade (anualizada) de 19,1%. No mesmo período de 2003, o número foi de 18,5%. No Itaú, o indicador alcançou 31,1% neste ano, contra 31,1% em 2003.

Ranking
No ranking dos bancos líderes em resultados com intermediação financeira (juros recebidos nas aplicações em títulos e valores mobiliários e nos empréstimos, por exemplo), o Brasil continua na 9ª posição neste ano, ocupada pelo Bradesco. Na cola aparecem o Banco do Brasil e o Itaú.
No entanto, no Itaú, por exemplo, o dinheiro obtido com a intermediação registrou uma alta de só 14,8%.
Enquanto isso, as despesas (juros pagos nas captações e operações de empréstimos e repasses e provisões técnicas) cresceram 117,5% no período.


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