São Paulo, segunda-feira, 13 de agosto de 2007

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Turbulência eleva atratividade de fundos DI

Categoria, líder em saques no acumulado do ano, passou a ser destaque de captação de recursos nas últimas semanas

Entre os dias 24 de julho e 8 de agosto, fundos DI tiveram captação acima de R$ 900 mi; para analistas, movimento é reflexo da crise atual

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A turbulência que tem sacudido o mercado financeiro nas últimas três semanas deu novo alento aos fundos DI. Categoria de investimento líder em saques no ano, os fundos DI viram sua rentabilidade crescer no período dessa recente crise e acabaram por atrair novos recursos para suas carteiras.
Um dos reflexos da turbulência internacional foi a elevação dos juros futuros brasileiros. Como as carteiras dos DI carregam muitos papéis pós-fixados, a rentabilidade oferecida cresceu nas últimas semanas. Os títulos pós-fixados acompanham a oscilação de índices e taxas -como os juros futuros- para definir o retorno que os investidores receberão.
Entre os dias 24 de julho e 8 de agosto, os fundos DI registraram captação líquida positiva (a diferença entre os recursos sacados e depositados) de R$ 906,1 milhões, perdendo apenas para os fundos de ações, que captaram R$ 1,6 bilhão.
Antes das recentes turbulências, os juros futuros estavam em queda, o que vinha diminuindo a atratividade dos fundos DI. Tanto que a categoria vinha sofrendo pesados saques nos últimos meses, o que fez com que sua captação anual ficasse negativa em R$ 13,32 bilhões -o segmento que mais perdeu recursos no ano.
Nesse período de crise, os DI aparecem como destaque de rentabilidade, que ficou acumulada em 0,484%. Apenas os fundos cambiais, que acompanham a oscilação do dólar, tiveram retorno mais elevado no período, de 2,322%. Os dados são do site Fortuna.
"Os fundos DI estão performando melhor nesse momento. Mas entendo que a turbulência é passageira e, quando se estabilizar, tudo deve voltar ao normal, com os fundos DI perdendo a atual atratividade", afirma Marco Franklin, sócio da Paraty Investimentos.
O mercado financeiro global passou a sofrer oscilações mais pesadas e constantes a partir do dia 24 de julho. O epicentro dos solavancos, que ainda não encontraram seu fim, se originou na crise de solvência vivida no segmento de crédito habitacional americano de maior risco, chamado de "subprime".
Na semana passada, a notícia de que o banco francês BNP Paribas proibiu saques em alguns de seus fundos na Europa, que tinham investimento nesse segmento do mercado americano, elevou o temor dos investidores em relação ao potencial de contágio da crise do setor imobiliário dos EUA no sistema financeiro mundial.
O reflexo imediato foram as quedas observadas nas Bolsas pelo mundo. No Brasil, além de a Bovespa amargar perdas, houve elevação na cotação do dólar e nos juros futuros.
Na BM&F, a taxa projetada no contrato DI (que espelha os juros futuros) mais negociado, que vence daqui a 30 meses, saltou de 10,76% no dia 23 de julho para 11,37% na sexta passada. Dessa forma, as taxas pagas pelos fundos DI subiram.
Sobre a maior rentabilidade e a captação mais forte dos fundos DI, Alexandre Horstmann, diretor de gestão da Meta Asset Management, diz que "é uma fotografia do curto prazo". "Entendo que nessa hora o melhor seria migrar do DI para os fundos de renda fixa. Apesar da pressão causada pela turbulência, o cenário segue sendo de juros para baixo no futuro", diz.


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