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Turbulência eleva atratividade de fundos DI
Categoria, líder em saques no acumulado do ano, passou a ser destaque de captação de recursos nas últimas semanas
Entre os dias 24 de julho e 8 de agosto, fundos DI tiveram captação acima de R$ 900 mi; para analistas, movimento é reflexo da crise atual
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A turbulência que tem sacudido o mercado financeiro nas
últimas três semanas deu novo
alento aos fundos DI. Categoria
de investimento líder em saques no ano, os fundos DI viram sua rentabilidade crescer
no período dessa recente crise e
acabaram por atrair novos recursos para suas carteiras.
Um dos reflexos da turbulência internacional foi a elevação
dos juros futuros brasileiros.
Como as carteiras dos DI carregam muitos papéis pós-fixados,
a rentabilidade oferecida cresceu nas últimas semanas. Os títulos pós-fixados acompanham
a oscilação de índices e taxas
-como os juros futuros- para
definir o retorno que os investidores receberão.
Entre os dias 24 de julho e 8
de agosto, os fundos DI registraram captação líquida positiva (a diferença entre os recursos sacados e depositados) de
R$ 906,1 milhões, perdendo
apenas para os fundos de ações,
que captaram R$ 1,6 bilhão.
Antes das recentes turbulências, os juros futuros estavam
em queda, o que vinha diminuindo a atratividade dos fundos DI. Tanto que a categoria
vinha sofrendo pesados saques
nos últimos meses, o que fez
com que sua captação anual ficasse negativa em R$ 13,32 bilhões -o segmento que mais
perdeu recursos no ano.
Nesse período de crise, os DI
aparecem como destaque de
rentabilidade, que ficou acumulada em 0,484%. Apenas os
fundos cambiais, que acompanham a oscilação do dólar, tiveram retorno mais elevado no
período, de 2,322%. Os dados
são do site Fortuna.
"Os fundos DI estão performando melhor nesse momento. Mas entendo que a turbulência é passageira e, quando se
estabilizar, tudo deve voltar ao
normal, com os fundos DI perdendo a atual atratividade",
afirma Marco Franklin, sócio
da Paraty Investimentos.
O mercado financeiro global
passou a sofrer oscilações mais
pesadas e constantes a partir do
dia 24 de julho. O epicentro dos
solavancos, que ainda não encontraram seu fim, se originou
na crise de solvência vivida no
segmento de crédito habitacional americano de maior risco,
chamado de "subprime".
Na semana passada, a notícia
de que o banco francês BNP Paribas proibiu saques em alguns
de seus fundos na Europa, que
tinham investimento nesse
segmento do mercado americano, elevou o temor dos investidores em relação ao potencial
de contágio da crise do setor
imobiliário dos EUA no sistema financeiro mundial.
O reflexo imediato foram as
quedas observadas nas Bolsas
pelo mundo. No Brasil, além de
a Bovespa amargar perdas,
houve elevação na cotação do
dólar e nos juros futuros.
Na BM&F, a taxa projetada
no contrato DI (que espelha os
juros futuros) mais negociado,
que vence daqui a 30 meses,
saltou de 10,76% no dia 23 de
julho para 11,37% na sexta passada. Dessa forma, as taxas pagas pelos fundos DI subiram.
Sobre a maior rentabilidade e
a captação mais forte dos fundos DI, Alexandre Horstmann,
diretor de gestão da Meta Asset
Management, diz que "é uma
fotografia do curto prazo". "Entendo que nessa hora o melhor
seria migrar do DI para os fundos de renda fixa. Apesar da
pressão causada pela turbulência, o cenário segue sendo de juros para baixo no futuro", diz.
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