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Governo tira de leilão áreas perto do pré-sal
Decisão amplia ainda mais as regiões de exploração excluídas, apesar da oposição de empresas do setor petroleiro
Modelo exploratório segue indefinido; Petrobras, que é contra a criação de nova estatal, propõe participação maior do governo na empresa
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo decidiu que retomará os leilões de concessões
de exploração de petróleo só
nas áreas localizadas em terra e
em águas rasas. Além de toda a
camada pré-sal, o governo decidiu deixar de fora dos novos leilões as áreas próximas, chamadas de franjas desses campos.
Ou seja, toda a região em volta do pré-sal não será leiloada
até que sejam definidas as novas regras de exploração de petróleo no país, que ontem voltaram a ser discutidas pelo governo no Palácio do Planalto.
A decisão foi tomada na reunião da comissão formada pelo
presidente Lula para debater a
exploração dos megacampos de
óleo leve descobertos na camada de pré-sal. É presidida pela
ministra Dilma Rousseff (Casa
Civil) e coordenada pelo ministro Edison Lobão (Minas e
Energia). Segundo a Folha
apurou, o Ministério de Minas
e Energia vai propor no dia 22
de agosto ao CNPE (Conselho
Nacional de Política Energética) a retomada das rodadas de
leilões de concessões, mas só
em terra e em águas rasas.
Aprovada a proposta do ministério pelo CNPE, a ANP
(Agência Nacional de Petróleo)
soltará edital convocando a
próxima rodada, que deve
ocorrer ainda neste ano, como
querem empresários do setor.
Esses leilões serão realizados
nas regras atuais, na qual a empresa que ganha o leilão fica
com todo o petróleo encontrado na área ofertada, pagando
impostos (participação especial e royalties) pelo óleo para
União, Estados e municípios.
No ano passado, o governo
retirou da última rodada de leilão de concessões todos os lotes referentes a áreas da camada de pré-sal. A decisão foi adotada depois das evidências de
que se trata de um megacampo
de óleo leve, mais lucrativo, e
com baixo risco de exploração.
Desde então, o governo decidiu reformular a legislação para os megacampos do pré-sal,
que já tem algumas áreas leiloadas, a maior parte com a Petrobras como sócia majoritária.
A comissão tem um prazo de
60 dias para apresentar uma
sugestão de modelo a ser adotado no Brasil. Por enquanto,
no governo, só há consenso de
que não se deve entregar à Petrobras todos os campos de
pré-sal ainda não leiloados, como revelou a Folha domingo.
O Planalto quer evitar transformar a estatal numa empresa
poderosa demais, um "Estado
dentro do Estado", o que, para
ministros, poderia representar
riscos no futuro já que a empresa tem participação elevada
de capital privado.
A direção da Petrobras tem
defendido que o governo federal aumente o capital da empresa para subir sua participação acionária dos cerca de 40%
para algo na casa dos 80%, que
não agrada ao Planalto.
Segundo relato de ministros
à Folha, não há, porém, nenhuma posição fechada sobre o
melhor modelo, apesar de vários integrantes da comissão
elogiarem o da Noruega, onde
foi criada uma nova estatal só
para gerir a riqueza do petróleo. A criação dessa empresa é
criticada pelo setor, que defende a manutenção das regras
atuais com leilões de concessão, ficando as ganhadoras com
todo o petróleo explorado. Em
contrapartida, a chamada "participação especial" paga pelas
petroleiras ao setor público subiria dos atuais 40% para 80%.
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